segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Aluno de sociologia diz que filósofos tornaram Enem 'complicado'


O estudante universitário Fernando Morgato, de 24 anos, que realizou o Enem neste sábado (3), avalia que os textos de autores clássicos como Nicolau Maquiavel e do filósofo Charles Montesquieu deixaram a prova "complicada" para alunos do Ensino Médio que tiverm pouco contato com esse tipo de texto. Por estudar sociologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Morgato avalia que foi bem nessa parte da prova.
"São autores com os quais eu tive contato neste ano, tenho quase certeza que a galera mais jovem, que faz o exame pela primeira vez, não teve", afirmou. Os textos clássicos foram usados em perguntas interpretativas. Para Morgato, contudo, o esse tipo de texto é pouco usado no Ensino Médio, especialmente nas escolas públicas.
"Citaram trechos do livro do Norbert Elias, O Processo Civilizador, citaram Maquiavel, o terceiro capítulo de O Príncipe em que ele fala sobre conjuntura, Montesquieu, Habermas sobre a história da sociologia".
Se por um lado ele diz ter tido um bom desempenho, prevê que vai "bater canela" na prova deste domingo, que tem questões de matemática. "Meu forte é a área de humanas", diz
A opinião de Morgato contrasta com a do técnico em informática Roberto Carlos, de 36 anos. Para ele, apesar de serem textos clássicos, pouco conhecidos de muitos alunos, a interpretação das questões em si não foi difícil. "A prova como um todo foi um pouco mais difícil que a do ano passado, que estava muito fácil. Mas acho que o problema hoje não foram os textos", disse.
Início
A correria para entrar na Uninove começou por volta das 12h50. Alunos vinham de todas as direções preocupados com o horário. Muitos corriam na Estação Barra Funda, que fica ao lado, onde pessoas gritavam quantos minutos faltavam para as 13h. Exatamente neste horário, um estudante se jogou no chão para conseguir passar por debaixo do portão, que já era fechado.

A estudante Kathiane Oliveira, de 17 anos, contava que uma amiga próxima perdeu a prova no ano passado por 15 minutos. Por isso, Kathiane resolveu não dar brecha para o azar e chegou quase duas horas antes, às 11h20. “Dá pena. A pessoa estuda o ano inteiro e perde a prova. Não queria isso para mim”, disse a jovem, que veio acompanhada da mãe. Kathiane faz a prova para ajudar a compor sua nota no processo seletivo para o curso de medicina.
A massoterapeuta Fátima Maria Barreto, de 58 anos, era a primeira na fila. Ela é deficiente visual e chegou cedo para entregar um laudo médico sobre seu estado de saúde. Fátima fará a prova auxiliada por duas pessoas, uma para ler e outra para escrever o que ela ditar. Haverá ainda um fiscal acompanhando. “Quero fazer jornalismo e ser repórter. Se tiver que ir para coletiva de imprensa brigar por espaço entre os jornalistas eu vou”, afirmou a massoterapeuta, que é deficiente visual há dez anos. Ela perdeu a visão após ser atropelada em um cruzamento na Lapa, Zona Oeste da cidade.
Primeira da fila para entrar em local de prova, a deficiente visual Fátima Barreto (Foto: Márcio Pinho/G1)
Primeira da fila para entrar em local de prova, a
deficiente visual Fátima Barreto
(Foto: Márcio Pinho/G1)
Entre os inscritos para o Enem, vendedores tentavam lucrar com a prova. Canetas eram vendidas por R$ 2 e garrafas de água por R$ 2,50. A realização da prova também provoca sujeira, já que encartes com propagandas de cursinhos estão espalhados pelas calçadas.
Exame
A prova deste sábado tem 45 questões de múltipla escolha sobre ciências humanas e outras 45 sobre ciências da natureza. No domingo (4) acontece a segunda prova, com 45 questões de linguagens e códigos, que engloba português e inglês ou espanhol, e mais 45 questões de matemática. No segundo dia de provas, os candidatos terão ainda de fazer uma redação.

Ao todo, o Enem deste ano teve 5.791.287 inscritos. No Estado de São Paulo são mais de 932 mil. O custo total do governo para a aplicação das provas será de R$ 266.399.202,00.

Fonte: G1

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