Vinício Carrilho Martinez (Dr.)
Completamos, em 2013, quinhentos anos da publicação do livro O Príncipe, do pensador e diplomata florentino Nicolau Maquiavel.
Em cinco séculos, Maquiavel foi descrito como amante da paz e da harmonia ou como patriota apaixonado. Do mesmo modo há a análise de um Maquiavel frio e calculista, um engenheiro do poder ou tecnocrata político, mas ainda poderia simplesmente ter enveredado pelo irreal ou, então, ser um grande visionário. Ainda assim seria um grande espelho de sua época para descrever os eventos políticos como outros não teriam sido capazes: um observador do cotidiano, um cronista do empirismo, da prática política.
Maquiavel seria um homem voltado à razão, a uma prática do poder que suportasse o Estado Moderno nascente. Em suma, o maior teórico da Razão de Estado: “Para Fichte ele é um homem com profundo insight pelas reais forças histórias (ou supra-históricas) que moldam os homens e transformam sua moralidade — em particular, um homem que rejeitava os princípios cristãos em favor dos da razão, da unidade política e da centralização” (Berlin, 2003, p. 22).
Por isso, não deixa de soar estranha a opinião de que Maquiavel só falasse dos homens de seu tempo, e mais, só para os italianos. Ao contrário, mais parece que queria indicar as bases permanentes da Ciência Política. De outro modo, poderia ser definido como um obcecado pelo passado remoto, pelos clássicos, com o que seu método de análise estaria fora de curso. Para Bacon, entretanto, foi um iluminador da realidade, sem fantasias ou dever-ser — o pai daStaatsräson: Razão de Estado
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