por Celso Miranda
O que é mais difícil de entender, no mundo atual, que a disposição de governantes ou líderes de suas nações de enviar homens para a guerra? O que é mais difícil de entender que a disposição dos soldados de morrerem por seus países? E, no entanto, eles o fazem.
A leitura de A Arte da Guerra (Campus), de Nicolau Maquiavel, não deve convencer nenhum pacifista da utilidade da guerra. Tampouco vai demover seus promotores de continuar resolvendo suas diferenças no braço. O principal efeito do clássico volume, escrito por volta de 1520, é deixar entrever como a hierarquia, o patriotismo e a religião foram – e sempre serão – usados para manejar os humores de quem morre e de quem envia à morte seus homens. “Todas as artes apresentadas à sociedade para o benefício comum da humanidade e todas as leis que foram instituídas para obrigá-los a viver no temor a Deus e em obediência às leis humanas seriam inúteis e sem sentido se não fossem sustentadas e defendidas por uma força militar”, escreveu.
Para Maquiavel, deve-se ensinar ao bom soldado fidelidade, amor à paz e temor a Deus. “Quem deve ser mais fiel que o homem a quem se confia a segurança do país? Quem deve amar mais a paz que aqueles que sofrem na guerra? Quem tem mais obrigação de adorar a Deus que os soldados, diariamente expostos a inúmeros perigos, homens que mais precisam receber Sua proteção?”
A guerra torna-se um instrumento do Estado para garantir seu poder. Não mais vinganças ou duelos. Guerra é guerra e o que importa é vencer. A esse objetivo submetem-se todas as iniciativas e interesses.
Fonte: História.abril
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