terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ao falar sobre Maquiavel, FHC ironiza os que querem ficar no poder

A premissa do encontro era discutir uma nova versão do clássico O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, recém lançada pela Companhia das Letras e paixão comum dos dois debatedores. Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o escritor inglês de origem indiana Salman Rushdie aproveitaram hoje, 5, para ironizar a própria política, durante um rápido debate em Paraty, à parte da programação da 8ª Festa Literária Internacional.

"O objetivo do príncipe no romance é a manutenção do poder. Isso não se aplica mais. Hoje temos eleições - embora ainda existam pessoas interessadas em permanecer", disse Fernando Henrique, arrancando gargalhadas de uma pequena mas seleta plateia, formada tanto por fãs como por empresários e banqueiros.

Aplaudido ao chegar à casa utilizada pela editora como sua sede em Paraty, o ex-presidente apresentava-se mais relaxado que na noite anterior, quando fez a palestra de abertura da Flip, sobre a obra de Gilberto Freyre, diante de quase mil pessoas. "Ele e Maquiavel não são comparáveis, pois Freyre diminuiu o valor do poder político do Estado", disse o sociólogo, autor do prefácio da nova edição de O Príncipe.

Depois de ouvir um irônico comentário de Rushdie sobre ex-presidentes americanos ("Todos, nessa condição, ficam mudos"), Fernando Henrique disse que tenta manter a mesma postura e que vai cobrar isso de seu sucessor. "Lula disse que vai se calar. Vamos esperar para ver."

Durante seus oito anos de mandato presidencial, Fernando Henrique disse que procurou alertar os historiadores para se preocuparem com fatos e não intenções. "Muitas vezes, não estamos ainda bem certos do que fazer", disse. "Não podemos ser julgados por isso." E arrematou: "Eu não posso me comparar com Maquiavel. Eu fui um príncipe. Ele, não".

Fonte:Gaz.com

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