Maceió - A interferência de Lula no governo Dilma enfraqueceu a pre-sidente e deixou as mulheres brasileiras frustradas pela indecisão da sua maior representante mostrar-se capaz para resolver crises. A pergunta é: com que autoridade, o ex-presidente assumiu a posição de negociar com políticos em Brasília o fim do escândalo que envolve Palocci, ministro do Gabinete Civil, ex-ministro da Fazenda de seu governo? Se não confiava na Dilma por que botou o nome dela de goela a dentro dos brasileiros, qualificando-a durante toda a campanha como a eficiente administradora do seu governo? A verdade de tudo isso é que a presidente saiu arranhada de toda essa confusão e vai continuar baixando a guarda para os petistas se quiser chegar até o final do mandato. O que se constata com esse episódio é que o Brasil, infelizmente, não tem uma presidente da República. Tem, isto sim, uma empregada do Partido dos Trabalhadores.
Lula reuniu-se com Sarney, com líderes políticos, com presidentes de partidos, com Palocci, em quem deu um esporro, e com a própria Dilma, a quem recomendou distribuir empregos para arrefecer a fúria dos deputados e senadores se quiser que o Congresso trabalhe a seu favor. Passou dois dias em Brasília e saiu de fininho sem que a imprensa se indignasse com a interferência indevida dele no governo da sua sucessora, já que hoje não exerce ne-nhuma função pública. Ora, depois disso tudo ficou claro que o Lula ainda pensa que é o presidente do Brasil - sem mandato e sem votos.
Na reunião com os líderes partidário, Lula foi ovacionado pelos parlamentares que viram nele o interlocutor confiável para levar suas reivindicações a Dilma, já que o Palocci transformou-se em um mi-nistro arrogante com a roupagem de uma espécie de "Primeiro Ministro", espaço que ocupou aproveitando-se da inexperiência política da chefe.
Aí, diante desse rolo todo, você me pergunta: por que a Dilma não chuta o pau da barraca e vai governar sem a interfe-rência dos petistas? Seria o seu suicídio político. Primeiro, ficaria refém dos peemedebistas que, como os vampiros, vivem grudados no pescoço do estado; segundo, não teria autonomia para governador, já que a bancada do seu partido é a maior na Câmara Federal. Como é novata dentro do PT, a presidente não tem jogo de cintura para negociar com seus companheiros com a intimidade que o Lula tinha quando estava à frente do Executivo. Diante disso, devemos concluir que Dilma está numa camisa de força. Seus atos políticos e administrativos sempre serão monitorados pelos petistas que adoram tocar fogo no circo para chegar rapidamente com a esquadra de bombeiros e salvar o que resta dos destroços. Esse é o "fogo amigo" tão temido nos corredores do Palácio do Planalto, que pode inviabilizar o governo de Dilma.
O papel que o Lula vai desempenhar nisso tudo é o de chefe da esquadra dos bombeiros, porque ainda mantém a espe-rança de voltar ao Palácio do Planalto. No momento, como a sucessão ainda está distante, vai posar de conselheiro da rainha. Mas lá pra frente, ele certamente vai torcer pelo fracasso da Dilma para que o povo cada vez mais tenha saudade do seu governo. Esse é o jogo político do Lula, mesmo que não tenha lido uma página sequer de O Príncipe, de Maquiavel.
O confronto
A história mostra que ninguém peita o Congresso Nacional, uma casa que reúne em tese representantes de todos os brasileiros, das mais variadas camadas sociais. É assim desde que o Brasil virou república com dois presidentes alagoanos: marechal Deodoro e Floriano Peixoto. O primeiro foi chutado e o segundo - que era vice - consolidou a transição da monarquia para a república com tropas nas ruas para combater os rebeldes de um canto a outro do país, mas sempre de olho no Congresso Nacional.
O Último
O último exemplo, o mais recente, todos conhecem. Ao ignorar e subestimar a importância do poder Legislativo numa democracia, Collor sofreu impeachment e deixou o governo dois anos e nove meses depois da consagradora vitória do primeiro presidente eleito depois do ditadura militar. Esse é o jogo político. Quem duvidar que se arrisque indo para o confronto.
Socorro
Ao socorrer Palocci, inocentando-o do enriquecimento ilícito, Lula jogou todas as suas fichas para tirar seu ex-ministro dos ataques dos parlamentares e das notícias negativas da mídia. Mas a pergunta é: se o Palocci é esse poço de honestidade por que Lula o demitiu do mi-nistério da Fazenda? O ex-presidente acha que o seu prestígio lhe dar imunidade pra defender corruptos petistas, como os do mensalão, por exemplo.
Maluco?
O ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, diagnosticado como doido pelos petistas paulistas que queriam a presidência do partido, não tem nada de maluco. O cara vive nas badalações das noites cariocas. A síndrome de pânico e de perseguição que contaminava o Zé, segundo os petistas, desapareceu tão logo ele foi afastado da presidência do partido. Na quarta-feira, por exemplo, Zé Eduardo apareceu nas páginas do Globo, sorridente, recebendo uma homenagem no Clube de Engenharia do Rio.
Outro Zé
Zé Dirceu já foi avisado: o Palocci, antes de cair, vai derrubar seu afilhado político no Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sergio, que de articulação política entende a mesma coisa que Lula de fissão nuclear. Depositado no Planalto por Zé Dirceu, seu apadrinhado perdeu posição para Palocci que também assumiu a articulação política do governo. Está caindo por acúmulo de funções - e poder demais.
Vacilo
A bancada governista vacilou na Câmara e a Comissão de Agricultura aprovou requerimento convocando Palocci, o homem do diamante de 20 milhões de reais, para depor.
Perdida
Parlamentares com acesso ao Palácio do Planalto temem pelo pior. Dizem que a presidente Dilma está que nem barata tonta. Pra onde corre alguém está com inseticida para afugentá-la. Muitos já temem pelo estado de saúde dela, depois da pneumonia dupla que a abateu durante alguns dias.
Recado
Ao tomar posse na última segunda-feira no cargo de se-cretario da Pesca, Régis Cavalcante pontuou o seu discurso com algumas críticas ao paternalismo do governo federal, dizendo, entre outras coisas, que a esmola envergonha o homem. Cavalcante disse que o estado precisa promover o desenvolvimento econômico para gerar emprego e renda. E é isso que ele e seus técnicos pretendem implantar em Alagoas melhorando o setor da pesca no estado.
Prestígio
Com o auditório lotado, Cavalcante foi muito aplaudido depois do seu discurso e cumprimentado efusivamente pelo secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado, a quem Cavalcante disse ter sido o grande incentivador da criação da secretaria que vai promover o desenvolvimento, reorganizando o setor pesqueiro ate então marginalizado em outros governos.
Sujeira
De que adianta a belezas naturais de Maceió se os moradores da cidade e os turistas não podem gozar desse espetáculo. As praias estão poluídas, o fedor na orla é insuportável, as lingas pretas ainda invadem a areia e o riacho Salgadinho continua jogando esgoto na praia da Avenida da Paz, condenada pela poluição. Cícero Almeida que se elegeu com a proposta de despoluir o Salgadinho ainda não concretizou o projeto que dorme nas gavetas da prefeitura.
CPIs
Até o mais leigo do eleitor sabe muito bem que CPIs é pra o parlamentar extorquir e melhorar seu caixa de campanha. As criadas na Câmara dos Vereadores e na Assembleia Legislativa não fogem dessa maldita sina.