Ao se abrir a janela para dar uma olhada no que está acontecendo mundo afora, vê-se o seguinte cenário:
A China acaba de cortar os juros, pela primeira vez desde 2008. A justificativa deles é a mesma de qualquer governo: se a economia esfria, corta-se os juros para baratear o custo do dinheiro.
O Presidente do Banco Central dos Estados Unidos (Fed) acaba de dizer que a economia americana fica como está, ou seja, “em recuperação moderada”. Traduzindo: andando de lado.
A Espanha leva mais uma bordoada com o rebaixamento da sua avaliação de risco feita pela agência Fitch. O anúncio veio com maus presságios, já que a Fitch adicionou a temida “perspectiva negativa” ao rebaixamento, avisando que a nota do país pode cair ainda mais.
Aqui no Brasil a coisa não está tão feia assim, mas a percepção de que a crise atual pode nos atingir com mais força ganha mais adeptos.
O mais novo nessa lista é o Banco Central. Na ata da reunião do Copom, com as justificativas da redução para 8,5% no encontro da semana passada, não há mais a frase que indicava a intensidade da crise em comparação com o abalo de 2008.
Até a ata anterior, o BC dizia que a crise financeira atual teria um impacto de até 25% do que aconteceu há quatro anos. Para lembrar, a quebradeira dos bancos americanos nos custou um tombo na economia e uma forte alta da inflação.
Para tentar manter a condução da expectativas sob (algum) controle, o BC avisou que vai seguir baixando os juros “com parcimônia”. O recado serve para acalmar os ânimos de quem começou a acreditar que os cortes poderiam ser mais fortes daqui para frente. Essa expectativa ganhou força por causa do resultado frustrante do PIB brasileiro nos primeiros meses do ano.
Pelas análises feitas por bancos e consultorias, já se espera uma redução de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, com a Selic chegando a inéditos 8% ao ano. Se o BC vai levar os juros para perto de 7%, vai depender de como a inflação vai reagir a todo esse cenário. Qualquer decisão, a partir de agora, será feita levando em conta a inflação de 2013, já que a política monetária tem uma defasagem de até nove meses para causar efeitos reais na economia. Por enquanto, as projeções indicam um IPCA de 5,6% em 2013, portanto acima da meta de 4,5%.
O italiano Nicolau Maquiavel, em seu famoso tratado de governança “O Príncipe”, destacava a relação entre a generosidade e a parcimônia para manter-se o poder absoluto. O pensador, considerado ácido e calculista, dizia que para ser generoso, o príncipe deve ser parcimonioso para ganhar a confiança de “seu povo”. Guardadas as devidas proporções, o equilíbrio entre essas duas “forças” é mais do que válido para os dias de hoje.
Fonte: G1
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