quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Maquiavel, sua vida e pensamentos

INTRODUÇÃO

A proposta deste artigo é expor e analisar Maquiavel e seus pensamentos que por mais de quatrocentos anos vem sendo discutidos, por muitos odiado e por outros nem tanto.



Nicolau Maquiavel nasceu em 3 de maio de 1469 e morreu em 21 de julho de 1527 em Florença, numa Itália Renascentista, o que pode explicar muito sobre os seus pensamentos. Na Itália Renascentista daquela época vigorava a tirania em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis, com essa ilegítimidade de poder gera situações de crise e instabilidade permanente, onde só os cálculos políticos, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários puderam manter os governantes. E como o poder é fundamentalmente baseado na força é mais do que natural que seja pela força que os principados passassem de mão em mão, e com a ausência de um Estado centralizador aliado à uma multi polarização do poder se cria um imenso vazio o que faz imperar os mais fortes interesses individuais, sendo assim nenhum governante pôde ficar mais de dois meses no poder. Maquiavel exerceu grande influencia na política florentina, primeiro sendo funcionário público e depois vindo a se tornar chanceler da segunda chancelaria de Florença e mais tarde com diversas funções diplomáticas entre Florença, a França e outros principados, mesmo sendo condenado e exilado algumas vezes por diversos anos. E foi em um desse exílios que ele escreve O Príncipe , sua mais celebre obra. É uma obra muito polêmica e bastante contestada, pois em forma de um manual ele descreve a maneira de como um Príncipe deve agir, essa obra foi escrita em 1513 intitulada Dos Principados e direcionada à Giuliano De Médicci, foi publicada e intitulada "O Príncipe" em 1532.



Durante anos Maquiavel vem sendo estudado, por muito tempo vem sendo criticado, seu nome virou até sinônimo de safadeza, de atitudes anti éticas, mas à um grupo que defende Maquiavel, defendendo assim a má interpretação do que ele tenha escrito, tendo sua obra principal O Príncipe. E é isso que pretendo discutir aqui.

Maquiavel foi historiador, político, poeta e diplomata, sua principal obra foi O Príncipe, obra, a qual percorre o mundo a fora por vários séculos acarretando uma legião de fãs e ou condenadores de Maquiavel, sendo que ambos direta ou indiretamente sempre se tornando seguidores.

A tão famosa ética maquiavélica sustenta algumas máximas, como; "os fins justificam os meios", "Não se pode chamar de 'valor' assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória", "Homens ofendem por medo ou por ódio", "Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso", "pois o homem que queira professar bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons".

Os pontos a serem tratado neste artigo serão: a ética maquiavélica e seus fundamentos; as críticas e os elogios. No ponto "a ética maquiavélica" tratarei dos pontos de vista descritos em " O Príncipe", suas máximas e seus contextos; no ponto "as criticas" tratarei das críticas dirigidas aos ensinamentos de Maquiavel em "O Príncipe" e no ponto "elogios" tratarei dos bons comentários a seu respeito.

A ética maquiavélica

A ética maquiavélica é tratada como uma ética dos e para os tiranos, uma ética astuta e cruel. Em "O Príncipe" ele retrata a forma de poder e como um príncipe deveria agir para se manter no poder, sendo astuto, cruel, calculista, frio e sem escrúpulos. Também retrata a busca de fortuna e poder a qualquer custo. Segundo Maquiavel, a sociedade pensa que um governante deve ser um modelo de pessoa, gentil, religioso, simpático, entre outras qualidades. Mas defende que na verdade um governante deve ser avarento e cruel, pois assim o povo o respeitara. Diz que um governante não deve se fazer odiado e deve fazer as coisas que possam vir a fazer ser odiado no silencio e sempre negar te-las feito. E uma vez que o governante deve sempre procurar não ser odiado, também deve procurar ser temido, sendo sempre severo. Maquiavel prega também que todos governantes devem ser dissimulados, porém não devem deixar passar esta imagem. Como já foi dito, anteriormente, Maquiavel escreveu um manual em forma de livro e com dedicatória à um príncipe, onde ele relata a sua visão e qual deveria ser o modelo a ser seguido.

"Aí penetro tão profundamente quanto posso nos pensamentos acerca do tema: debato a natureza dos senhorios, quais as suas variedades, como podem ser adquiridos, mantidos e perdidos. E se alguns desejos meus alguma vez te agradaram, este não te desagradará. O livro deveria ser bem recebido por um príncipe, e especialmente por um príncipe de recente criação, pelo que dedicarei a obra a Sua Alteza Giuliano (de Médici)".(Maquiavel, 1998)

Direto, sem meias palavras e dizendo em pequenas frases como acha que deve se portar grandes Príncipes autênticos e conquistadores, ou seja, sem moral. "Maquiavel afirma que todo o julgamento moral deve ser secundário na conquista, consolidação e manutenção do poder. (VOEGELIN, 1996, P.1)" E faz com que sua esperança se torne sua fé, uma fé voltada aos sentidos da fortuna. "Ao estabelecer diversos sentidos da fortuna, Maquiavel transita da esfera da observação realista para a esfera da fé. A sua esperança é a substancia da fé, onde a ordinata virtú deve prevalecer. (VOEGELIN, 1996, P.1)"

As Críticas à Maquiavel
Ainda há um número grande pessoas que criticam Maquiavel e tomam seu nome como modelo de tirania e maldade. Alguns o tratam como demoníaco, historiadores descrevem-no como baixo e astuto, além de por em Maquiavel a culpa de tudo o que acontece na política contemporânea. "Mas a pá de cal, a difamação definitiva da política - tornando-a quase maldita - ocorreu no Renascimento com Maquiavel. Ninguém até então a descrevera de uma forma tão ordinária e baixa como o florentino o fez.(SCHILLING, 2003, P. 1)" Enfim, muitos tratam Maquiavel como o mentor de nossos políticos atuais, sendo mentiroso, defendendo interesses próprios, fazendo de tudo para chegar ao seu objetivo. É comum ouvir termos como maquiavélico ou que alguém está agindo maquiavelicamente, obviamente referindo-se a atitudes mesquinhas e anti éticas.

Maquiavel foi acusado de querer algum cargo, ou melhor retomar seu cargo de chanceler da Segunda Chancelaria de Florença com a dedicatória à Giuliano de Médici, algo que nunca aconteceu. Morreu sozinho e tido como louco, além de julgado uma pessoa mal-caráter e defensor de tiranos.

Seus maiores inquisidores foram as Igrejas Protestantes, motivadas pela ética cristã de Martinho Lutero, uma ética pura e justa, completamente o oposto do que Maquiavel pregava. E é bem sabido que seus conceitos são seguidos a risca, principalmente por pessoas e lideres que o julgam ou sempre julgaram como interesseiro e defensor da tirania.

Elogios a Maquiavel
De alguns anos para cá, alguns historiadores analisando a obra e o meio onde Maquiavel nasceu e desenvolveu suas funções, assim como sua profissão e seus interesses, não como político, mas como historiador perceberam e definiram um outro Maquiavel. Um Maquiavel interessado por política e história, também um filosofo, que ao amadurecer de sua vida e exilado em um pequeno povoado decide escrever um manual, fruto de pesquisas e analises de fatos ocorridos e da situação daquela Itália, direcionada a um dos principais integrantes da família Médici. "obra de circunstância que tratou de distrair seu autor do tédio e do desespero durante algum tempo; uma obra sobre a qual não depositou muito, pela qual não esperava louros, e que se tornou por ironia do destino a mais famosa de suas composições: "O Príncipe", de Maquiavel. (SILVA, 2003, P.1)".

É levada em consideração a Itália Renascentista, e seus diversos governantes, onde sempre quem levava a melhor era quem detinha mais força e mais dinheiro, uma Itália de interesses pessoais, e Maquiavel como bom político aprendeu sabiamente sobreviver naquela selva.

"Maquiavel vivia em uma época brutal e daí a crueza de seus conselhos; naturalmente, ouviríamos, os homens de sua época não erguiam títulos de eleitores e sim espadas. A imputação "o fim justifica os meios" só se justificaria para Maquiavel em se tratando de falarmos das "altas finalidades de Estado." (SILVA, 2003, P. 1)"

Alias, outro fator realmente importante é o de explicitar que Maquiavel, além de político, nunca foi um cientista político e sim um historiador, "e é bom lembrar que Maquiavel foi sobretudo historiador e não propriamente filósofo político (LOPES, 2005, P. 1)", fato que nunca foi levado em consideração pela Igreja Protestante, uma das principais inquisidoras de Maquiavel, e por nenhum de seus críticos. Este fato muda um pouco a direção da história, pois como historiador ele não esteve em si pregando algo, mas sim, mostrando fatos que deram sucesso e fatores que levaram governantes ao fracasso.

Conclusão
Foi visto neste artigo uma analise da ética maquiavélica, alguns fatores contra e outros favoráveis, não em si ao pensamento, mas a pessoa. Concluímos que Maquiavel foi historiador, político, diplomata e escritor. Escreveu diversas obras, mas a principal foi "O Príncipe",o qual não teve como intenção pública-la, mas presentear um dos maiores governantes florences da época com um manual, mostrando a maneira correta de como um governante deveria ser para não ser derrubado e legitimar o seu governo, com bases históricas. Por muitos anos, por que não dizer, séculos, Maquiavel foi julgado como oportunista demoníaco da tirania, defensor da maldade, de tiranos, da mentira, da traição e da guerra. Mas por outro lado alguns estudos mais recentes e feitos por historiadores menos tendenciosos à pré julgar, mostram um outro Maquiavel, um homem moldado a maneira da Itália Renascentista, um homem que aprendeu a ser político e interessado por história traçou pontos dos quais trouxeram fortuna ou fracasso, glória ou derrota, desde tempos da Roma Antiga e outros grandes impérios até a atual Itália. Uma Itália que não tinha um governo central e sim vários pequenos principados que viviam em guerra. Viveu em um tempo onde o que dominava era a força aliada a fortuna defendendo interesse próprios. Serviu como diplomata Florence e também a serviço da França, aprendeu muito com os Médici e outros grandes lideres como os Papas.

Bibliografia

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 1532
LOPES, Marcos Antonio. Maquiavel Os Exemplos da História. Revista Espaço Acadêmico-No. 50-JULHO/2005
Disponível em www.espacoacademico.com.br
SILVA, Alessandro. Sem Título. Digestivo cultural. Sexta-feira 7/2/2003
Disponível em www.digestivocultural.com
SCHILING, Voltaire. Maquiavel e a maldição da política. Educação História por Voltaire Schiling política. 2003
Disponível em http://educaterra.terra.com.br

Fonte:Administradores.com

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Política e novos políticos

Nenhuma profissão é mais nobre do que a política, porque quem a exerce assume responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. A atividade política só se justifica se o político tiver espírito republicano, ou seja, se suas ações, além de buscarem a conquista do poder, forem dirigidas para o bem público. Um bem público que variará de acordo com a ideologia ou os valores de cada político, mas o qual se espera que ele busque com prudência e coragem. E nenhuma profissão é mais importante, porque o político, na sua capacidade de definir instituições, criar projetos e tomar decisões tem uma influência sobre a vida das pessoas maior do que a de qualquer outra profissão.

A ética da política, porém, não é a mesma ética da vida pessoal. É claro que existem princípios gerais, como não matar ou não roubar, mas entre a ética pessoal e a ética política há uma diferença básica: na vida pessoal deve-se esperar que cada indivíduo aja de acordo com o que Max Weber chamou a ética da convicção, ou seja, a ética dos princípios morais aceitos em cada sociedade já na política prevalece a ética da responsabilidade.


A ética da responsabilidade leva em consideração as consequências das decisões que o político adota. Em muitas ocasiões, o político é obrigado a tomar decisões que envolvem meios não muito nobres para alcançar os objetivos públicos. O político, por exemplo, não tem alternativa senão fazer compromissos para alcançar maiorias. Uma forma mitigada do clássico princípio republicano de Maquiavel de que os fins justificam os meios. Para o grande pensador florentino, fundador do republicanismo moderno, o interesse público era o critério essencial, mas diferentemente do conceito de ética da responsabilidade, ele justificava praticamente qualquer meio desde que visasse o interesse público (vejamos que tem muitos candidatos que compram pesquisas de opinião pública, pagam caro, tentam enganar o povo e eles mesmo começam a acreditar na farsa, na mentira e perdem tudo).


É claro que o político deve ser fiel à sua visão do bem público, mas não pode ser radical tanto em relação aos fins nem aos meios. Não pode acreditar que detém o monopólio da definição desse bem: o político democrático e republicano tem a sua visão do interesse comum, mas respeita a dos outros. É preciso aqui também ser razoável: alguns meios são absolutamente condenáveis e portanto injustificáveis. Foi por isso que Weber, ao invés de ficar com a ética de Maquiavel, preferiu falar em ética da responsabilidade.


O político deve agir de acordo com a ética da responsabilidade, porque essa é a única ética compatível com o espírito republicano. Um grande número de políticos, porém, não age de acordo com ela. Muitos agem imoralmente como temos visto nesta crise política.

A maioria é constituída de políticos que traíram todos os seus compromissos e passaram a adotar políticas que até o dia anterior criticavam acerbamente. Não agiram de acordo com a ética da responsabilidade ou mesmo com a ética de Maquiavel, mas de acordo apenas com seu interesse em se compor com os poderosos ou com os que pensam serem os poderosos. Seu único objetivo era e continua a ser sua permanência no poder. Esse tipo de política, porém, tem vida curta nas democracias.

Devemos lutar e defender uma política com Ética e Responsabilidade.



* Alexandre Pereira é presidente da AGMINAS - Agência de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais.

Fonte:diariodoaco

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vita di Castruccio Castracani

Na obra, Vita di Castruccio Castracani (1281-1328), senhor e duque de Lucca, Maquiavel segue o padrão da Vida de Tamerlão para transmitir um grandissimo exemplo, o mito do herói político cuja criação de ordem social manifesta uma força para além do bem e do mal. A ênfase na crueldade de Castruccio sugere que a ordem política depende de um poder intramundano. Os materiais históricos são deformados de modo a criar a imagem de um fundador de um stato, mas cuja virtú foi frustrada pela fortuna. A fortuna procede como quer; é ela, não a prudenza, que confere a grandeza. E contudo, diferentemente do que Maquiavel escreve, Castruccio não era um esposito, uma criança abandonada, mas um descendente de aristocratas de Lucca; não era solteiro pois casou e teve filhos; era um pro-vigário imperial, não propriamente um patriota; Enfim, as teorias militares de Castruccio coincidem estranhamente com as de Maquiavel.

Disponível no dominino público clique aqui

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Folha lança coleção de livros que mudaram o mundo

Série com 20 volumes resgata obras canônicas que mudaram o curso da história; os primeiros títulos, de Darwin e Maquiavel, chegarão às bancas no próximo domingo, dia 19

Vai ter de Platão a Freud, passando por Newton, Mao, a Bíblia e o Alcorão.
Marcada pela multidisciplinaridade e pela abrangência, a Coleção Folha Livros que Mudaram o Mundo leva às bancas, a partir do dia 19, obras canônicas de diversas áreas do pensamento.
Os dois primeiros volumes, a serem lançados simultaneamente, já servem como indicativo da proposta da coleção: "A Origem das Espécies", de Darwin, e "O Príncipe e Escritos Políticos", de Maquiavel.
O naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) publicou em 1859 "A Origem das Espécies", na qual apresentou a Teoria da Evolução e o conceito de seleção natural que se tornariam fundamentais para o desenvolvimento da biologia.
Já o pensador Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu 340 anos antes de Darwin, na cidade italiana de Florença -a 1.400km de distância de Shrewsbury, terra natal do cientista inglês.
Historiador, poeta, diplomata e músico, escreveu em 1513 "O Príncipe" -publicado postumamente, em 1532, é de fundamental importância na transformação da política em ciência ao abordar as questões de Estado e governo do ponto de vista da eficácia das ações e não dos princípios morais.
Da Grécia Antiga ao século 20, a coleção procura abarcar diversas áreas do conhecimento, da ciência (Newton, Darwin) à filosofia (Platão, Aristóteles, Descartes, Pascal, Voltaire, Rousseau, Kant, Freud), passando pela economia (Smith, Marx).
A política (Maquiavel, Thomas More, Tocqueville, Mao Tsé-tung) não foi esquecida. A religião também se faz representar, seja na forma de textos sagrados (Bíblia, Alcorão), seja nos escritos de um importante teólogo (santo Agostinho).
A ideia foi reunir obras que mudaram a maneira de o homem pensar o mundo e a si mesmo.
Como os "Princípios Matemáticos de Filosofia Natural", de Isaac Newton (1643-1727), que, a um só tempo, tirou o homem do centro do Universo e deu início à era das revoluções científicas.
Ou ainda "A Interpretação dos Sonhos", de Sigmund Freud (1856-1939), que nos arrancou do comando de nossas próprias mentes ao deslindar o inconsciente e seus processos mentais.
Ao lançar a coleção Livros que Mudaram o Mundo, a Folha permite a seus leitores que entrem em contato direto com algumas dessas obras capitais e as julguem por si mesmos.

1
19 de setembro
CHARLES DARWIN
"A Origem das Espécies"


Publicado em 1859, o livro apresenta a base da Teoria da Evolução. O inglês Charles Darwin (1809-1882) abalou o pensamento da época ao contestar a crença na criação divina tal como é apresentada na Bíblia. Os estudos do livro provaram que a diversidade biológica é resultado de um lento processo de descendência e de seleção natural, em que os organismos vivos se adaptam gradualmente ao ambiente, por meio de inúmeras mutações.

2
19 de setembro
MAQUIAVEL
"O Príncipe" e "Escritos Políticos"

Quase 500 anos depois, "O Príncipe" (1532) ainda é uma das mais brilhantes reflexões sobre o funcionamento do Estado e a conduta dos governantes. Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença (Itália), onde chegou a ser segundo chanceler da República Florentina. A proximidade com o poder serviu de base para sua obra, fundadora da ciência política moderna.

3
26 de setembro
SIGMUND FREUD
"A Interpretação dos Sonhos"


O psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) desbravou a mente humana quando publicou "A Interpretação dos Sonhos" (1899), marco da psicanálise. Ao conferir um caráter científico ao inconsciente, o livro abalou as convicções da época e abriu caminho para uma nova interpretação do homem, a partir dos mecanismos psicológicos dos sonhos.

4
3 de outubro
ADAM SMITH
"Riqueza das Nações" (Edição condensada)


O clássico editado em 1776 é um dos fundamentos da economia moderna. Adam Smith (1723-1790) aprofundou aqui ideias até então novas, como a divisão do trabalho e a organização social do capital. Smith é também um dos primeiros a combater a interferência do governo na economia e a pregar a liberdade de mercado, marcas do liberalismo econômico que marcou o século 18.

5
10 de outubro
PLATÃO
"Apologia de Sócrates", "O Banquete" e "Fedro"


Reunião de três dos principais textos de Platão (428/427 a.C.-348/347 a.C), filósofo da Grécia Antiga. "Apologia de Sócrates" traz a versão de Platão para um discurso feito por seu mentor, em que Sócrates condena as tiranias e o fanatismo. "O Banquete" é composto por discursos sobre a natureza e as qualidades do amor. Já "Fedro" resume toda a filosofia de Platão.

6
17 de outubro
RENÉ DESCARTES
"Discurso sobre o Método" e "Princípios de Filosofia"


Reúne duas obras completas em que o filósofo René Descartes (1596 -1650) propõe métodos matemáticos de indagação e pesquisa da verdade -algo novo para uma sociedade recém-saída da Idade Média e ainda submetida à autoridade intelectual eclesiástica. Descartes é um dos pioneiros do racionalismo, escola que privilegia a razão como via de acesso ao conhecimento.

7
24 de outubro
THOMAS MORE
"A Utopia"


Thomas More (1478 -1535) descreve um Estado imaginário sem propriedade privada nem dinheiro, preocupado apenas com a felicidade coletiva. Inspirado pelos discursos de Platão, "A Utopia", publicado em 1516, serviu de base para o socialismo econômico e deu início ao gênero alegórico. More cunhou ainda a palavra utopia (literalmente, o não lugar de nenhum lugar).

8
31 de outubro
IMMANUEL KANT
"A Metafísica dos Costumes"


O filósofo alemão (1724-1804) construiu uma síntese entre o racionalismo de Descartes (onde impera a forma de raciocínio dedutivo) e a tradição empírica de John Locke (que valoriza a indução). Nesta obra de 1798, uma das mais importantes análises já feitas sobre a ética, Kant toma como ponto de partida a ideia de que a moralidade é uma condição para a busca da felicidade de todo ser humano.

9
7 de novembro
ISAAC NEWTON
"Princípios Matemáticos de Filosofia Natural"
(livro 3)


Publicada em 1687, a obra contém as famosas três leis de Newton (1643-1727). A descrição do comportamento dos corpos em movimento foi a base da lei da gravitação universal e da mecânica clássica. As teorias de Newton, enunciadas de forma precisa e racional, a partir da observação da natureza, tiraram de vez a física do campo das hipóteses e conjecturas.

10
14 de novembro
MAO TSÉ-TUNG
"O Livro Vermelho"


O livro é uma compilação de citações do líder comunista chinês Mao Tsé-tung (1893-1976). Dividido em 33 capítulos, estima-se que já tenha vendido mais de 900 milhões de exemplares. Publicado no Ocidente pela primeira vez em 1964, o livro resume os preceitos da vertente maoísta do marxismo e foi a matriz ideológica da Revolução Cultural, ocorrida na China em 1966.

11
21 de novembro
ARISTÓTELES
"A Política"


O tratado do filósofo (384 a.C.-322 d.C.), provavelmente lições dadas em sua escola e registradas por seus alunos, defende a ideia fundamental de que a política e a ética constituem um único domínio. "A Política" aborda temas como a composição da cidade, a escravidão e a família. As considerações acerca da pólis [modelo de cidade grega] foram a referência absoluta do tema por muitos séculos.

12
28 de novembro
SANTO AGOSTINHO
"Confissões"


Em uma das primeiras autobiografias da história, Santo Agostinho (354-430) expõe sua teologia ao narrar a juventude pecadora e a posterior conversão religiosa. O estilo lapidar e a agudeza das ideias deram ao livro a categoria de não apenas obra-prima da religião, mas também fundamental da história da literatura. O livro compõe um dos relatos mais completos da vida no século quatro.

13
5 de dezembro
KARL MARX
"O Capital"
(Edição condensada)


Marco do pensamento socialista, a obra de Karl Marx (1818-1883) constitui uma observação da sociedade de produção capitalista. Uma das mais influentes teorias políticas da história, "O Capital" (1867) aprofunda a análise, já presente no "Manifesto Comunista", sobre a relação entre a economia e a história. Nele são encontrados os aspectos centrais do marxismo, como o conceito de mais-valia.

14
12 de dezembro
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
"Do Contrato Social"


Fundamental na teoria política, o tratado de 1762 lançou os conceitos de soberania popular e de igualdade de direitos entre os homens. Rousseau (1712-1778) instaura -em meio a uma Europa majoritariamente monarquista- a ideia de que o poder político emana do povo. Ao colocar o homem como essencialmente bom e defender os direitos civis, ele é um dos fundadores da democracia moderna.

15
19 de dezembro
BLAISE PASCAL
"Pensamentos"


O francês Blaise Pascal (1623-1662), além da obra filosófica e teológica, destacou-se também na matemática e na física. Tratado sobre a espiritualidade, o volume, publicado postumamente (1670), apresenta a amplitude das reflexões do autor acerca da existência humana. Trata dos conflitos que definem a relação entre o homem e a transcendência que o supera.

16
26 de dezembro
ALEXIS DE TOCQUEVILLE
"A Democracia na América"


Resultado de uma visita de Tocqueville (1805-1859) aos Estados Unidos, o livro (1835) é uma observação da forma como o sistema político americano se diferenciava do europeu. Ao abordar a sociedade americana, o autor vislumbrou a potência que o país viria a se tornar. O historiador francês apresenta aqui uma defesa arguta dos conceitos de democracia e de liberdade individual.


17
2 de janeiro
VOLTAIRE
"Cândido ou O Otimista"


O filósofo (1694-1778) assinou este romance filosófico (1759) com o nome de Monsieur le docteur Ralph para escapar à polêmica que suas ideias causariam. O livro conta a história de Cândido, otimista por excelência, que se vê diante de todo tipo de maldade após ser expulso do castelo de Vestfália. Sarcástico e rocambolesco, o romance retrata a hipocrisia de um mundo cruel e materialista.

18
9 de janeiro
BÍBLIA SAGRADA

Livro mais vendido do mundo, base da fé cristã, a Bíblia é uma reunião de textos históricos e metafóricos que contam a história do povo hebreu e do surgimento da religião fundada por Jesus Cristo. A obra divide-se entre Antigo e Novo Testamento e constitui a origem de diversos conteúdos simbólicos da sociedade ocidental contemporânea.

19
16 de janeiro
ALCORÃO SAGRADO

Os muçulmanos creem que o livro sagrado do islamismo seja a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Maomé ao longo de um período de 23 anos. Organizado em 114 capítulos, o livro descreve as origens do universo, o homem e as suas relações com o criador.

20
23 de janeiro
DISCURSOS QUE MUDARAM O MUNDO

Coletânea de discursos e falas de políticos, ativistas e líderes espirituais que marcaram o mundo. Das mais variadas tendências, o volume reúne, entre outros, textos de Franklin Roosevelt ("O New Deal"), Charles de Gaulle ("Apelo aos Franceses"), Adolf Hitler ("A Campanha de Socorro de Inverno"), Winston Churchill ("O Nervo da Paz") e João Paulo 2º ("Discurso de Assis").

domingo, 5 de setembro de 2010

Livro:OS FILÓSOFOS DA POLÍTICA:IDADE MÉDIA E RENASCIMENTO

SUMÁRIO

I – A Filosofia na Grécia, depois de Sócrates, Platão e Aristóteles
. Epícuro e os Epicuristas
. Antístenes e a Escola Cínica

II – Sai a “polis”, entra o Império
. Direito, o legado de Roma
. Cícero e Sêneca
. Patrística, doutores e santos

III – Tomás de Aquino, a razão e a fé

IV – Maquiavel, uma teoria para a política. Europa, um mundo em transição
. Filósofo, cientista ou diletante?
. A obra maldita
. A Esfinge e seu julgamento
. O homem e a obra: um Balanço

Apêndice
. A “regra de ouro” dos Epicuristas
. O Método Tomista, teses e questões
. A lógica de ferro de Nicolau Maquiavel

Referências Bibliográficas

sábado, 4 de setembro de 2010

Eleitor deve refletir na hora de escolher seu representante

O país assiste no momento a mais uma disputa eleitoral. É chegada a hora em que políticos inescrupulosos - cada vez mais numerosos - servem-se abusivamente de todas as ferramentas de que dispõem para a conquista e manutenção do poder. Para estes, os anseios coletivos não passam de instrumento de retórica para ludibriar o eleitor incauto.

Tais políticos não se importam com a ilicitude de suas condutas. Amoldam seu agir em consonância com a máxima do filósofo italiano Nicolau Maquiavel de que "os fins justificam os meios". Seus atos são presididos por interesses particulares e grupais alheios à ética e à moral. Não tergiversam em lançar mão do poder que detêm para alcançarem suas aspirações pessoais. Para estes, o que não é aceitável de modo algum é a derrota. Sim, o feio é perder. Tudo o mais é válido, ainda que à custa da relativização de valores e princípios de ampla aceitação social.

Nesse vale-tudo eleitoral, convênios eleitoreiros são celebrados aos montes e para todos os gostos, causando abalos desnecessários às finanças públicas e a seus combalidos cofres. Chega a causar espanto o desmedido número de convênios que são assinados no período pré-eleitoral. Por que será? Trata-se de uma mera coincidência? Por que não se faz tais convênios em novembro, dezembro ou mesmo em janeiro, início do exercício financeiro?

Não é desarrazoado imaginar que a assinatura desses convênios destina-se a revestir de legalidade condutas questionáveis e impregnadas de nulidade.

Outro fato que a sociedade assiste estupefata e perplexa é a mudança repentina de posicionamento adotado por alguns chefes políticos. Estes evoluem de opinião tão rapidamente que deixam o eleitor atônito e confuso com suas críticas a quem ontem elogiavam e com os aplausos dirigidos a quem no passado recente apupavam.

É cediço que cada povo tem o governo que merece. O eleitor deve, portanto, refletir na hora de escolher seus representantes. Antes do exercício de um direito, impõe-se o dever de escolher pessoas desejosas de servir, competentes, honestas e com coragem para mudar o que deve ser mudado e para manter o que deve ser continuado.


Fonte:Diario do Povo

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Maquiavel ou Hitler ?!

Nicolau Maquiavel tornou-se famoso por defender a visão de que um governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e manter o poder. Nascido em Florença no ano de 1469, Maquiavel conquistou um alto cargo na administração civil da república florentina, onde permaneceu catorze anos. Deixou entre outras, a obra-prima "O Príncipe", onde expõe as suas ideias que pôs em prática. Para Nicolau Maquiavel, o líder deve estar disposto a desrespeitar qualquer consideração moral, recorrendo à persuasão e à força. Mas o tema mais importante, ainda hoje debatido, é a questão de saber se é preferível que o líder seja amado ou temido. Maquiavel responde que é importante ser amado e temido, porém é melhor ser temido que amado, já que as pessoas podem mudar a sua lealdade, mas o medo de ser punido é um sentimento imutável.
A história passa-se nos finais do século XV, trezentos anos antes de nascerem os filósofos iluministas defensores das liberdades individuais e mais de quatrocentos anos antes da implementação das primeiras democracias na Europa. Contudo Nicolau Maquiavel continua a ter os seus seguidores de meia-tijela bem junto de nós.
Perante uma desastrosa gestão quer patrimonial, quer pessoal, o actual presidente da câmara julga que ainda vive no século XV ! Para ele, governar é intimidar, ameaçar, enxovalhar todos os que não lhe besuntam as botas ou não lhe vão comer à mão. Incapaz de se impôr pela competência, utiliza a ameaça! Isolado no gabinete, emprenha pelos ouvidos! Rodeado de ajuramentados seguidistas, julga-se omnipotente! Merdoso e medroso em assumir-se, dilui a covardia em reuniões pidescas, enquanto os seus acéfalos seguidores acenam o "yes man" da praxe ou controlam qualquer sintoma de reacção negativa!
A reunião dos funcionários da divisão de obras, realizada na passada sexta-feira e convocada para ameaçar e coarctar a expressão cívica e a livre expressão de pensamento dos funcionários que a integram é o exemplo mais patológico da mente maquiavélica do presidente e seus "yes-men".
A mentecapta paranóia do presidente não lhe permite sequer fazer a distinção entre actos de administração e a livre expressão do pensamento. O homem que ninguém conhecia nem conhece começa a mostrar a sua concepção de democracia; para ele, os funcionários da câmara não são cidadãos livres, livres de pensamento, de expressão, de opinião, mas sim súbditos acéfalos que apenas devem obeder e cumprir todos os maquiavelismos, para que a desastrada acção política do ditador nunca possa ser beliscada! Pior que Maquiavel, o malfadado homem que nos desgoverna confunde hierarquia administrativa e funcional com a livre expressão de opinião social e política, princípio sagrado da democracia da qual, em má hora, se aproveitou !
Tal como Maquiavel, Mesquita tornou-se um déspota, que engravidado pelo oportunismo dos seus acólitos, defende a agressão verbal, a intimidação, o medo e a ameaça constante, porque já chegou à conclusão que nunca poedrá ser "amado"! E pior que tudo isto, utiliza a estratégia do aniquilamento em grupo como se fazia na Idade Média, nos tenebrosos autos-de-fé! Enquanto acolhe e beneficia a mulher e os amigos chegados, numa prática nepótica sem precedentes, condena ao ostracismo quem disser algo que o contrarie! Esquece-se, contudo, que, por enquanto, ainda vivemos em democracia e que mais tarde ou mais cedo, pagará a sua ira com língua de palmo!

O presidente que chegou por engano ao poder e que trocou a vida de jurísta pela de político, porque também naquela sempre foi um facassado, devia pensar antes de fazer tantas asneiras! Antes de enxovalhar funcionários e seus superiores ou ameaçar delegar poderes no dito chefe de gabinete, devia ler e estudar a legislação vigente, designadamente a Lei nº 196/99, de 18 de Setembro, alterada pela Lei nº 5-A/2002, de 11 de Janeiro e outros diplomas de que nunca ouviu falar. Devia ser obrigado a ler cem vezes seguidas o Regulamento de Organização dos Serviços Municipais e verificaria que "os presidentes da câmara só podem delegar nos chefes de gabinete, os actos de administração ordinária", e se não souber o que isso é, devia consultar, por exemplo, a jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo sobre o assunto ou ler as interpretações de Freitas do Amaral, no Código do Procedimento Admnistrativo, 3ª edição, em anotações ao artigo 35º. Veria que qualquer chefe de gabinete e, entre eles, o famoso Mordomo-mor, nunca poderá exercer poderes hierárquicos ou adminisrativos sobre qualquer funcionário; quando muito, poderá servir de correio entre o primeiro andar e o rés-do-chão, fazendo tantas viagens quantas as asneiras que os senhores de cima vão fazendo ao longo do dia. Ou então, continuar a tarefa de espião-bufo, como aliás o fez durante a tenebrosa reunião !

Fonte:coa-breca