domingo, 20 de março de 2011

O estilo Palocci

Em todo governo existe e existirá sempre um ministro que é mais ministro do que todos os outros ministros. Com o comando na mão da presidente Dilma Rousseff, o chefe da Casa Civil, ministro Antônio Palocci, é o nome da vez. Não foi por acaso que ele recebeu outra atribuição para o gabinete mais movimentado do Palácio do Planalto, no quarto andar. Já tratando de quase tudo no governo, monitorando os colegas, Palocci passou a ter mais uma atribuição, delegada pela sua chefe, que decidiu que ele irá também assumir o comando de ações e de tudo o mais sobre as mudanças climáticas. Até a-queles que não gostam de Palocci jamais ousariam dizer que ele não é preparado para qualquer missão governamental, e Dilma sabe que ele é do tipo que recebe uma missão e a cumpre com eficiência.

Mas Antônio Palocci tem é que ficar atento ao ciúme, que sempre prevalece no poder. Quanto a isso, ele não está imune, por mais que a sua chefe demonstre um bom conceito dele, até porque ciúme de homem com colegas é pior do que ciúme de mulher. Pelo menos até agora, o ministro nem de longe experimentou a sensação de que está ocupando uma poltrona ejetável, aquela que basta ser acionada por um botão para que despenque na Praça dos Três Poderes. Mas os ciumentos e invejosos não conseguirão nada contra ele, pelo menos por enquanto.

Não é preciso tornar “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, uma espécie de bíblia política para se salvar de qualquer adversário ou invejoso, até porque ninguém estaria disposto a conspirar contra ele, porque estaria colocando o pescoço em uma guilhotina. Conspirar contra uma peça importante no xadrez do terceiro andar é simplesmente uma falta completa de inteligência. Por enquanto, seus detratores não ousarão, a não ser que enxerguem alguma fresta na retaguarda do ministro que é o homem pronto para encontrar soluções de qualquer problema.

Dilma Rousseff tem o conceito de que delega funções a quem confia, sem restrições, e prestigia o núcleo de profissionais de cuja liderança o ministro da Casa Civil é o primeiro. Ela, que ocupou o gabinete no quarto andar, sabe perfeitamente que por lá as coisas não são fáceis. Tanto é assim que o “bruxo” Golbery do Couto e Silva, depois de sobreviver ao prussiano Ernesto Geisel, acabou sucumbindo no governo do general João Batista de Figueiredo, de quem fez de tudo para assumir a sucessão como o último militar a presidir o país. Figueiredo não hesitou em ejetá-lo da poltrona que era mais importante do que a do presidente de plantão.

Antônio Palocci está longe de ser um Golbery, até porque não tem qualquer fama de bruxo, muito pelo contrário: ele é de ouvir muito e falar pouco. Se alguém levar alguma intriga em uma conversa com ele, Palocci finge que não escuta.


Foi justamente por isso que Golbery perdeu o gabinete que só perde para o de Dilma em poder.

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