É irresistível ler (ou reler) "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel (1469-1527), e não relacionar fatos do cotidiano da política com a obra iniciada pelo florentino em por volta de 1513.
A influência renascentista e as guerras entre Estados de uma Europa em formação são fatos usados como o plano de fundo desse guia das relações entre poderosos e governados. Astúcia, ambição, crueldade e virtude são analisadas sob o prisma de quem está e deseja ficar no comando.
Tome-se o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista conduz muitas de suas ações conforme recomendaria o antigo escritor. Não há em "O Príncipe" nada similar, ou que remeta ao Bolsa Família. Mas o maior programa social do nosso atual presidente, certamente se encaixa na categoria clássica de benemerências recomendadas por Maquiavel:
"Os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam mais bem saboreados". O Bolsa Família é assim: atinge todos os meses a 12,5 milhões de pessoas.
Houve também um certo lulo-maquiavelismo no início do governo petista (2003). Manteve-se a taxa de juros nas alturas. Deu-se preferência à estabilidade da economia em detrimento do crescimento do país.
Como está recomendado em "O Príncipe", o mal foi feito de uma vez: "A crueldade bem empregada - se é lícito falar bem do mal - é aquela que se faz de uma só vez, por necessidade de segurança".
O livro acaba de ser relançado pela Cia. das Letras. Chega com tradução atualizada assinada por Maurício Santana Dias. O prefácio é de Fernando Henrique Cardoso. E a nova edição do livro está sendo avaliada como ótima.
Há também a introdução de Anthony Grafton, professor de história europeia, com fartas notas de rodapé, cronologia e um glossário. FHC retoma no livro um de seus debates prediletos: a diferença entre a ética da responsabilidade (do político) e a ética do cidadão comum.
O governante não pode "cingir-se a respeitar valores absolutos", escreve ele. Por essa lógica, um político fracassará se assumir o Planalto recusando-se a conversar com a escória que muitas vezes transborda do Congresso. FHC e Lula aprenderam a enfrentar essa vicissitude da política.
É uma boa coincidência o relançamento de "O Príncipe" agora, a pouco mais de dois meses para a eleição. Bastante útil para políticos, a obra de Maquiavel também serve à perfeição como guia para eleitores interessados em interpretar o comportamento desses poderosos do Brasil.
Fonte:diariodovale
A influência renascentista e as guerras entre Estados de uma Europa em formação são fatos usados como o plano de fundo desse guia das relações entre poderosos e governados. Astúcia, ambição, crueldade e virtude são analisadas sob o prisma de quem está e deseja ficar no comando.
Tome-se o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista conduz muitas de suas ações conforme recomendaria o antigo escritor. Não há em "O Príncipe" nada similar, ou que remeta ao Bolsa Família. Mas o maior programa social do nosso atual presidente, certamente se encaixa na categoria clássica de benemerências recomendadas por Maquiavel:
"Os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam mais bem saboreados". O Bolsa Família é assim: atinge todos os meses a 12,5 milhões de pessoas.
Houve também um certo lulo-maquiavelismo no início do governo petista (2003). Manteve-se a taxa de juros nas alturas. Deu-se preferência à estabilidade da economia em detrimento do crescimento do país.
Como está recomendado em "O Príncipe", o mal foi feito de uma vez: "A crueldade bem empregada - se é lícito falar bem do mal - é aquela que se faz de uma só vez, por necessidade de segurança".
O livro acaba de ser relançado pela Cia. das Letras. Chega com tradução atualizada assinada por Maurício Santana Dias. O prefácio é de Fernando Henrique Cardoso. E a nova edição do livro está sendo avaliada como ótima.
Há também a introdução de Anthony Grafton, professor de história europeia, com fartas notas de rodapé, cronologia e um glossário. FHC retoma no livro um de seus debates prediletos: a diferença entre a ética da responsabilidade (do político) e a ética do cidadão comum.
O governante não pode "cingir-se a respeitar valores absolutos", escreve ele. Por essa lógica, um político fracassará se assumir o Planalto recusando-se a conversar com a escória que muitas vezes transborda do Congresso. FHC e Lula aprenderam a enfrentar essa vicissitude da política.
É uma boa coincidência o relançamento de "O Príncipe" agora, a pouco mais de dois meses para a eleição. Bastante útil para políticos, a obra de Maquiavel também serve à perfeição como guia para eleitores interessados em interpretar o comportamento desses poderosos do Brasil.
Fonte:diariodovale
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