A Telefónica parqueou 8% da PT em dois aliados. Era este o título com que o espanhol "El Economista" ontem citava a informação do Negócios, deixando claro do que se trata: os "cavaleiros brancos" estão na arena. Uma jogada baixa da Telefónica? Ou magistral?
A Telefónica parqueou 8% da PT em dois aliados. Era este o título com que o espanhol "El Economista" ontem citava a informação do Negócios, deixando claro do que se trata: os "cavaleiros brancos" estão na arena. Uma jogada baixa da Telefónica? Ou magistral?
Com água suja se está a pôr tudo em pratos limpos. Os espanhóis acusam o presidente da assembleia-geral de estar feito com o núcleo duro da PT, rejeitando-lhes as propostas de dividendos (o diário "Expansión" chamou Menezes Cordeiro de "árbitro caseiro"). Os portugueses acusam a Telefónica de fazer de conta que vende as acções que não pode usar a quem votará como ela mandar.
A PT e a Telefónica nunca se encontraram sem pistola no coldre. Assim viveram treze anos, nove dos quais fazendo negócios impossivelmente paritários no Brasil. A uma semana da assembleia--geral onde os accionistas vão decidir o que fazer à Vivo, a guerra é total. Os soldados já atiraram morteiros, já saíram das trincheiras, já partiram as baionetas e já estão aos murros no corpo a corpo.
É guerra. E na guerra só há vencedores e vencidos, não há justos e injustos. Os livros de História nunca têm asteriscos que falem de ética. Como friamente diz Nicolau Maquiavel, os fins justificam os meios.
Já vamos à ética. Analisemos primeiro o dia de ontem: ninguém estava à espera desta. Supunha-se que a Telefónica não poderia usar as suas acções na assembleia-geral da PT, donde a votação seria decidida pela maioria dos votos presentes, excluindo os da Telefónica. Ao vender à sua assessora UBS e ao "hedge fund" TPG, essas acções entram na votação.
É a terceira punhalada pelas costas da Telefónica neste processo: primeiro, quando entrou pela via hostil sem tentar primeiro a via amigável com um parceiro (Granadeiro deixou claro ao "Público" que não houve aproximação prévia); depois, quando ameaçou secar dividendos na Vivo; agora, usando "cavaleiros brancos". A Telefónica aprendeu a lição da bandidagem: quando perdeu a GVT para a Vivendi, acusou os franceses das maiores perfídias. Debalde. Agora, contratou-lhes os assessores que mal fizeram.
Vale tudo, até arrancar olhos. Ser defensor dos mercados não é aceitá-los amorais. Mas é perceber que a ética é um chavão. Por exemplo: se a Telefónica subir a sua oferta pela Vivo, terá então utilizado informação privilegiada na venda de ontem? A ética republicana é a lei, diz-se. Mas até na guerra há crimes. O tribunal de Haia é, neste caso, a CMVM primeiro e o presidente da assembleia--geral depois. Eles decidirão se o que a Telefónica fez é legal. Se o recurso a cavaleiros brancos é uma fraude à lei. Ou se as regras do jogo são estas. Nesse caso, a balança pendeu para a venda.
A batalha terá lugar dia 30. Aos accionistas que não querem vender, resta esperar que o "quorum" seja baixo, para que os seus soldados não sejam menos que os dos outros. Os que esfregavam as mãos à espera de um aumento da oferta vão ter de inventar qualquer coisa. Limpa ou suja.
Ética? Bah! Como os gestores costumam dizer, o que interessa é execução. E a Telefónica está a executar - vede bem a execução da PT no pelotão dos mercados onde sempre prosperou.
Fonte:Jornaldenegocios
A Telefónica parqueou 8% da PT em dois aliados. Era este o título com que o espanhol "El Economista" ontem citava a informação do Negócios, deixando claro do que se trata: os "cavaleiros brancos" estão na arena. Uma jogada baixa da Telefónica? Ou magistral?
Com água suja se está a pôr tudo em pratos limpos. Os espanhóis acusam o presidente da assembleia-geral de estar feito com o núcleo duro da PT, rejeitando-lhes as propostas de dividendos (o diário "Expansión" chamou Menezes Cordeiro de "árbitro caseiro"). Os portugueses acusam a Telefónica de fazer de conta que vende as acções que não pode usar a quem votará como ela mandar.
A PT e a Telefónica nunca se encontraram sem pistola no coldre. Assim viveram treze anos, nove dos quais fazendo negócios impossivelmente paritários no Brasil. A uma semana da assembleia--geral onde os accionistas vão decidir o que fazer à Vivo, a guerra é total. Os soldados já atiraram morteiros, já saíram das trincheiras, já partiram as baionetas e já estão aos murros no corpo a corpo.
É guerra. E na guerra só há vencedores e vencidos, não há justos e injustos. Os livros de História nunca têm asteriscos que falem de ética. Como friamente diz Nicolau Maquiavel, os fins justificam os meios.
Já vamos à ética. Analisemos primeiro o dia de ontem: ninguém estava à espera desta. Supunha-se que a Telefónica não poderia usar as suas acções na assembleia-geral da PT, donde a votação seria decidida pela maioria dos votos presentes, excluindo os da Telefónica. Ao vender à sua assessora UBS e ao "hedge fund" TPG, essas acções entram na votação.
É a terceira punhalada pelas costas da Telefónica neste processo: primeiro, quando entrou pela via hostil sem tentar primeiro a via amigável com um parceiro (Granadeiro deixou claro ao "Público" que não houve aproximação prévia); depois, quando ameaçou secar dividendos na Vivo; agora, usando "cavaleiros brancos". A Telefónica aprendeu a lição da bandidagem: quando perdeu a GVT para a Vivendi, acusou os franceses das maiores perfídias. Debalde. Agora, contratou-lhes os assessores que mal fizeram.
Vale tudo, até arrancar olhos. Ser defensor dos mercados não é aceitá-los amorais. Mas é perceber que a ética é um chavão. Por exemplo: se a Telefónica subir a sua oferta pela Vivo, terá então utilizado informação privilegiada na venda de ontem? A ética republicana é a lei, diz-se. Mas até na guerra há crimes. O tribunal de Haia é, neste caso, a CMVM primeiro e o presidente da assembleia--geral depois. Eles decidirão se o que a Telefónica fez é legal. Se o recurso a cavaleiros brancos é uma fraude à lei. Ou se as regras do jogo são estas. Nesse caso, a balança pendeu para a venda.
A batalha terá lugar dia 30. Aos accionistas que não querem vender, resta esperar que o "quorum" seja baixo, para que os seus soldados não sejam menos que os dos outros. Os que esfregavam as mãos à espera de um aumento da oferta vão ter de inventar qualquer coisa. Limpa ou suja.
Ética? Bah! Como os gestores costumam dizer, o que interessa é execução. E a Telefónica está a executar - vede bem a execução da PT no pelotão dos mercados onde sempre prosperou.
Fonte:Jornaldenegocios
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