segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Existe uma banalização da justiça contra os poderosos?

Os novos e os antigos poderosos dos Executivos e Legislativos não se cansam de reclamar - os órgãos de fiscalização, notadamente os promotores públicos, estariam exagerando no cumprimento de suas funções. E estão. Emitem ofícios, abrem processos, debatem na imprensa, processam e, especialmente, prendem aqueles que, até há pouco, agiam e se sentiam "donos do poder". O tempo dos ultrapoderosos do Executivo passou...
As novas atribuições dos promotores pertenciam aos delegados de polícia e aos membros dos legislativos. Foram tão somente ampliadas e modernizadas. A polícia civil se encarregava da prisão dos poderosos. Aos vereadores, deputados e senadores era atribuído o poder de fiscalizar os membros das prefeituras, governos estaduais e federal. Era. Na prática, isso deixou de existir.
Perderam os poderes porque não os praticaram. Pior. Muitos, deles, se locupletaram.
Partidarizaram, esqueceram de prestar serviço para a sociedade e foram fazer genuflexões aos poderosos. Os promotores, jovens em sua maioria, ocuparam os espaços, ocuparam um vácuo que existia desde dezenas de anos. Talvez, desde sempre. Delegados e parlamentares perderam seus poderes. Provavelmente, para sempre. Enquanto corporações, estão diminuídos em suas ações. Também não gozam de credibilidade ou respeito.
Mas, afinal, existe uma banalização dos promotores de justiça contra os poderosos? A resposta é que existem exageros, no meio de acertos. São decorrentes de atos de afirmação, de gerir o que é novo. Ainda estão aprendendo e medindo suas forças reais. "Espicham" as leis para ver até onde é possível chegar. Também há o erro, esperado para quem estuda, dos exageros midiáticos. Não podem ver uma câmera de televisão ou um repórter sem emitir opiniões ou proferir sentenças, usurpando o papel dos juízes. São apenas 3 ou 4 anos de verdadeiro poder. Muito pouco tempo para eles, e parcela ponderável da população, estabelecerem os reais limites de seus poderes.
Terão de aprender a usar a arma que a sociedade lhes legou, sem perder a bala, sem desperdiçar o cacife de credibilidade que lhes foi legado. Terão de aprender a não apresentar denúncias vazias ou raquíticas. Não podem banalizar. Também não podem denunciar gregos e deixar incólumes troianos. Terão de entender que os poderosos hoje tremem com suas ações. E respeitar esse temor reverencial. Não podem desejar a extinção do poder executivo. Atualmente, uma parcela de loucura, ou de desconhecimento, acomete aqueles que ousam aceitar um cargo de secretário municipal. 
A continuar, abandonarão os cargos, pedirão demissão. As notícias que chegam dos bastidores da administração municipal dizem que quase todos estão vivendo sob a égide do temor, alguns do terror. Há poucos dias chegaram ao porto do poder, preparam as malas para o retorno a seus lares.

O novo Maquiavel e as antigas Leis do Poder
Em sua posse com prefeito de São Paulo, João Dória, citou um autor norte americano, cujo livro de estréia, "As 48 Leis do Poder", vem sendo comparada a "O Príncipe", obra póstuma de Nicolau Maquiavel, clássico da ciência política. O livro do norte americano vem sendo considerado a "Nova Bíblia dos Políticos". É um best-seller sobre poder, estratégia e sedução. A lei mais polêmica: "destrua seus inimigos completamente", é uma das causadoras do sucesso desse livro, que vem sendo lido e usado não só por políticos, mas também por empresários e administradores. Mas também há o "Mantenha as mãos limpas". Em verdade é uma releitura de Maquiavel, uma modernização do antigo pensamento sobre o poder. Vamos a elas:

1. Não ofusque o brilho do mestre.
2. Não confie demais nos amigos, aprenda a usar os inimigos.
3. Oculte as suas intenções.
4. Diga sempre menos do que o necessário.
5. Muito depende da reputação, dê a própria vida para defende-la.
6. Chame atenção a qualquer preço.
7. Faça os outros trabalharem por você, mas sempre fique com o crédito.
8. Faça as pessoas virem até você, use uma isca, se for preciso.
9. Vença por suas atitudes, não discuta.
10. O contágio: evite o infeliz e azarado.
11. Aprenda a manter as pessoas dependentes de você.
12. Use a honestidade e generosidade seletiva para desarmar a sua vítima.
13. Ao pedir ajuda, apele para o egoísmo das pessoas, jamais para a sua misericórdia ou gratidão.
14. Banque o amigo, aja como espião.
15. Aniquile totalmente o inimigo.
16. Use a ausência para aumentar o respeito e a honra.
17. Mantenha os outros em um estado latente de terror, cultive uma atmosfera de imprevisibilidade.
18. Não construa fortalezas para se proteger, o isolamento é perigoso.
19. Saiba com quem está lidando, não ofenda a pessoa errada.
20. Não se comprometa com ninguém.
21. Faça-se de otário para pegar os otários, pareça mais bobo do que o normal.
22. Use a tática da rendição: transforme a fraqueza em poder.
23. Concentre as suas forças.
24. Represente o cortesão perfeito.
25. Recrie-se.
26. Mantenha as mãos limpas.
27. Jogue com a necessidade que as pessoas tem de acreditar em alguma coisa para criar um séquito de devotos.
28. Seja ousado.
29. Planeje até o fim.
30. Faça suas conquistas parecerem fáceis.
31. Controle as opções: quem dá as cartas é você.
32. Desperte a fantasia das pessoas.
33. Descubra o ponto fraco de cada um.
34. Seja aristocrático ao seu próprio modo, aja como um rei para ser tratado como tal.
35. Domine a arte de saber o tempo certo.
36. Despreze o que não puder ter: ignorar é a melhor vingança.
37. Crie espetáculos atraentes.
38. Pense como quiser, mas comporte-se como os outros.
39. Agite as águas para atrair os peixes.
40. Despreze o que vier de graça.
41. Evite seguir as pegadas de um grande homem.
42. Ataque o pastor e as ovelhas se dispersam.
43. Conquiste corações e mentes.
44. Desarme e enfureça com o efeito espelho.
45. Apregoe a necessidade de mudança, mas não mude muita coisa ao mesmo tempo.
46. Não pareça perfeito demais.
47. Não ultrapasse a meta estabelecida; na vitória, aprenda a parar.
48. Evite ter uma forma definida.
Grandes escritores não morrem, presidentes são listas
Quem hoje lembra o nome do rei da França na época de Moliére? Quem era o presidente dos Estados Unidos durante a vida de Edgard Allan Poe? Quem sabe o nome do czar da Rússia enquanto vivia Dostoievski? Dostoievski ou Tolstoi são hoje mais famosos e mais presentes que Alexandre ou Nicolau número tal. Por acaso você se lembra quem era o Presidente do Brasil quando morreu Machado de Assis? Reis e presidentes são apenas listas. Poderes efêmeros e com prazo de validade em cima do código de barras. Os grandes escritores e pensadores não morrem.

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