sexta-feira, 18 de novembro de 2016

'Poder e Manipulação' dá dicas para persuadir e influenciar pessoas


Da Integridade - Quando e de que maneira se deve manter a palavra

"Poder e Manipulação" ensina a se livrar de bajuladores e a lidar com pessoas manipuladoras"O Príncipe" é um título que todos conhecem, ou pelo menos já ouviram falar. Escrito por Nicolau Maquiavel no século 16 o livro é até hoje uma referência da ciência política moderna. Na época, a obra foi concebida para ensinar um novo príncipe que, para manter o poder e o controle, era preciso agir com grande sutileza, somada à astúcia e crueldade.
De Jacob Pétry, "Poder e Manipulação"atualiza o clássico italiano com a proposta de ajudar o leitor a entender o mundo atual.
Com 176 páginas a obra se divide em 20 capítulos que tratam de temas sobre como medir a força de um líder até como escapar de bajuladores, passando por questões existências - se é preferível ser amado ou temido; ou econômicas - quando se deve ser generoso ou sovina.
O livro se vale de uma estrutura bastante clara. Em cada capítulo o autor analisa um trecho de "O Príncipe" e extrai lições para que o leitor se sinta mais bem preparado para defender-se das pessoas manipuladoras.
Pétry é jornalista, filósofo e pesquisador brasileiro radicado nos Estados Unidos. Ele também é o autor de outros livros como "O Óbvio que Ignoramos" e "Grandes Erros".
Leia abaixo um trecho de "Poder e Manipulação"
*
Capítulo 6
De O Príncipe
Qualquer pessoa entende o quanto é louvável um príncipe manter sua palavra e viver com integridade, sem astúcia. A experiência, no entanto, nos mostra que existiram príncipes e governantes que fizeram grandes obras, mas que davam uma importância mínima ao cumprimento de suas promessas. Usando da astúcia, transformaram a mente das pessoas e, com isso, superaram, enfim, aquelas que se mantiveram íntegras e leais.
A primeira coisa que o príncipe precisa saber é que há duas formas de luta: uma pelas leis; outra pela força. A primeira é a mais apropriada aos seres humanos; a segunda, aos animais. Contudo, como a primeira muitas vezes não é suficiente, em inúmeras circunstâncias, o príncipe terá de recorrer à segunda. Em função disso, é fundamental que ele saiba empregar de maneira conveniente tanto o método do homem quanto o do animal.
Isso não deveria ser desconhecido, pois foi ensinado veladamente aos príncipes por autores da Antiguidade que descreveram como Aquiles e outros heróis eternos foram entregues ao centauro Quíron (meio homem e meio animal) para serem criados e dele receberam educação em sua disciplina. Ter um preceptor meio homem e meio animal só pode significar que um príncipe, para ter a virtude e a grandeza de um herói, deve aprender a fazer uso tanto da natureza do homem quanto da natureza do animal. Uma sem a outra é a origem do desequilíbrio
e da instabilidade.

Portanto, sendo obrigado a utilizar da natureza do animal, o príncipe deve adotar as qualidades da raposa e do leão. O leão tem força, mas lhe falta esperteza. Seu poder assusta a todos, mas ele não consegue defender‑se das armadilhas. A raposa é esperta, mas não tem força. Ela tem facilidade de se livrar das armadilhas, mas não consegue defender‑se dos lobos.
Dessa forma, é preciso ter a natureza da raposa para descobrir e defender‑se das armadilhas e a do leão, para amedrontar e defender‑se dos lobos.
2.
Aqueles que apenas adotam a natureza do leão, isto é, a força e a retidão, não entendem o risco que correm e dificilmente chegarão a se consagrar no poder. Para obter êxito na busca pelo poder, embora necessite força, você não pode ser previsível como o leão. Isso o tornaria presa fácil dos inimigos. Você deve ser também astuto como a raposa.
Desse modo, um príncipe sábio não pode nem deve guardar a palavra empenhada quando isso for contra seus interesses ou quando os motivos que o forçaram a fazer a promessa deixarem de existir. Se todas as pessoas fossem boas, tal preceito seria mau e não se sustentaria por falta de legitimidade.
Mas, considerando que os indivíduos costumam ser falsos e não guardariam suas promessas com o príncipe, ele também não está obrigado a cumprir as promessas que fez a eles. Além disso, nunca faltaram desculpas aos governantes para justificar e dissimular a quebra de uma promessa.
Sobre isso, eu poderia dar incontáveis exemplos, todos demonstrando convenções e promessas que se tornaram nulas e sem efeito pela infidelidade dos que as fizeram; e dentre eles, se deu melhor aquele que melhor soube adotar as qualidades da raposa. Contudo, é necessário saber disfarçar muito bem essa natureza, tornando‑se excelente simulador e dissimulador.
Essas atitudes funcionam perfeitamente porque as pessoas se distraem com coisas tão simples e se ocupam tanto com as necessidades diárias que aquele que estiver disposto a enganar encontrará sempre a quem enganar e, não raras vezes, logo em seguida, encontrará também o perdão ou o esquecimento daquele a quem enganou.
3.
Em relação ao que afirmei acima, há um exemplo do meu tempo que não gostaria de deixar passar: o papa Alexandre VI. Não conheci ninguém que tivesse maior habilidade em prometer coisas que simplesmente não cumpria, mesmo que o fizesse com juramentos firmes e solenes.
Alexandre vi não fez outra coisa, nem pensou em fazer, a não ser enganar os outros, uma vez que encontrou sempre um número suficiente de vítimas e oportunidades para agir dessa forma. Seus enganos sempre saíram a contento porque ele conhecia muito bem a deficiência da natureza humana descrita acima e tirava o máximo proveito dela.
Ao retratar o caráter de um príncipe, haveria que se dizer que é indispensável que ele cultive somente virtudes como caridade, fidelidade, humanidade, integridade e religiosidade.
Entretanto, no mundo real, do qual tratamos aqui, o príncipe não precisa possuir todas essas qualidades; basta que aparente possui‑las. E, indo ainda mais longe, até me atreveria a afirmar que se possuísse todas essas qualidades e as usasse o tempo todo, elas, sem dúvida, lhe seriam prejudiciais, ao passo que aparentar te‑las lhe seria extremamente benéfico.
É preciso, de um lado, parecer efetivamente piedoso, fiel, humanitário, íntegro e religioso; e de outro, ter o ânimo de agir de maneira oposta quando as circunstâncias demandarem que assim o seja.
4.
Pode‑se concluir disso tudo, portanto, que um príncipe, sobretudo em início de carreira, não pode seguir todas as coisas a que são obrigados os homens tidos como bons. Mas que, ao contrário, para conservar o poder, ele é, muitas vezes, obrigado a agir contra princípios como a caridade, a fé, a humanidade e a religião.
Por isso é necessário que ele tenha uma mente disposta a voltar‑se para os rumos a que os ventos e as mudanças da sorte o impilam. E, como já deixei dito antes, não evitar ou se afastar do bem quando é possível pratica‑lo; porém, não hesitar entrar para o mal, se a isso for forçado.
O príncipe deve, contudo, ter extremo cuidado para falar apenas coisas que revelem claramente as virtudes antes apontadas - piedade, fidelidade, humanidade, integridade e religiao‑, para que ele aparente te‑las. E entre todas essas qualidades, eu diria que não há nenhuma que seja mais necessária do que a religião. É que as pessoas, em geral, julgam muito mais pelo que veem do que pelo que percebem. E todos podem ver e ouvir, porém poucos são capazes de perceber para além das aparências. Veem o que você aparenta ser, mas poucos sabem o que você realmente é e, quando se trata de um príncipe, esses poucos não possuem força suficiente para influenciar e mudar a opinião da maioria formada pelo cidadão comum.
5.
Encerro esse tema dizendo que as atitudes das pessoas, sobretudo dos príncipes, são julgadas pelos resultados que produzem, podendo estes serem bons ou ruins. Por essa razão, um príncipe deve sempre procurar vencer e conservar suas conquistas.
Os meios empregados para alcançar esses objetivos serão sempre julgados honrosos e louvados pelos vulgos que compõem a maioria e que se deixam levar facilmente pela aparência e pelos resultados alcançados, e o mundo é formado pelo vulgo. Sendo assim, não haverá lugar para a opinião da minoria se o vulgo tiver uma base segura onde se apoiar, mesmo que essa base seja feita de aparências.
Por isso, é preciso, como já disse, que toda pessoa compreenda essas coisas e entenda como elas funcionam de fato e, assim, possa precaver‑se de cair, ela própria, num universo de ilusões e aparências similar ao do vulgo.
Maquiavel
Capìtulo XVIII
De que maneiras devem os príncipes guardar a fé na palavra empenhada

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Análise
As palavras costumam nos confundir mais do que esclarecer. Na verdade, elas não passam de uma ferramenta de comunicação externa. Raras vezes revelam o que de fato está escondido dentro das pessoas. Com facilidade elas podem ser usadas para nos bajular, enganar, persuadir e manipular.
A maioria de nós está em constante busca: tentando ser isto ou aquilo, alcançar determinado objetivo, conquistar um tipo de situação, evitar outro e assim por diante. Ao longo deste processo aprendemos que a clareza e a transparência podem revelar fraquezas e vulnerabilidades ou, ainda, despertar a mesquinharia, a inveja ou a ganância dos demais. Por isso, muitas vezes evitamos nos abrir completamente. Deixamos de falar toda a verdade, contando pequenas mentiras no intuito de nos proteger.
Superficialmente, nos esforçamos para parecer honestos, civilizados, decentes, generosos e justos. Mas sabemos que se seguirmos essas virtudes ao pé da letra, se jogarmos o jogo direta e abertamente, nossas chances de vencer serão pequenas, porque, na certa, seremos vítimas de especuladores e massacrados por adversários mais inescrupulosos.
Além disso, sabemos também que, sendo sempre honestos e diretos, insultaremos muita gente, porque a verdade, em geral, é a maior ofensa. Sendo assim, fingimos e disfarçamos. Fazemos de conta que não queremos nada. Escondemos nossa verdadeira intenção. Vivemos em duplicidade. Em vez de dizer o que verdadeiramente pensamos, falamos o que o outro quer ouvir, criando um enorme faz de conta, um teatro de aparências.
No palco, tudo parece calmo e sob controle, perfeitamente em ordem. Mas, no palco, as pessoas deixam de lado quem de fato são para representar determinados papéis. É quando as cortinas se fecham que as emoções negativas emergem. Na escuridão dos bastidores é onde os dramas são armados e a ganância, a inveja, o ódio e o desejo de domínio e manipulação reinam quase absolutas. Pare e pense sobre isso por um momento!
Se analisar suas relações por todos os ângulos possíveis, verá que esse é um processo contínuo, interminável. E a maioria de nós está satisfeita com ele, porque esse processo, no fundo, nos dá a sensação de proteção. Mas o que você não pode é, como vimos no capítulo um, ignorar as coisas como elas são.
Por isso, se você busca poder, sucesso e liderança, não seja ingênuo a ponto de se deixar conduzir apenas por palavras e aparências. Você precisa entender que a maioria dos indivíduos usa as palavras para se defender, para dissimular suas verdadeiras intenções e despistar você do que elas realmente pensam, sentem e desejam. Estudos convincentes apontam que, num processo de comunicação regular, menos de 20% do que na realidade importa é dito de forma direta, através de palavras. Repito: menos de 20%.
Portanto, a partir de hoje, empenhe‑se para conhecer as pessoas num nível mais profundo. Não se perca em distrações e aparências. Vá além das palavras dos outros. Descubra o que os motiva, qual o interesse oculto por trás do que dizem. E, como já vimos, nunca deduza superficialmente que eles possuem os mesmos valores e princípios que você ou que zelam pelas mesmas coisas que você. Porque, quase sempre, eles não pensam e não acreditam naquilo que você pensa e acredita.
É por esse motivo que a habilidade de compreender o que motiva as pessoas é a principal chave da liderança eficaz, do poder e do sucesso. Como disse no começo deste livro, se você sabe o que o outro busca, o que ele quer e precisa, a necessidade que existe por detrás de suas ambições, lágrimas, ansiedades, seus desejos e medos, você pode se oferecer para suprir essa necessidade. E isso lhe dará um poder incrível.
O problema é que poucos têm a capacidade de entender as necessidades alheias. Na maioria das vezes, apenas ouvimos aquilo que queremos ouvir. Nossa mente está confinada a um canal pequeno e estreito no qual ela projeta nossos próprios desejos através do que ouvimos. Temos uma ideia em nossa cabeça e adequamos tudo a essa ideia. Por isso, somos tão fracos na arte de seduzir, incentivar e motivar os outros.
Desse modo, se posso lhe sugerir algo, saia um pouco da sua cabeça, se desapegue por instantes das suas ideias e dos seus sonhos, das suas necessidades e obsessões pessoais e mergulhe na mente das pessoas a sua volta. Procure enxergar a interioridade delas, ir além do que elas dizem, entender e transcender o desejo vago e raso que elas manifestam, investigue a compulsão por detrás de suas ações superficiais, descubra o que elas realmente querem e ajude‑as a conquista‑lo. Se você fizer isso, obterá tudo o que quiser e muito mais. Mas não espere. Comece a colocar essa estratégia em prática hoje mesmo e observe como, com o tempo, você fará progressos tremendos na arte da persuasão e da influência.

Fonte: Folha

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Temer quer ser temido

Há um nítido paralelo entre o Príncipe que Nicolau Maquiavel (1469-1527) procurava para unir a Itália então dividida em reinos e Michel Temer, que precisa unir o Brasil, dividido entre o reino dos coxinhas e o reino dos petralhas.
A ética não precisa ser observada: "Nunca faltarão ao príncipe razões legítimas para burlar a lei". Vimos isso no episódio do impeachment.
A bondade não deve ser o fundamento de suas ações, recomenda Maquiavel, o mais adequado é saber ser bom ou mau conforme as circunstâncias: "Se puder, deve ser bom, mas se necessário deve usar da maldade, evitando sempre o meio termo".
E ainda ensina como a maldade e a bondade devem ser utilizadas:
"Faça de uma vez só todo o mal, mas o bem faça aos poucos".
Está aí a PEC 241 para confirmar que Temer prefere fazer o mal de uma vez.
Tal e qual Temer, "o príncipe busca estabilidade do cargo, busca manter-se no poder", por isso não se deve acreditar no discurso de que ele larga tudo em 2018.
Maquiavel ainda aconselha ao príncipe:
"É mais seguro ser temido do que amado". Temer tem dito que não se importa com popularidade.
"Quem engana sempre vai encontrar alguém que se deixará enganar". Aqui Maquiavel profetiza como se comportariam os brasileiros 500 anos depois.
"Governar é fazer acreditar". Mentira ou verdade, importante é fazer a população acreditar que a 241 vai tirar o país do buraco.
Maquiavel adverte, no entanto: "É fácil persuadir o povo de algo, difícil é manter essa persuasão".
"Um governante eficaz não deve ter piedade. As pessoas ofendem mais a quem amam do que a quem temem". Baseado nessa premissa Temer elabora (ou, pior, seu ministro da Justiça elabora) o Plano Nacional de Segurança, cujo nome lembra o da famigerada Lei de Segurança Nacional da ditadura de 64. Ele quer ser temido, já que amado não será.
As pessoas "não são naturalmente nem boas nem más, mas podem ser tanto uma como outra", adverte Maquiavel, por isso o Príncipe deve partir do princípio de que as pessoas são más e que na primeira oportunidade elas demonstrarão essa maldade, geralmente traindo-o.
Esse é o lado perigoso de ser o Príncipe de Maquiavel.

Fonte:Brasil247

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Geddel Vieira e o caixa dois: entre Maquiavel e Hobbes

Antonio Marcelo Jackson *
Em matéria publicada na última terça-feira (20) pelo jornal O Globorepercutida peloCongresso em Foco no dia seguinte, Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo e responsável pela articulação política da atual Presidência da República, afirma que o assim chamado “caixa 2” não é crime e sua argumentação se dá em virtude de um projeto enviado pelo Ministério Público Federal à Câmara dos Deputados solicitando a criminalização de tal prática. De acordo com o senhor ministro, “se pede isso, é lícito supor que caixa dois não é crime”.
A fala de Geddel Vieira traz à baila a interessante concepção de não apenas parte da classe política, mas também de um enorme contingente da sociedade brasileira, para se definir o que é e o que não é lícito. Noves fora qualquer malícia nas palavras do pecuarista e administrador de empresas baiano, o que está em jogo é saber se no conjunto de regras de convívio social e naquelas expressas em lei é necessário que se tenha a definição de uma punição para se saber que algo é impróprio ou ilegal.
Tomemos um exemplo simples. De acordo com a “lógica” expressa acima, pode-se pressupor que, numa Constituição – ou Código de Leis Complementar –, se existir a expressão de que “a vida deve ser preservada”, mas esta não estiver acompanhada de outra afirmação, tal como, “nesse sentido, o assassinato de alguém é definido como crime”, isso indicará que a morte não natural de qualquer pessoa promovida pela violência de outra jamais deverá ser interpretada como algo ilícito ou por completo ilegal.
Nessa fórmula “geddeliana” – com o perdão pelo neologismo e com todo o respeito ao senhor ministro – cabem inúmeras situações que, se fossem descritas aqui, ocupariam inúmeras edições. Porém, para além de qualquer citação ou análise das consequências de tal entendimento quanto à leitura particular de Vieira Lima perante o projeto do MPF, nos é possível lançar mão de como determinadas concepções da teoria e filosofia política e jurídica podem nos auxiliar tanto para a melhor compreensão da fala e de seus fundamentos, quanto nos atentar para as consequências de tal gesto.
O primeiro aspecto nos remete inevitavelmente ao entendimento mais superficial da entrevista do ministro-chefe da Secretaria de Governo, a saber que “se não está na Lei, então é permitido”. Os juristas mais atentos lembrarão das distinções entre os sistemas de “Common Law” e “Civil Law”.
Dito de forma bem simples, há no primeiro caso o entendimento de que a normatização e consolidação da jurisprudência contribui para uma maior segurança jurídica, visto que casos semelhantes seriam julgados a partir de decisões tomadas pelos tribunais em épocas anteriores, sem a necessidade de estarem expressos em uma legislação. Países com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos são ótimos exemplos desse sistema.
Já no segundo caso, o sistema de Civil Law, ao contrário do primeiro, indica que todas as decisões jurídicas devem estar redigidas na lei e, nesse sentido, a jurisprudência quando há deve ser interpretada como referência, e não como determinante nas decisões de um tribunal. França, Portugal e, notadamente, o Brasil vinculam-se a essa corrente.
Se isso é verdadeiro, então a primeira conclusão que se pode tirar a partir da fala de Geddel Vieira Lima é que a leitura que faz a respeito do “caixa dois” vincula-se muito mais a uma tradição jurídica do que, necessariamente, a um fundamento ético. Alguns chamarão minha atenção para os escritos de Nicolau Maquiavel apresentados há mais de quinhentos anos, quando afirma e demonstra que a política é desprovida de qualquer princípio moral e que, portanto, a fala do político baiano se justifica no cotidiano desse “ofício” ao lançar mão de uma das características de um país de Civil Law.
Contudo, não custa também lembrar que os escritos do pensador florentino dizem respeito àquele que ambiciona o poder ou que deseja manter-se no poder. Em outras palavras, para aceitarmos maquiavelicamente os termos do ministro-chefe da Secretaria de Governo, não podemos vê-lo como membro do Estado Brasileiro, mas sim como um ator da política que ambiciona manter a si e a seus pares no poder.
Ainda em perspectiva, a fala de Vieira Lima pode também ser analisada pelos escritos de Thomas Hobbes, em sua clássica obra Leviatã. De acordo com Hobbes, “os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar segurança a ninguém”. Isso porque os seres humanos apenas respeitam uma regra na medida em que a mesma promova alguma espécie de temor (uma punição, portanto). Quando isso não ocorre, a assim denominada “natureza humana” o remete a espoliação, furto ou qualquer forma de violência que lhe permita conquistar aquilo que se deseja.
Por esse ângulo, o entendimento de Geddel Vieira em relação à classe política – a que ele, inclusive, pertence – se insere naquilo que denominamos “estado de natureza hobbesiano”, ou seja, nossos prestigiados senadores, deputados federais, deputados estaduais, vereadores, presidentes da República, governadores e prefeitos somente agem de maneira ética e sem subterfúgios na relação direta de uma lei que determine uma clara punição para um ato ilícito. Como o próprio nome diz, “caixa dois” já se define como algo ilegal; porém, na lógica hobbesiana do ministro não há ilegalidade porque não há “pacto com uma espada”. Um caso a se pensar.
O que podemos concluir a partir de tudo o quer foi dito acima? Se levarmos em consideração as pesquisas de popularidade sobre a classe política, em todos os lugares do mundo, sugere-se antes de tudo que o senhor ministro repense sua opinião, visto que ela estaria presa à ideia de que a classe política está descolada da sociedade e não lhe deve qualquer explicação.
Porém, talvez a conclusão mais incômoda seja aquela que remete a fala do ministro ao universo hobbesiano. Se ele, como ministro-chefe, deveria se portar como parte efetiva do Estado brasileiro e, portanto, zelar pela paz social e a manutenção de relações éticas em todos os segmentos sociais, ao afirmar que não vê nada de ilegal no “caixa 2” ele rompe com esse fundamento e se posiciona ao lado de todos os demais que buscam tão somente a conquista do poder. Sendo isso verdadeiro, como classificar e o que esperar do Estado no Brasil atual?
*Doutor em Ciência Política; professor do Departamento de Educação e Tecnologias da Universidade Federal de Ouro Preto.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Maquiavel e a manutenção de uma hegemonia esportiva

Texto: Tiago Guioti

Quanto mais espetacularizados, massificados, mobilizadores de grandes grupos sociais e angariadores de grandes investimentos os esportes são, há a necessidade de se obter uma hegemonia esportiva. Isso vale para os atletas, equipes, comissões técnicas, dirigentes e inclusive para os meios de comunicação. Entretanto, mais difícil do que alcançar a hegemonia esportiva é mantê-la e por isso, me pauto em Maquiavel e seus fundamentos sobre Virtú Fortuna para discorrer desse processo dentro do âmbito esportivo.

Maquiavel disserta sobre Virtú e Fortuna na sua obra “O Príncipe” no qual é considerada uma manual de manutenção do poder para monarcas do século XVI. Porém, assim como “O capital” de Marx, essa obra pode ser considera muito contemporânea pois houve e há muitas similaridades entre os governantes atuais e os príncipes antigos na forma de governar seus reinos, sociedades e Estados-nação.

Desta forma, para se manter no poder, os governantes necessitam de um conjunto de qualidades e possibilidades, seja elas quais forem (boas ou más ações), cuja a aquisição o governante passa achar necessária, a fim de manter seu Estado e realizar grandes feitos. Ou seja, a pessoa que governa necessita de Virtú para vencer as incertezas e imprevisibilidades que cercam e ameaçam o seu governo, no qual essa força incerta, que pode ser natural ou humana, é caracterizada como Fortuna (destino). Assim, o dualismo entre Virtú e Fortunaé tido como uma questão de legitimidade e manutenção do poder, ao passo que quanto maior a Virtú (qualidade em manter o poder) menor ou maior controle sobre a Fortuna (imprevisibilidades que ameaçam essa manutenção).  

Levando essa ideia de manutenção do poder por Maquiavel ao esporte, vemos que a busca do poder, que neste caso é a conquista de títulos, campeonatos e etc. se revela muito mais frequente do que a manutenção do mesmo, pelo fato de tanto que o esporte é cercado por imprevisibilidades (Fortuna) e por ser, às vezes, uma roda da sorte. E é menos frequente a manutenção de uma hegemonia esportiva, que neste caso é a conquista de uma série de títulos em um determinado período, dado a dificuldade que se é de controlar os aspectos imprevisíveis do jogo (condições climáticas, local, torcida, fatores psicológicos e sociais, influência da arbitragem, adversidades inesperadas como falhas momentâneas e tantas outras) mesmo para aqueles que possuem qualidades técnicas, táticas, físicas e psicossociais (Virtú) para controlar o destino.


Temos como exemplo de manutenção de hegemonia: o Santos de Pelé; a Itália da década de 1930; o Brasil no final da década de 50 à década de 70; o Barcelona de Messi; o Palmeiras da década de 90; Boca Juniors no começo dos anos 2000; Lakers e Celtics na NBA; Chicago Bulls de Jordan; o Flamengo na NBB; Tiger Woods no golf; Federer no tênis; Schumacher na F1; Boston Red Sox no beisebol; Nova Zelândia no rugby; Brasil no vôlei de quadra e areia; Michael Phelps na natação; Usain Bolt no atletismo; Cuba no boxe; Índia no críquete; Alguns países africanos em provas de longas distância no atletismo; China no badminton.


Assim, fica claro que alguns atletas, times e nações se utilizam de suas Virtús para tentar controlar a Fortuna promovida pelo esporte a fim de manter uma hegemonia esportiva da mesma forma como é evidenciado em relação aos monarcas do século XVI, governantes e ditadores do século XX e líderes mundiais no século XXI de acordo com Maquiavel. 

sábado, 21 de maio de 2016

O falso Machiavel dos golpistas

Em primeiro lugar, parabéns aos blogueiros sujos que, a partir de hoje, se encontram em Belo Horizonte. Os blogs nunca foram tão importantes, nunca representaram, de maneira tão pura, a democracia, se considerarmos a democracia como um regime que respeita não apenas a vontade da maioria (expressa no voto, não em pesquisas privadas), mas também a liberdade de expressão, o conflito pacífico de ideias, a dissidência ideológica, a crítica ao poder.
Não pude comparecer ao evento fisicamente, por conta de uma viagem internacional. Estou acompanhando tudo pela internet, porém, e temos vários correspondentes fazendo a cobertura.
A esquerda ganhou quatro eleições presidenciais consecutivas mas jamais obteve o poder, embora a mídia gostasse de mistificar e exagerar a função da presidência da república na gestão do Estado.
Os aparelhos judiciais no país nunca passaram por um processo de oxigenação democrática. Saímos da ditadura sem mexer em sua estrutura. Pior: ampliamos o seu poder, quiçá seduzidos pelo sonho ingênuo de que, fortalecendo a burocracia estatal civil, ficaríamos protegidos de novo golpe militar.
Sim, aparentemente ficamos livres de novo golpe militar, mas esquecemos que o golpe de 1964 foi também civil. Teve apoio da mídia, dos empresários e do judiciário: dos mesmos que protagonizaram o golpe de Estado de 2016.
Voltando aos blogs, eles sempre denunciaram a ditadura midiática e judicial, e tentaram mostrar à opinião pública que o Executivo, única instância 100% filtrada pelo voto popular nacional, não era o problema principal da nossa sociedade.
Há mais de dois anos que os blogs, em especial este Cafezinho, alertavam para o apagão político do governo. Era preciso atuar politicamente, investir em ações abrangentes e ousadas de contra-informação. Era preciso pensar nisso enquanto estratégia urgente de defesa do interesse nacional!
Sempre tivemos a impressão de que setores do governo, inclusive a própria presidenta, por ter atuado na guerrilha, desenvolveram um estranho preconceito contra a política, como se a política fosse algo subversivo. Como se a luta política ainda fosse uma ação clandestina, guerrilheira, e por isso o correto era não fazer política. O politicamente correto, para um governo que desejava jogar conforme as regras ditadas pelas velhas elites políticas, era abster-se, não se envolver em nenhum tipo de conflito - mesmo que apenas intelectuais, verbais, ou seja, no sentido mais puro e nobre do termo "política" - com seus adversários.
O governo Dilma esqueceu os jovens, desprezou o poder de seu próprio eleitorado, negligenciou tragicamente o debate político, dando espaço ao avanço rápido e avassalador das forças adversárias.
Alertamos também para o avanço das conspirações midiático-judiciais. Era possível prever exatamente onde elas queriam chegar. E foi lá que elas chegaram, infelizmente.
O novo governo, no entanto, liderado por um vice-presidente usurpador, parece guiado por uma leitura apressada de Maquiavel.
Os golpistas esquecem que o grande pensador florentino, embora tenha dado conselhos aos príncipes, era um republicano apaixonado pela liberdade e pela democracia.
De fato, Maquiavel usa de uma franqueza que flerta com a crueldade: no capítulo 5 do Príncipe, ele argumenta que as duas únicas maneiras de dominar países acostumados à liberdade e às leis são: arruinar-lhes, como fez Roma em Cartago, completamente destruída; ou criando, dentro deles, uma elite subserviente e amiga, que seja consciente de que seu poder deriva dos privilégios concedidos pelo príncipe.
O desprezo com que Michel Temer trata os setores que militaram pela vitória da chapa com a qual se elegeu, guarda semelhança com o desprezo de um tirano para com a população de um país estrangeiro dominado através da violência.
Temer despreza a esquerda porque ele sabe que a esquerda tem plena consciência de que ele é um golpista, assim como um povo sabe que um tirano invasor só poderá governar através da violência.
A violência e o desrespeito de Temer, arrasando a administração federal, baixando decretos truculentos, desmantelando programas, nomeando ministros de oposição, apenas se explica pelo medo que ele tem de uma reação.
Michel Temer ainda é um presidente interino. O processo de impeachment ainda será julgado pelo Senado. Sua pressa denota uma arrogância sem limites.
Maquiavel também escreveu um livro sobre a república, em que elogia a democracia e o bom senso do povo; e faz invenctivas contra a tirania.
No capítulo 46 de Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, Maquiavel pondera que sempre que um grupo social obtém o poder de maneira abrupta e pouco legítima, ele tende a se assoberbar, a agredir seus adversários, "como se fosse necessário ofender ou ser ofendido".
Maquiavel defendia, no mesmo livro, o bom senso do povo - e aqui lembro que a opinião do povo apenas pode ser medida pelo sufrágio universal, única "pesquisa" que é regulamentada segundo parâmetros republicanos e democráticos.
No início do capítulo 58 dos Discursos, Maquiavel adverte que dirá uma coisa "fora do senso comum": que o povo, mesmo ao cometer erros, costuma ter, geralmente, opiniões mais prudentes e sábias que os príncipes.
O preconceito contra o povo, diz Maquiavel, dentre outras causas, pode ser explicado por que "se pode falar mal do povo sem medo, mesmo que este esteja no poder (numa república democrática, por exemplo); de príncipes, se fala sempre com muito medo e respeito."
Por aí se entende porque Michel Temer se apressa a demitir até garçons do Palácio, pela simples suspeita de que sejam simpatizantes do PT, e, nos primeiros dias de governo, já plantou notas agressivas contra blogs na grande imprensa chapa-branca: porque ele mesmo se vê como um tirano, ele mesmo demonstra consciência de que seu poder não emana do povo, e sim de uma conjuração golpista de elites corruptas e autoritárias.
Um governo assim não pode tolerar a crítica.
O PT se sustentou no poder por 13 anos, mal ou bem, com toda a grande imprensa promovendo o mais longevo e agressivo ataque político a um governo eleito da história das democracias. As corporações midiáticas que assacavam o governo diuturnamente, eram as mesmas que criminalizavam os blogs porque estes produziam singelos momentos de contra-informação às suas campanhas golpistas.
Hoje a grande imprensa volta a se alinhar ao governo golpista e, ó surpresa, continua criminalizando os blogs, desta vez porque estes... fazem críticas ao governo.
Michel Temer e as oligarquias golpistas que o sustentam já entenderam que tiranias, para se sustentarem, precisam ampliar a repressão. Talvez tenham esquecido, porém, que, ao fazê-lo, produzem mais insatisfação, fortalecem os movimentos de oposição democrática, e preparam o terreno para o retorno à democracia. Aconselha-se, todavia, que a oligarquia não abuse da repressão, se quer que a democracia, quando retornar, consiga controlar os seus próprios impulsos violentos.
Um tirano pode derrubar uma democracia, mas não pode interromper o processo dialético que move a história.
Assim como a tirania nasce, frequentemente, do ódio incontrolável das elites que se sentem prejudicadas pela democracia, a democracia também nasce da insatisfação provocada pela arrogância dos tiranos.
A cada volta da história em que a democracia renasce, ela vem mais forte.
É o que acontecerá quando derrubarmos a nova tirania: viremos infinitamente mais fortes, mais conscientes, mais preparados. Saberemos que, para consolidar a democracia no país, será preciso disseminar a cultura democrática em todas as instituições: polícia, judiciário, mídia, legislativo e executivos.
Parabéns, blogueiros!
O futuro lhes contempla, orgulhoso de seu papel hoje. Enquanto o golpe é uma derrota moral histórica para nossas elites, a resistência dos blogs é o prefácio de uma vitória inexorável do povo brasileiro!
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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Maquiavel nunca escreveu a frase “os fins justificam os meios” – síntese rasteira que gerou mal-entendidos


Você certamente já ouviu alguém dizer que “os fins justificam os meios”. Talvez você mesmo diga isso aos amigos quando comenta a cena nacional, que não anda nada fácil. A frase aparece em todas as conversas sobre política, seja no balcão do bar da esquina, seja no Congresso Nacional, seja nas universidades.

Com frequência, ela é atribuída ao filósofo e político italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), um dos mais ofuscantes gênios do Renascimento. Para muita gente, Maquiavel é tão definitivo que merece o posto de inventor da ciência política. Em sua obra máxima,O príncipe, ele promoveu a separação entre a moral religiosa (católica, para sermos precisos) e a ética política. Ao governante seriam permitidas condutas que um prelado no Vaticano condenaria. Nenhum problema. O que importa na política não é a santidade, mas o êxito das ações que conduzam ao bem do Estado e ao fortalecimento do poder do príncipe.

Maquiavel não “inventou” nenhum novo código para os negócios do governo. Ele apenas compreendeu e registrou a lógica do comportamento dos detentores do poder, que sempre fizeram coisas que os representantes de Deus diriam ser pecado mortal. Maquiavel decifrou as entranhas – as leis ocultas – desse modo de agir e as descreveu com a frieza e a precisão de um estudioso de anatomia e de fisiologista que disseca um cadáver. Assim é que é, goste você ou não.

O curioso é que a tal máxima – “os fins justificam os meios” – não aparece no texto de O príncipe.  Aliás, os estudiosos asseguram que Maquiavel não a escreveu nunca. Mesmo assim, a frase acabou se consagrando como a melhor síntese de todo o seu legado, uma síntese tão rasteira que acabou gerando mal-entendidos.

Hoje, quando um deputado embolsa uma bufunfa no banheiro do restaurante, inventa para si mesmo uma “justificativa maquiavélica” e toca a vida para a frente. “O meu fim é justo e bom”, ele repete, em pensamento. É certo que nosso deputado – fictício, por favor – entendeu tudo errado. A corrupção, disseminada como anda, não revigora nem o Estado nem as instituições, muito menos a Presidência da República. Estraga tudo, isso sim, mas o tal deputado nem liga. Ele se sente moderno como um cartão de crédito com chip, arrojado como um atacante do Barcelona, o próprio príncipe florentino. “Maquiavelismo” é com ele mesmo.

O que nosso deputado – fictício, é bom repetir, estamos falando de um deputado meramente hipotético – não sabe é que, em vez de os fins justificarem os meios, são os meios que determinam os fins. Explicando melhor: quando ele vai lá e aceita a propina, ou quando extorque, ou quando se vende com um sorriso na cara, não está servindo a um fim justo e bom para todos, mas está fabricando um fim que exigirá meios cada vez mais baixos e nocivos.

Não há como ser diferente. Ao lançar mão desse tipo de expediente, o fictício parlamentar e sua contraparte empresarial vão tecendo uma teia de relações obscuras que por sua vez vai determinar o caráter profundo daquele mandato, daquela casa legislativa, daquele país. Os meios empregados em política nunca são um atalho neutro, uma ferramenta que não deixa sinais, um desvio casual que depois ficará no esquecimento. Ao contrário, são a metodologia que acabará por definir o objeto final. Meios corruptos desaguam em métodos corruptos e, então, produzirão fins corrompidos.

Imagine, por exemplo, uma hipotética empresa estatal de petróleo num hipotético país continental. Se os dirigentes dessa companhia são instados a realizar negociatas, sua rotina de trabalho contaminará as finalidades todas da organização. A corrupção estragará a estatal não porque desvia dinheiro, mas principalmente porque desfia o foco com que ela precisa trabalhar. Outra vez, os meios escusos produzem fins escusos e desestruturam os fins que originalmente poderiam ser bons. Não há escapatória.

Essas ideias deveriam vir em socorro dos parlamentares do Congresso Nacional nestes dias. Para uns, o impeachment da presidente da República é o “bem maior” que justifica alegações malfeitas, atropelos formais do processo e assim por diante. Para outros, o “bem maior” é a permanência de Dilma Rousseff, e esse “bem maior” justifica a obtenção de votos com favores prestados pelo manejo obsequioso da máquina pública. Nenhuma dessas condutas, de um lado ou de outro, fortalecerá o Estado brasileiro. Outra vez, veremos que o emprego de certos (errados) meios acabará contaminando o resultado final. É também por isso que, aprovado ou rejeitado o impeachment, o Brasil corre um risco muito sério de ficar pior do que já está.


Fonte: Epoca