segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Contando a divertida história baseada em conto de Nicolau Maquiavel, o Circo Tupiniquim narra as venturas e desventuras do casamento

Algo estranho se passava no inferno. O tempo todo, pais de família chegavam sem lenço, sem documento, sem nada. Antes abastados, os maridos que adentravam os portões do sobrenatural eram logo condenados ao fogo eterno, por causa de seus pecados e dívidas impagáveis dos tempos de vida terrena. E de quem era a culpa? Ora, delas, sempre elas, as mulheres, diziam eles. As mulheres eram o problema-mor, as verdadeiras cobras venenosas, que desde os tempos do bom e velho Adão atormentavam os pobres homens e os induziam a tanto desregramento. Por isso, a condenação caberia às mulheres e não aos pobres varões.
Desconfiado e com sua veia investigativa aguçada, o cão dos infernos, que entre alguns nomes carinhosos para os mais íntimos atende também por Belzebu, resolve enviar um de seus homens de confiança, o arquibanqueiro Delfim Merdeles, para viver a grande e talvez suicida aventura do casamento, a fim de desvendar todo o mistério. A história surreal, baseada no conto Belfagor, do florentino Nicolau Maquiavel (1469 - 1527), se transforma numa trama ainda mais hilária com o Circo Tupiniquim, que estreia hoje, 5, na sede do grupo, o espetáculo A Farsa Do Diabo Que Virou Gente, direcionado ao público adulto.
Trabalhando com uma temática universal e ao mesmo tempo sempre atual (o casamento), a trupe do Tupiniquim usa uma linguagem fluida e bem humorada, gerando uma aproximação entre os bonecos e o público, que se identifica com a narrativa e pode dar boas risadas. “A peça fala de inferno, casamento, mas não tem nada de religião. É apenas uma ilustração pra trazer o problema, que é engraçado”, explica o diretor da montagem, Omar Rocha. Segundo ele, houve um cuidado para que o texto, escrito por Oswald Barroso, ganhasse elementos mais atuais, sobretudo na imagem do feminino, já que o texto que serviu de base, escrito por Maquiavel ainda na Idade Média, trazia uma visão atrasada da mulher, envolta em preconceitos e privações. “Tem um pouco de crítica social, mas a gente faz mesmo é uma comédia, sem muito compromisso, que busca o riso”, ressalta o diretor.
O projeto foi vencedor do Edital Das Artes da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), em 2010. A história acompanha a trajetória de Delfim Merdeles, que desce à Terra para passar dez anos em um casamento e descobrir se a mulher realmente é a culpada pela decadência dos matrimônios e da sociedade. “Só que ele se apaixona e aí no final tem algumas surpresas”, diz Omar.
No picadeiro, bonecos de mamulengo, teatro de sombras e bonecos de vara interagem com o público, que acompanha de perto e participa do espetáculo. À medida que as cenas vão se sucedendo, a plateia vai girando em torno do espetáculo e algumas pessoas são convidadas a participar da brincadeira. Além disso, música regional ao vivo com zabumba, triângulo e sanfona. Para completar, degustação de vinho junto com o público, em homenagem ao deus Dioniso.
Serviço

A farsa do diabo que queria ser gente


O quê: Espetáculo de teatro de bonecos da companhia

Circo Tupiniquim

Quando: hoje, 5, às 19h, e em todos os sábados de novembro

Onde: Sede do Circo Tupiniquim (CE 040, km 12, na continuação da avenida Washington Soares, entre Eusébio e Aquiraz)
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)Outras informações: 3260 2292/ 8811 6690

Fonte:Opovo

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