Na mitologia romana, Fortuna era a deusa da sorte. Geralmente, era representada com a visão tapada, como a Justiça, porque ela manifestava seus propósitos aleatoriamente. Para o italiano Nicolau Maquiavel, o pensador florentino que fundou a ciência política moderna, no século XVI, a Fortuna era um dos requisitos para o príncipe conservar o poder. O príncipe deveria ter “virtù” – conceito que resume as qualidades necessárias para exercer o poder –, mas também contar com a “fortuna”, entendida como as circunstâncias que não podem ser determinadas e controladas. O sul-africano William Kentridge, de 57 anos, um dos mais importantes artistas contemporâneos, elegeu a Fortuna como um dos princípios de sua obra. Ele não a define como um mero lance fortuito da sorte. Para Kentridge, a obra de arte é resultado de “algo diferente do frio acaso estatístico, mas também de algo fora do controle racional”. Segundo ele, as imagens estão permanentemente em construção e são produtos de um jogo em que, ao mesmo tempo, não há nem um plano nem o acaso – e isso constitui a tal Fortuna.
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