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"O objetivo do príncipe no romance é a manutenção do poder. Isso não se aplica mais. Hoje temos eleições - embora ainda existam pessoas interessadas em permanecer", disse Fernando Henrique, arrancando gargalhadas de uma pequena mas seleta plateia, formada tanto por fãs como por empresários e banqueiros.
Aplaudido ao chegar à casa utilizada pela editora como sua sede em Paraty, o ex-presidente apresentava-se mais relaxado que na noite anterior, quando fez a palestra de abertura da Flip, sobre a obra de Gilberto Freyre, diante de quase mil pessoas. "Ele e Maquiavel não são comparáveis, pois Freyre diminuiu o valor do poder político do Estado", disse o sociólogo, autor do prefácio da nova edição de O Príncipe.
Depois de ouvir um irônico comentário de Rushdie sobre ex-presidentes americanos ("Todos, nessa condição, ficam mudos"), Fernando Henrique disse que tenta manter a mesma postura e que vai cobrar isso de seu sucessor. "Lula disse que vai se calar. Vamos esperar para ver."
Durante seus oito anos de mandato presidencial, Fernando Henrique disse que procurou alertar os historiadores para se preocuparem com fatos e não intenções. "Muitas vezes, não estamos ainda bem certos do que fazer", disse. "Não podemos ser julgados por isso." E arrematou: "Eu não posso me comparar com Maquiavel. Eu fui um príncipe. Ele, não".
Fonte:Gaz.com
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