terça-feira, 28 de junho de 2011

Nicolau Maquiavel morria há 484 anos

Nicolau Maquiavel (em italiano Niccolò Machiavelli; Florença, 3 de maio de 1469 — Florença, 21 de junho de 1527) foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. Desde as primeiras críticas, feitas postumamente por um cardeal inglês, as opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia.
Niccolò di Bernardo dei Machiavelli viveu a juventude sob o esplendor político da República Florentina durante o governo de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra. Depois de servir em Florença durante catorze anos foi afastado e escreveu suas principais obras. Conseguiu também algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto como desejava.
Como renascentista, Maquiavel se utilizou de autores e conceitos da Antiguidade clássica de maneira nova. Um dos principais autores foi Tito Lívio, além de outros lidos através de traduções latinas, e entre os conceitos apropriados por ele, encontram-se o de virtù e o de fortuna.

sábado, 18 de junho de 2011

A cartilha maquiavélica de Gerdau

O que leva um empresário bem-sucedido como Jorge Gerdau à inglória tarefa de tornar a máquina estatal mais eficiente? Ele mesmo conta à DINHEIRO por que se inspirou no pensador italiano Nicolau Maquiavel em sua jornada pública.

O filósofo político Nicolau Maquiavel, ao escrever sua principal obra, O Príncipe, em 1513, criou uma espécie de manual da política. A frase mais famosa atribuída a ele, 'Os fins justificam os meios', é frequentemente utilizada nos dias de hoje - com uma impressionante contemporaneidade - para descrever manobras políticas ou decisões moralmente questionáveis. Na semana passada, no ápice da crise política envolvendo o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, Maquiavel voltou a ser evocado por um dos empresários mais respeitados do País, o gaúcho Jorge Gerdau Johannpeter.

Em entrevista exclusiva à DINHEIRO, o presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, e líder da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, disse que sempre recorre a uma ideia derivada das regras do pensador italiano. 'O empresário tem de cuidar da família, da empresa e da política', disse Gerdau, um dia antes da queda de Palocci. 'Se não cuidar dos políticos, eles estragam tudo de bom que fazemos na empresa.' Não que Gerdau se referisse a ele. Ao contrário, o empresário lamentou a saída do ex-ministro, com quem começava a conviver na Câmara.

Agora, seu maior desafio dentro do governo será vencer a ineficiência do setor público e difundir o conceito de 'transparência absoluta' na máquina estatal. 'Gestão, privada ou pública, não se faz em uma ou duas semanas', afirmou o empresário. 'E as melhorias nos processos de gestão só terão validade com total transparência'. (leia entrevista abaixo)

A experiência de Gerdau poderá render bons dividendos políticos à própria presidente Dilma Rousseff. Em países como Canadá e Suíça, mundialmente reconhecidos pela excelência em gestão pública, é uma prática comum nomear empresários para atuar na política - seja por meio de câmaras independentes, seja na atuação técnica em órgãos estatais. Na África do Sul, em duas ocasiões decisivas na história do país - no fim do apartheid, nos anos 1990, e na preparação para a Copa do Mundo de 2010 - foram criados grupos de empresários para identificar gargalos da administração governamental e indicar soluções para os problemas encontrados.

No caso do pós-apartheid, um plano de integração social proposto por presidentes de grandes empresas, chamado de Programa de Desenvolvimento Econômico Negro (sigla em inglês BEE, para Black Economic Empowerment), conseguiu incluir no mercado de trabalho quatro milhões de trabalhadores negros, em apenas dois anos - o que resultou em crescimento econômico, redução da violência e diminuição das tensões sociais. Também nos anos que antecederam a Copa do Mundo, a mesma câmara conseguiu dar transparência aos investimentos em infraestrutura e, assim, ajudou a atrair investimentos estrangeiros ao país, historicamente sufocado pela corrupção.


O exemplo bem-sucedido da África do Sul e a atual realidade brasileira reforçam que a citação de Maquiavel por Gerdau não é apenas retórica. Durante recente encontro com empresários do setor de marketing, na ADVB-RS, em Porto Alegre, Gerdau confirma que seus trabalhos nos bastidores do poder, em Brasília, já começaram. 'Por enquanto, estamos atuando apenas tecnicamente', afirmou.


O convite da presidente Dilma Rousseff a Gerdau - que terá Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, Antonio Maciel Neto, da Suzano Papel e Celulose, e Henri Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, como companheiros na empreitada pública - não surgiu de jogo de par ou ímpar. Há décadas, Gerdau é um dos empresários mais admirados do País.


Sob seu comando, a Gerdau, antes uma metalúrgica gaúcha de estatura regional, se transformou em uma companhia global com faturamento de US$ 35 bilhões, em 2010, operações em 14 países e quase 50 mil funcionários. 'A saga de Gerdau como empreendedor será, agora, comprovada na esfera pública', disse a presidente Dilma, logo após a nomeação do quarteto de empresários. 'Não tenho dúvidas de que a contribuição deles será fundamental para a modernização dessa empresa chamada Brasil.'

'O combate à corrupção é feito apenas com transparência absoluta'

Passados os primeiros 30 dias da criação da Câmara de Políticas de Gestão, qual é o balanço?

Por enquanto, estamos trabalhando apenas tecnicamente em Brasília. Ainda não há definições de tudo que poderá ser feito. A maturação do nosso trabalho será um processo gradativo. Gestão, privada ou pública, não se faz em uma ou duas semanas. Vamos desenvolver conceitos para, depois, iniciar os trabalhos.

Algo específico no combate à corrupção?

Não vou comentar nada sobre os recentes acontecimentos de Brasília. Não vou falar sobre o ministro Antônio Palocci. Não adianta perguntar.


Mas a pergunta não foi sobre o ministro Palocci. Esse silêncio não pode colocar em risco a credibilidade de quem é honesto dentro do governo?

O que posso dizer é que combate à corrupção é feito apenas com transparência absoluta. As melhorias nos processos de gestão só terão validade com total transparência. Caso contrário, não adianta nada. Vocês, da imprensa, precisam entender que o Brasil vive uma oportunidade fantástica e que faremos, dentro do governo, um trabalho técnico, sólido e permanente. Assim, vamos conquistar etapa por etapa.

Redução dos impostos é uma etapa?

A carga tributária é importante como parte do processo de melhoria da gestão pública, mas existem outras prioridades. Redução de impostos será a última etapa.

O ritmo do PIB já está desacelerando?

O Brasil vai bater novas taxas recordes de crescimento no futuro. O que precisa acontecer agora é uma correção das disparidades, um ajustamento balanceado.

O que mais pretende levar a Brasília?

Sempre faço uma análise do comportamento de meu pai. Ele mandava pagar as duplicatas da empresa dois dias antes do vencimento para não correr o risco de ser chamado de desonesto. Existe um conceito básico que aprendi e carrego comigo para aonde vou. Acho que a gestão tem que ser uma extensão do que você quer na sua casa.

Vai erguer a bandeira da ética?

Ética tem certo conteúdo acadêmico. Prefiro a palavra integridade. Se o presidente acha que sou íntegro, não estou preocupado. Quero saber o que o meu operário acha de mim. Se a gente pratica esses valores no nosso dia a dia, coisas boas acontecem naturalmente. Outra coisa: não adianta mentir para jornalista. Vocês descobrem a verdade antes de terminar a resposta.

Essa postura faz parte da diplomacia?

Sempre recorro a uma ideia derivada das regras de Maquiavel de que o empresário tem de cuidar da família, da empresa e da política. Se não cuidar dos políticos, eles estragam tudo de bom que eu fiz na empresa. Outra que gosto é que devemos fazer o mal de uma só vez e a bondade aos pouquinhos. Não que esse seja meu caso.

Fonte:Istoédinheiro

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Nicolau Maquiavel e o ex-ministro Palocci

O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) avaliou como "um bom sinal" a escolha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a chefia da Casa Civil. A petista substituiu na quarta-feira o ex-ministro-chefe Antonio Palocci. "A escolha de Gleisi Hoffmann para a Casa Civil é um bom sinal e torço para que ela e os que ainda sobram no PT possam vencer essa luta interna entre os que somente anseiam o poder em benefício próprio e aqueles que querem de fato servir ao povo", escreveu Goldman em seu blog. O tucano recorreu a uma máxima atribuída ao pensador italiano Nicolau Maquiavel para caracterizar o ex-ministro. "Palocci faz parte daquela gama de homens que vão ao extremo na concepção de que os fins justificam os meios", escreveu.

Não é a primeira vez que o ex-governador faz críticas duras ao ex-titular da Casa Civil. No decorrer da crise, também em seu blog, o tucano apontou que o enriquecimento "tão rápido" de Antonio Palocci "não é aceitável em um homem público" e cobrou esclarecimentos do ex-ministro, referindo-se ao crescimento do patrimônio de Palocci, de R$ 20 milhões em quatro anos. A posição de Alberto Goldman divergiu da de alguns tucanos, como os ex-governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), que evitaram fazer ataques diretos ao petista.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dilma, a empregada do PT

Maceió - A interferência de Lula no governo Dilma enfraqueceu a pre-sidente e deixou as mulheres brasileiras frustradas pela indecisão da sua maior representante mostrar-se capaz para resolver crises. A pergunta é: com que autoridade, o ex-presidente assumiu a posição de negociar com políticos em Brasília o fim do escândalo que envolve Palocci, ministro do Gabinete Civil, ex-ministro da Fazenda de seu governo? Se não confiava na Dilma por que botou o nome dela de goela a dentro dos brasileiros, qualificando-a durante toda a campanha como a eficiente administradora do seu governo? A verdade de tudo isso é que a presidente saiu arranhada de toda essa confusão e vai continuar baixando a guarda para os petistas se quiser chegar até o final do mandato. O que se constata com esse episódio é que o Brasil, infelizmente, não tem uma presidente da República. Tem, isto sim, uma empregada do Partido dos Trabalhadores.

Lula reuniu-se com Sarney, com líderes políticos, com presidentes de partidos, com Palocci, em quem deu um esporro, e com a própria Dilma, a quem recomendou distribuir empregos para arrefecer a fúria dos deputados e senadores se quiser que o Congresso trabalhe a seu favor. Passou dois dias em Brasília e saiu de fininho sem que a imprensa se indignasse com a interferência indevida dele no governo da sua sucessora, já que hoje não exerce ne-nhuma função pública. Ora, depois disso tudo ficou claro que o Lula ainda pensa que é o presidente do Brasil - sem mandato e sem votos.

Na reunião com os líderes partidário, Lula foi ovacionado pelos parlamentares que viram nele o interlocutor confiável para levar suas reivindicações a Dilma, já que o Palocci transformou-se em um mi-nistro arrogante com a roupagem de uma espécie de "Primeiro Ministro", espaço que ocupou aproveitando-se da inexperiência política da chefe.

Aí, diante desse rolo todo, você me pergunta: por que a Dilma não chuta o pau da barraca e vai governar sem a interfe-rência dos petistas? Seria o seu suicídio político. Primeiro, ficaria refém dos peemedebistas que, como os vampiros, vivem grudados no pescoço do estado; segundo, não teria autonomia para governador, já que a bancada do seu partido é a maior na Câmara Federal. Como é novata dentro do PT, a presidente não tem jogo de cintura para negociar com seus companheiros com a intimidade que o Lula tinha quando estava à frente do Executivo. Diante disso, devemos concluir que Dilma está numa camisa de força. Seus atos políticos e administrativos sempre serão monitorados pelos petistas que adoram tocar fogo no circo para chegar rapidamente com a esquadra de bombeiros e salvar o que resta dos destroços. Esse é o "fogo amigo" tão temido nos corredores do Palácio do Planalto, que pode inviabilizar o governo de Dilma.

O papel que o Lula vai desempenhar nisso tudo é o de chefe da esquadra dos bombeiros, porque ainda mantém a espe-rança de voltar ao Palácio do Planalto. No momento, como a sucessão ainda está distante, vai posar de conselheiro da rainha. Mas lá pra frente, ele certamente vai torcer pelo fracasso da Dilma para que o povo cada vez mais tenha saudade do seu governo. Esse é o jogo político do Lula, mesmo que não tenha lido uma página sequer de O Príncipe, de Maquiavel.

O confronto

A história mostra que ninguém peita o Congresso Nacional, uma casa que reúne em tese representantes de todos os brasileiros, das mais variadas camadas sociais. É assim desde que o Brasil virou república com dois presidentes alagoanos: marechal Deodoro e Floriano Peixoto. O primeiro foi chutado e o segundo - que era vice - consolidou a transição da monarquia para a república com tropas nas ruas para combater os rebeldes de um canto a outro do país, mas sempre de olho no Congresso Nacional.

O Último

O último exemplo, o mais recente, todos conhecem. Ao ignorar e subestimar a importância do poder Legislativo numa democracia, Collor sofreu impeachment e deixou o governo dois anos e nove meses depois da consagradora vitória do primeiro presidente eleito depois do ditadura militar. Esse é o jogo político. Quem duvidar que se arrisque indo para o confronto.

Socorro

Ao socorrer Palocci, inocentando-o do enriquecimento ilícito, Lula jogou todas as suas fichas para tirar seu ex-ministro dos ataques dos parlamentares e das notícias negativas da mídia. Mas a pergunta é: se o Palocci é esse poço de honestidade por que Lula o demitiu do mi-nistério da Fazenda? O ex-presidente acha que o seu prestígio lhe dar imunidade pra defender corruptos petistas, como os do mensalão, por exemplo.

Maluco?

O ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, diagnosticado como doido pelos petistas paulistas que queriam a presidência do partido, não tem nada de maluco. O cara vive nas badalações das noites cariocas. A síndrome de pânico e de perseguição que contaminava o Zé, segundo os petistas, desapareceu tão logo ele foi afastado da presidência do partido. Na quarta-feira, por exemplo, Zé Eduardo apareceu nas páginas do Globo, sorridente, recebendo uma homenagem no Clube de Engenharia do Rio.

Outro Zé

Zé Dirceu já foi avisado: o Palocci, antes de cair, vai derrubar seu afilhado político no Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sergio, que de articulação política entende a mesma coisa que Lula de fissão nuclear. Depositado no Planalto por Zé Dirceu, seu apadrinhado perdeu posição para Palocci que também assumiu a articulação política do governo. Está caindo por acúmulo de funções - e poder demais.

Vacilo

A bancada governista vacilou na Câmara e a Comissão de Agricultura aprovou requerimento convocando Palocci, o homem do diamante de 20 milhões de reais, para depor.

Perdida

Parlamentares com acesso ao Palácio do Planalto temem pelo pior. Dizem que a presidente Dilma está que nem barata tonta. Pra onde corre alguém está com inseticida para afugentá-la. Muitos já temem pelo estado de saúde dela, depois da pneumonia dupla que a abateu durante alguns dias.

Recado

Ao tomar posse na última segunda-feira no cargo de se-cretario da Pesca, Régis Cavalcante pontuou o seu discurso com algumas críticas ao paternalismo do governo federal, dizendo, entre outras coisas, que a esmola envergonha o homem. Cavalcante disse que o estado precisa promover o desenvolvimento econômico para gerar emprego e renda. E é isso que ele e seus técnicos pretendem implantar em Alagoas melhorando o setor da pesca no estado.

Prestígio

Com o auditório lotado, Cavalcante foi muito aplaudido depois do seu discurso e cumprimentado efusivamente pelo secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado, a quem Cavalcante disse ter sido o grande incentivador da criação da secretaria que vai promover o desenvolvimento, reorganizando o setor pesqueiro ate então marginalizado em outros governos.

Sujeira

De que adianta a belezas naturais de Maceió se os moradores da cidade e os turistas não podem gozar desse espetáculo. As praias estão poluídas, o fedor na orla é insuportável, as lingas pretas ainda invadem a areia e o riacho Salgadinho continua jogando esgoto na praia da Avenida da Paz, condenada pela poluição. Cícero Almeida que se elegeu com a proposta de despoluir o Salgadinho ainda não concretizou o projeto que dorme nas gavetas da prefeitura.

CPIs

Até o mais leigo do eleitor sabe muito bem que CPIs é pra o parlamentar extorquir e melhorar seu caixa de campanha. As criadas na Câmara dos Vereadores e na Assembleia Legislativa não fogem dessa maldita sina.

Fonte:Noticia

quarta-feira, 8 de junho de 2011

POLÊMICA

Estaria Nicolau Maquiavel correto e os fins realmente justificam os meios? A pergunta ronda insistentemente a coluna depois da leitura da matéria “Sobre o Projeto de lei n122”, na mais recente edição do Informe IBC, semanário da Igreja Batista Central de Fortaleza. Com o intuito de conclamar as famílias a lutar contra “o avanço de leis que. em nome da busca de direitos privilegiados para homossexuais, erguem novos muros na democracia”, a publicação alerta para o perigo da aprovação do projeto que criminaliza a homofobia.

Literalmente, está lá impresso: “A redação da PL 122, bem como de outras iniciativas nessa área,dá margens à situações preocupantes, como: Cotas para LGBT em tudo quanto é área; Programa Primeiro Emprego para LGBT; criação de uma ‘bolsa gay’, onde o governo seja obrigado a sustentar especificamente aqueles que forem LGBT; reforma agrária específica para os LGBT; e criação de uma polícia só de gays, lésbicas e travestis, que espanque, ponha na cadeia ou mesmo mate as pessoas que causem incômodo aos LGBT”; entre outras desgraças, obviamente.

Passado o estranhamento inicial (qualquer cidadão que realmente tenha lido na íntegra o PL 122 sabe que nada disto está previsto lá), Cena G procurou o pastor responsável pela IBC, Armando Bispo, e pediu que ele apontasse, no documento, a origem destas supostas ações. O líder religioso respondeu, por email. “Por uma questão hermenêutica, não seria justo requerer a exata expressão textual do que o autor disse, uma vez que o mesmo escreve: ‘A redação do PL 122/2006, bem como outras iniciativas nessa área, dá margem à situações preocupantes, como:’, ou seja - dar margem - diz respeito a uma situação que poderia derivar por lei ou por interpretação da mesma em tudo aquilo que o autor declinou”.

Muito cordialmente, Bispo encaminhou as questões para Ricardo Marques, autor da matéria, que também respondeu por email à coluna. “A fonte principal é o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, promovido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça”. E ainda informou que ”Os referidos itens, inclusive, constam do ‘famoso’ panfleto veiculado país afora pelo deputado federal Jair Bolsonaro (intitulado “Informativo Kit Gay”)”. Ah, bom.

Com todo o respeito que esses líderes religiosos merecem, cabem aqui alguns esclarecimentos. O primeiro deles é que o tal Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT nada tem a ver com o PL 122. É resultado da 1ª Conferência Nacional GLBT, ocorrida em Brasília em junho de 2008 e traz diretrizes de ações para políticas públicas, não leis. Aliás, o prazo para a maioria delas já está vencido - e não consta nele a instituição da pena de morte para homofóbicos, como faz crer o Informe da IBC, assim como vários dos outros absurdos.

É até compreensível que alguns fundamentalistas queiram que suas convicções comandem um Estado laico. O que é inacreditável é ver que há pastores, na acepção primeira do termo, que optam por aterrorizar seus rebanhos com ameaças inexistentes para que assim eles lhe sejam totalmente submissos.

Fonte:Opovo