INTRODUÇÃO
A proposta deste artigo é expor e analisar Maquiavel e seus pensamentos que por mais de quatrocentos anos vem sendo discutidos, por muitos odiado e por outros nem tanto.
Nicolau Maquiavel nasceu em 3 de maio de 1469 e morreu em 21 de julho de 1527 em Florença, numa Itália Renascentista, o que pode explicar muito sobre os seus pensamentos. Na Itália Renascentista daquela época vigorava a tirania em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis, com essa ilegítimidade de poder gera situações de crise e instabilidade permanente, onde só os cálculos políticos, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários puderam manter os governantes. E como o poder é fundamentalmente baseado na força é mais do que natural que seja pela força que os principados passassem de mão em mão, e com a ausência de um Estado centralizador aliado à uma multi polarização do poder se cria um imenso vazio o que faz imperar os mais fortes interesses individuais, sendo assim nenhum governante pôde ficar mais de dois meses no poder. Maquiavel exerceu grande influencia na política florentina, primeiro sendo funcionário público e depois vindo a se tornar chanceler da segunda chancelaria de Florença e mais tarde com diversas funções diplomáticas entre Florença, a França e outros principados, mesmo sendo condenado e exilado algumas vezes por diversos anos. E foi em um desse exílios que ele escreve O Príncipe , sua mais celebre obra. É uma obra muito polêmica e bastante contestada, pois em forma de um manual ele descreve a maneira de como um Príncipe deve agir, essa obra foi escrita em 1513 intitulada Dos Principados e direcionada à Giuliano De Médicci, foi publicada e intitulada "O Príncipe" em 1532.
Durante anos Maquiavel vem sendo estudado, por muito tempo vem sendo criticado, seu nome virou até sinônimo de safadeza, de atitudes anti éticas, mas à um grupo que defende Maquiavel, defendendo assim a má interpretação do que ele tenha escrito, tendo sua obra principal O Príncipe. E é isso que pretendo discutir aqui.
Maquiavel foi historiador, político, poeta e diplomata, sua principal obra foi O Príncipe, obra, a qual percorre o mundo a fora por vários séculos acarretando uma legião de fãs e ou condenadores de Maquiavel, sendo que ambos direta ou indiretamente sempre se tornando seguidores.
A tão famosa ética maquiavélica sustenta algumas máximas, como; "os fins justificam os meios", "Não se pode chamar de 'valor' assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória", "Homens ofendem por medo ou por ódio", "Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso", "pois o homem que queira professar bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons".
Os pontos a serem tratado neste artigo serão: a ética maquiavélica e seus fundamentos; as críticas e os elogios. No ponto "a ética maquiavélica" tratarei dos pontos de vista descritos em " O Príncipe", suas máximas e seus contextos; no ponto "as criticas" tratarei das críticas dirigidas aos ensinamentos de Maquiavel em "O Príncipe" e no ponto "elogios" tratarei dos bons comentários a seu respeito.
A ética maquiavélica
A ética maquiavélica é tratada como uma ética dos e para os tiranos, uma ética astuta e cruel. Em "O Príncipe" ele retrata a forma de poder e como um príncipe deveria agir para se manter no poder, sendo astuto, cruel, calculista, frio e sem escrúpulos. Também retrata a busca de fortuna e poder a qualquer custo. Segundo Maquiavel, a sociedade pensa que um governante deve ser um modelo de pessoa, gentil, religioso, simpático, entre outras qualidades. Mas defende que na verdade um governante deve ser avarento e cruel, pois assim o povo o respeitara. Diz que um governante não deve se fazer odiado e deve fazer as coisas que possam vir a fazer ser odiado no silencio e sempre negar te-las feito. E uma vez que o governante deve sempre procurar não ser odiado, também deve procurar ser temido, sendo sempre severo. Maquiavel prega também que todos governantes devem ser dissimulados, porém não devem deixar passar esta imagem. Como já foi dito, anteriormente, Maquiavel escreveu um manual em forma de livro e com dedicatória à um príncipe, onde ele relata a sua visão e qual deveria ser o modelo a ser seguido.
"Aí penetro tão profundamente quanto posso nos pensamentos acerca do tema: debato a natureza dos senhorios, quais as suas variedades, como podem ser adquiridos, mantidos e perdidos. E se alguns desejos meus alguma vez te agradaram, este não te desagradará. O livro deveria ser bem recebido por um príncipe, e especialmente por um príncipe de recente criação, pelo que dedicarei a obra a Sua Alteza Giuliano (de Médici)".(Maquiavel, 1998)
Direto, sem meias palavras e dizendo em pequenas frases como acha que deve se portar grandes Príncipes autênticos e conquistadores, ou seja, sem moral. "Maquiavel afirma que todo o julgamento moral deve ser secundário na conquista, consolidação e manutenção do poder. (VOEGELIN, 1996, P.1)" E faz com que sua esperança se torne sua fé, uma fé voltada aos sentidos da fortuna. "Ao estabelecer diversos sentidos da fortuna, Maquiavel transita da esfera da observação realista para a esfera da fé. A sua esperança é a substancia da fé, onde a ordinata virtú deve prevalecer. (VOEGELIN, 1996, P.1)"
As Críticas à Maquiavel
Ainda há um número grande pessoas que criticam Maquiavel e tomam seu nome como modelo de tirania e maldade. Alguns o tratam como demoníaco, historiadores descrevem-no como baixo e astuto, além de por em Maquiavel a culpa de tudo o que acontece na política contemporânea. "Mas a pá de cal, a difamação definitiva da política - tornando-a quase maldita - ocorreu no Renascimento com Maquiavel. Ninguém até então a descrevera de uma forma tão ordinária e baixa como o florentino o fez.(SCHILLING, 2003, P. 1)" Enfim, muitos tratam Maquiavel como o mentor de nossos políticos atuais, sendo mentiroso, defendendo interesses próprios, fazendo de tudo para chegar ao seu objetivo. É comum ouvir termos como maquiavélico ou que alguém está agindo maquiavelicamente, obviamente referindo-se a atitudes mesquinhas e anti éticas.
Maquiavel foi acusado de querer algum cargo, ou melhor retomar seu cargo de chanceler da Segunda Chancelaria de Florença com a dedicatória à Giuliano de Médici, algo que nunca aconteceu. Morreu sozinho e tido como louco, além de julgado uma pessoa mal-caráter e defensor de tiranos.
Seus maiores inquisidores foram as Igrejas Protestantes, motivadas pela ética cristã de Martinho Lutero, uma ética pura e justa, completamente o oposto do que Maquiavel pregava. E é bem sabido que seus conceitos são seguidos a risca, principalmente por pessoas e lideres que o julgam ou sempre julgaram como interesseiro e defensor da tirania.
Elogios a Maquiavel
De alguns anos para cá, alguns historiadores analisando a obra e o meio onde Maquiavel nasceu e desenvolveu suas funções, assim como sua profissão e seus interesses, não como político, mas como historiador perceberam e definiram um outro Maquiavel. Um Maquiavel interessado por política e história, também um filosofo, que ao amadurecer de sua vida e exilado em um pequeno povoado decide escrever um manual, fruto de pesquisas e analises de fatos ocorridos e da situação daquela Itália, direcionada a um dos principais integrantes da família Médici. "obra de circunstância que tratou de distrair seu autor do tédio e do desespero durante algum tempo; uma obra sobre a qual não depositou muito, pela qual não esperava louros, e que se tornou por ironia do destino a mais famosa de suas composições: "O Príncipe", de Maquiavel. (SILVA, 2003, P.1)".
É levada em consideração a Itália Renascentista, e seus diversos governantes, onde sempre quem levava a melhor era quem detinha mais força e mais dinheiro, uma Itália de interesses pessoais, e Maquiavel como bom político aprendeu sabiamente sobreviver naquela selva.
"Maquiavel vivia em uma época brutal e daí a crueza de seus conselhos; naturalmente, ouviríamos, os homens de sua época não erguiam títulos de eleitores e sim espadas. A imputação "o fim justifica os meios" só se justificaria para Maquiavel em se tratando de falarmos das "altas finalidades de Estado." (SILVA, 2003, P. 1)"
Alias, outro fator realmente importante é o de explicitar que Maquiavel, além de político, nunca foi um cientista político e sim um historiador, "e é bom lembrar que Maquiavel foi sobretudo historiador e não propriamente filósofo político (LOPES, 2005, P. 1)", fato que nunca foi levado em consideração pela Igreja Protestante, uma das principais inquisidoras de Maquiavel, e por nenhum de seus críticos. Este fato muda um pouco a direção da história, pois como historiador ele não esteve em si pregando algo, mas sim, mostrando fatos que deram sucesso e fatores que levaram governantes ao fracasso.
Conclusão
Foi visto neste artigo uma analise da ética maquiavélica, alguns fatores contra e outros favoráveis, não em si ao pensamento, mas a pessoa. Concluímos que Maquiavel foi historiador, político, diplomata e escritor. Escreveu diversas obras, mas a principal foi "O Príncipe",o qual não teve como intenção pública-la, mas presentear um dos maiores governantes florences da época com um manual, mostrando a maneira correta de como um governante deveria ser para não ser derrubado e legitimar o seu governo, com bases históricas. Por muitos anos, por que não dizer, séculos, Maquiavel foi julgado como oportunista demoníaco da tirania, defensor da maldade, de tiranos, da mentira, da traição e da guerra. Mas por outro lado alguns estudos mais recentes e feitos por historiadores menos tendenciosos à pré julgar, mostram um outro Maquiavel, um homem moldado a maneira da Itália Renascentista, um homem que aprendeu a ser político e interessado por história traçou pontos dos quais trouxeram fortuna ou fracasso, glória ou derrota, desde tempos da Roma Antiga e outros grandes impérios até a atual Itália. Uma Itália que não tinha um governo central e sim vários pequenos principados que viviam em guerra. Viveu em um tempo onde o que dominava era a força aliada a fortuna defendendo interesse próprios. Serviu como diplomata Florence e também a serviço da França, aprendeu muito com os Médici e outros grandes lideres como os Papas.
Bibliografia
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 1532
LOPES, Marcos Antonio. Maquiavel Os Exemplos da História. Revista Espaço Acadêmico-No. 50-JULHO/2005
Disponível em www.espacoacademico.com.br
SILVA, Alessandro. Sem Título. Digestivo cultural. Sexta-feira 7/2/2003
Disponível em www.digestivocultural.com
SCHILING, Voltaire. Maquiavel e a maldição da política. Educação História por Voltaire Schiling política. 2003
Disponível em http://educaterra.terra.com.br
Fonte:Administradores.com
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