terça-feira, 20 de novembro de 2012

Jesus cristo e Maquiavel


Nicolau Maquiavel e Jesus Cristo são personagens diferentes de séculos diferentes. Maquiavel do século 16. Jesus rachou a história e atravessa milênios. Maquiavel escreveu “O Príncipe” em torno de 1513. Jesus nada escreveu. Ambos são célebres em matéria de ética, mas com filosofias frontalmente opostas. Maquiavel coloca seu livro a serviço do poder abusivo dos Príncipes. Jesus insurge-se contra os tiranos e os poderosos. Mas o impressionante é que ambos são atualíssimos quando nosso assunto é política.
Maquiavel ensina como conquistar e manter o poder. Para ele, todos os meios são legítimos. Ele dita normas com astúcia. Com linguagem direta e sedutora, aponta truques políticos e métodos inescrupulosos que permitem anular adversários e subjugar o povo. E aconselha suprimir a liberdade dos cidadãos, para não perder o poder.
Jesus, o chamado Cristo, tratava seus interlocutores como pessoas inteligentes e livres, como espécie racional situada acima da escala das coisas. Por isso, espantava-se quando o ser humano capitulava e abdicava de sua dignidade e liberdade. Ele não se conformava ao ver que as pessoas entregavam o potencial de suas vidas e de seus direitos aos que exercem o poder.
Maquiavel ensina como dominar o povo, enganando-o. E como imobilizá-lo, destruindo-lhe a liberdade. Jesus incitava a mobilização voluntária contra a dominação e uma de suas muitas contribuições foi mostrar que a pessoa humana enterra sua dignidade e liberdade para consolidar desastres.
Em Jesus, o poder só tinha sentido se fosse dado por Deus. Por sua importância, foi um homem livre, indeterminado, simples e incorruptível. Como peregrino tornou-se cidadão errante e transitivo. Não permaneceu atado a um ponto fixo. Não se prendeu em essências e fez amizade com cobradores, publicanos, prostitutas e mendigos, coisa que Maquiavel não aconselharia ao seu Príncipe.
Liberdade para Jesus Cristo não se referia apenas ao deslocamento espacial e geográfico. Era mais que isso, era um sair de si que implica sair de um estilo de vida. É refutar situações históricas e superar condições sociais. É mudar de mentalidade. É passar da ingenuidade à criticidade, do conformismo à participação.
Para Maquiavel, liberdade é um ato perigoso. Ele diz que o Príncipe deve emergir sobre a servidão que humilha e usar o poder que dobra. Ensinando o primeiro passo na série de vários passos, que devem dar numa caminhada incessantemente violenta e paranoica.
Segundo Maquiavel, a liberdade do povo deve ser controlada de acordo com as conveniências do Príncipe. Para Jesus, ela é adquirida pelo conhecimento de si que está camuflado. Uma vez descoberta, mostra o que existe e o que não existe. Desvela o que está velado, desmudece o que está calado, descativa o que está preso. No sistema de Maquiavel é frequente limitar e aniquilar, ao passo que, em Jesus, a liberdade é um projeto infinito. Mas, como os surdos reconhecem que os cegos estão errados em julgar as cores, mantendo-se firmes na opinião de que cabe apenas aos surdos julgar a música, nossos políticos ainda aplicam Maquiavel se dizendo cristãos.
Padre Durval Baranowske
autor de “O QUE DIZEM OS SANTOS”


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

deusa Fortuna da mitologia romana

Na mitologia romana, Fortuna era a deusa da sorte. Geralmente, era representada com a visão tapada, como a Justiça, porque ela manifestava seus propósitos aleatoriamente. Para o italiano Nicolau Maquiavel, o pensador florentino que fundou a ciência política moderna, no século XVI, a Fortuna era um dos requisitos para o príncipe conservar o poder. O príncipe deveria ter “virtù” – conceito que resume as qualidades necessárias para exercer o poder –, mas também contar com a “fortuna”, entendida como as circunstâncias que não podem ser determinadas e controladas. O sul-africano William Kentridge, de 57 anos, um dos mais importantes artistas contemporâneos, elegeu a Fortuna como um dos princípios de sua obra. Ele não a define como um mero lance fortuito da sorte. Para Kentridge, a obra de arte é resultado de “algo diferente do frio acaso estatístico, mas também de algo fora do controle racional”. Segundo ele, as imagens estão permanentemente em construção e são produtos de um jogo em que, ao mesmo tempo, não há nem um plano nem o acaso – e isso constitui a tal Fortuna.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Aluno de sociologia diz que filósofos tornaram Enem 'complicado'


O estudante universitário Fernando Morgato, de 24 anos, que realizou o Enem neste sábado (3), avalia que os textos de autores clássicos como Nicolau Maquiavel e do filósofo Charles Montesquieu deixaram a prova "complicada" para alunos do Ensino Médio que tiverm pouco contato com esse tipo de texto. Por estudar sociologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Morgato avalia que foi bem nessa parte da prova.
"São autores com os quais eu tive contato neste ano, tenho quase certeza que a galera mais jovem, que faz o exame pela primeira vez, não teve", afirmou. Os textos clássicos foram usados em perguntas interpretativas. Para Morgato, contudo, o esse tipo de texto é pouco usado no Ensino Médio, especialmente nas escolas públicas.
"Citaram trechos do livro do Norbert Elias, O Processo Civilizador, citaram Maquiavel, o terceiro capítulo de O Príncipe em que ele fala sobre conjuntura, Montesquieu, Habermas sobre a história da sociologia".
Se por um lado ele diz ter tido um bom desempenho, prevê que vai "bater canela" na prova deste domingo, que tem questões de matemática. "Meu forte é a área de humanas", diz
A opinião de Morgato contrasta com a do técnico em informática Roberto Carlos, de 36 anos. Para ele, apesar de serem textos clássicos, pouco conhecidos de muitos alunos, a interpretação das questões em si não foi difícil. "A prova como um todo foi um pouco mais difícil que a do ano passado, que estava muito fácil. Mas acho que o problema hoje não foram os textos", disse.
Início
A correria para entrar na Uninove começou por volta das 12h50. Alunos vinham de todas as direções preocupados com o horário. Muitos corriam na Estação Barra Funda, que fica ao lado, onde pessoas gritavam quantos minutos faltavam para as 13h. Exatamente neste horário, um estudante se jogou no chão para conseguir passar por debaixo do portão, que já era fechado.

A estudante Kathiane Oliveira, de 17 anos, contava que uma amiga próxima perdeu a prova no ano passado por 15 minutos. Por isso, Kathiane resolveu não dar brecha para o azar e chegou quase duas horas antes, às 11h20. “Dá pena. A pessoa estuda o ano inteiro e perde a prova. Não queria isso para mim”, disse a jovem, que veio acompanhada da mãe. Kathiane faz a prova para ajudar a compor sua nota no processo seletivo para o curso de medicina.
A massoterapeuta Fátima Maria Barreto, de 58 anos, era a primeira na fila. Ela é deficiente visual e chegou cedo para entregar um laudo médico sobre seu estado de saúde. Fátima fará a prova auxiliada por duas pessoas, uma para ler e outra para escrever o que ela ditar. Haverá ainda um fiscal acompanhando. “Quero fazer jornalismo e ser repórter. Se tiver que ir para coletiva de imprensa brigar por espaço entre os jornalistas eu vou”, afirmou a massoterapeuta, que é deficiente visual há dez anos. Ela perdeu a visão após ser atropelada em um cruzamento na Lapa, Zona Oeste da cidade.
Primeira da fila para entrar em local de prova, a deficiente visual Fátima Barreto (Foto: Márcio Pinho/G1)
Primeira da fila para entrar em local de prova, a
deficiente visual Fátima Barreto
(Foto: Márcio Pinho/G1)
Entre os inscritos para o Enem, vendedores tentavam lucrar com a prova. Canetas eram vendidas por R$ 2 e garrafas de água por R$ 2,50. A realização da prova também provoca sujeira, já que encartes com propagandas de cursinhos estão espalhados pelas calçadas.
Exame
A prova deste sábado tem 45 questões de múltipla escolha sobre ciências humanas e outras 45 sobre ciências da natureza. No domingo (4) acontece a segunda prova, com 45 questões de linguagens e códigos, que engloba português e inglês ou espanhol, e mais 45 questões de matemática. No segundo dia de provas, os candidatos terão ainda de fazer uma redação.

Ao todo, o Enem deste ano teve 5.791.287 inscritos. No Estado de São Paulo são mais de 932 mil. O custo total do governo para a aplicação das provas será de R$ 266.399.202,00.

Fonte: G1