quinta-feira, 26 de novembro de 2009

“MAQUIAVÉLICO” VERSUS “MAQUIAVELIANO” NA LÍNGUA E NOS DICIONÁRIOS MONOLÍNGÜES BRASILEIROS

Resumo:
Se bem que se estejam multiplicando no Brasil as releituras da obra de Maquiavel isentas de antigos preconceitos, e a palavra “maquiaveliano” se encontre, há umas décadas, atestada com um específico significado denotativo – análogo àquele com que, em geral, encontra-se “machia-velliano” na língua e nos dicionários de italiano –, contudo, é somente como mero sinônimo de “maquiavélico” que a palavra, há pouco, começou a aparecer registrada por uns dicionários monolíngües brasileiros. Pelo contrário, o multiplicar-se das atestações do adjetivo “maquiaveliano”, usado na acepção denotativa também como antídoto semântico-cultural, impõe uma redefinição de toda a família de palavras derivada do nome próprio ‘Maquiavel’ por parte dos dicionários monolíngües. Ou seja, por parte das obras que, por definição, deveriam representar, na sua inteireza e especificidade, o atual perfil da língua e da cultura do Brasil.

De Sandra Bagno Universidade de Pádua – Itália


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2 comentários:

Ricardo disse...

Amigo Roberson Marcquiavel:
Sem querer ser um "revisionista" do vocabulário nacional, penso que algumas palavras deveriam ter seu sentido submetido a uma "desideologização" (isso existe? Rsss). "Maquiavélico" (e suas congêneres) é um caso. Outros dois, penso, são "maniqueísta" e "ateu".
O sujeito maniqueísta é sempre aquele "manipulador", com um sentido ruim. Mas, a bem da verdade, o maniqueísta é alguém que entende que há duas forças antagônicas, de igual potência, regendo os acontecimentos. Se eu tivesse que acreditar em deuses, seria maniqueísta. Afinal, a realidade me mostra muito mais um confronto entre bem e mal constante do que um Bem Supremo que deixa ocorrer pequenas maldades pontuais.
Outro caso é "ateu", que, mesmo dizendo respeito a um sujeito que creia em alguma divindade, impõe que ele não acredita no Deus judaico-cristão, já ideologicamente tomado como único.
Mas, como o assunto do blog é Maquiavel... voltemos a ele.
Abração.

Roberson Marcomini disse...

Adorei o Marcquiavel rsrs foi muito inteligente...
Ricardo também não sei se existe a palavra "desideologização", mas é um palavrão e tanto rsr...
Creio que estas duas palavras "ateu" e "maniqueista" encontram-se muito em nosso vocabulário filosófico, lembro-me que Agostinho foi o maior propagador desta palavra maniqueista, alguns escritores dizem que sua obra tem alguns pontos maniqueista. Afinal a Igreja se aproveitou bem destas teoria na época medieval. Creio que a palavra "ateu" é a mais condicionada ao erro, porque o que tem de gente falando que ateu é quem não acredita em deus é muito forte. Lembro-me de uma aula onde o meu professor interrogou sobre a palavra ateu e falou de Platão que era considerado ateu pelos atenienses, ateu é aquele que não presta culto a nenhuma divindade foi esta a visão de Platão e que hoje pouco entendida.

Abração Ricardo!