segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Maquiavel para gestores

Diz o povo, sem razão, que santos da casa não fazem milagres. E assim parece quando um português escreve um livro de gestão.

Chamasse-se ele Jack ou Michael e atirar-se-iam aos seus pés, chamando-lhes de gurus. Mas se se chamam Fausto e escrevem arrojadamente sobre um clássico da literatura de liderança e com base na sua experiência organizacional, o português tem uma certa tendência para o descartar.

Fazem mal, porém, os que assim reagem perante o livro escrito pelo Fausto Marsol, intitulado "Maquiavel para Gestores Contemporâneos". É certo que Nicolò Maquiavel escreveu um magistral livro de conselhos destinado a príncipes e homens de poder, mas afinal, muitos dos gestores de hoje têm mais poder do que chefes de governos (particularmente em períodos de paz, uma vez que não comandam exércitos armados). A Wal-Mart Stores facturou em 2008 378.799 milhões de dólares, o correspondente a uma vez e meia o PIB português, país que surge em 43º lugar no ‘ranking' mundial dos países ordenados pelo PIB (dados do Fundo Monetário Internacional).

Para além da sua importância económica, o raio de acção destas empresas supera largamente os estreitos limites a que os Estados se confinam. A dispersão geográfica destas empresas universais ultrapassa fronteiras com a maior das naturalidades, são normalmente bem-vindas porque geradoras de riqueza, emprego e valor acrescentado, o que não se pode dizer dos Estados. Quando estes ultrapassam as suas fronteiras são considerados belicosos invasores...

Comparem a facilidade com que uma empresa Ibérica deslocaliza escritórios de Lisboa e os reabre em Madrid levando para lá inúmeros colaboradores. Agora imaginem a possibilidade de o Governo de Lisboa localizar em Madrid um qualquer organismo, mesmo que seja dedicado, por exemplo, à investigação científica...

Por isso, se Maquiavel dedicou o seu livro aos príncipes, e se lhes deixou os bons conselhos de como alcançar, ou melhor, manter o poder, se o tivesse escrito hoje teria escrito o seu livro dedicado aos que governam o mundo económico, particularmente aos que governam as empresas que, de um modo ou de outro, sustentam os Estados. Isto é, nos dias de hoje as empresas são a principal preocupação dos Estados uma vez que delas emana a riqueza-fluxo que é a principal fonte e base de tributação da actualidade: trabalho, capital, rendas e bens e serviços.

Por isso, se o livro de Fausto Marsol for lido numa escola de gestão por alunos ainda fora do mercado de trabalho, ele deve ser relido por aqueles que já se sentam em cadeiras de poder e ocupam funções de chefia.

Vão ver que, ao contrário de muito do que lêem escrito por muitos desses gurus da moda, não darão o tempo por perdido e ainda são desafiados a ler ou reler o original de Maquiavel...
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João Duque, Professor catedrático do ISEG

Colaborador:Rodney Eloy

sábado, 26 de setembro de 2009

Minha experiência gerencial: uma análise à luz de Maquiavel

Por André Luiz Guedes Martins

Esse artigo propõe-se a apresentar minha experiência gerencial adquirida em pequena empresa industrial, fabricante de tintas industriais, onde fui admitido como engenheiro “trainee”, passando depois a engenheiro-chefe de laboratório, gerente técnico e gerente geral da fábrica durante o ano de 1990, quando da mudança da unidade fabril para as novas instalações. Pretendo apresentar minha ação gerencial baseando-me em minha filosofia de vida e abrindo espaço para a crítica que presentemente desenvolvo, confrontando conhecimentos da Teoria da Administração e da Filosofia Política. Apresentarei o pensamento de Maquiavel que considero concernente à ação gerencial, ressaltando concordâncias e discordâncias com a minha prática.

Minha ação gerencial, inicialmente, pautou-se pela formalização da organização e o estabelecimento de normas e procedimentos de rotina de trabalho. Evidentemente que essa ação exigiu uma filosofia de trabalho diferente, que contrariava os interesses de chefias antigas e consolidadas. Muitas foram as dificuldades enfrentadas, pois eu desloquei o equilíbrio de poder estabelecido. Julgava-me em condições de contribuir, corrigir falhas, de inovar métodos e aperfeiçoar produtos. Utilizava meu conhecimento acadêmico e meu bom senso, calcado na ética. O mundo deveria melhorar pela aplicação do conhecimento técnico e do trabalho, pensava eu, naquela época.

Eu tomava esse conhecimento técnico como instrumento que possibilitaria a satisfação dos objetivos de todos os participantes do processo produtivo, quer fossem operários, quer fossem patrões. Sem dúvida, uma ingenuidade pessoal e reflexo da ideologia, disseminada largamente entre os profissionais das ciências exatas. Entretanto, da mesma forma que agora aceito o equívoco, posso também explicar o engano, pois havia estendido a Filosofia da Matemática aos relacionamentos e interesses humanos.


Ao propor a organização sistemática, minha preocupação foi, por um lado, manter o estado de funcionamento de trabalho e, por outro lado, aprimorar o sistema. Como nos diz Maquiavel, no capítulo três de “O Príncipe”, “Todo príncipe deve fazer não só remediar o presente, mas prever os casas futuros e previnilos com toda perícia, de forma que se lhes possa facilmente levar corretivo”, também o gerente deve ter essa preocupação, pois “conhecendo os males com antecedência, rapidamente são curados, mas quando por terem ignorado, se tem deixado aumentar, não haverá mais remédios para aqueles males”. Quando propus mudanças na rotina de trabalho, enfrentei forte oposição de chefias antigas.

Maquiavel registrou essa situação quando afirmou que “não há coisa mais difícil, nem êxito mais duvidoso, nem mais perigosa, do que o estabelecimento de novas leis”. As mudanças alteraram o equilíbrio de poder estabelecido e enfrentei a oposição. “O novo legislador terá por inimigos todos aqueles a quem as antigas leis beneficiavam e terá tímidos defensores nos que forem beneficiados pelo novo estado de coisas”.

Acho importante destacar o progresso tecnológico da empresa resultante da minha atuação à frente do setor de pesquisa e desenvolvimento. Conseguimos com os novos produtos formulados, aumentar o volume da produção em 50%. Implantamos uma nova tecnologia de dispersão de tintas. Esse sistema foi combatido por antigas chefias e rotulado como lento e complicado. Em reunião de diretoria, consegui demonstrar suas vantagens e explicar que as falhas apresentadas eram devidas à fase experimental. A direção finalmente, convenceu-se das vantagens e apoiou a mudança. Hoje, posso dizer, a dispersão de pastas concentradas é um sucesso!

Conforme Maquiavel, “é necessário... examinar se esses inovadores agem por si próprios, firmemente, ou dependem de outro”. Em suma, a afirmação profissional é lenta, custosa e só com persistência pode lograr êxito. Aqui cabe citar: “na luta pela conservação de posse, as dificuldades estão na razão direta da capacidade de quem os conquista” ou “aqueles que, por suas virtudes, se tornam príncipes, conquistam o principado com dificuldades, mas se mantêm facilmente”.

Muitas vezes, faltou-me o apoio da alta administração que hesitou entre novas propostas e a segurança de velhos e parcos resultados. Errei ao perder a tranqüilidade na defesa apaixonada de meus pontos de vista. Aflorou em mim, na medida em que experimentava a vida, minhas principais características de personalidade: sou rigoroso, porém tolerante, temperamental, porém justo, exigente, porém disposto a compreender as limitações de cada pessoa. Ajo, ainda hoje, no intuito de entender os subordinados em suas histórias, dificuldades e dramas. Tornei-me paternalista. Isso não quer dizer que era um líder de operários, mas ao contrário, tornei-me empregado de confiança alta administração, atuando como ligação entre as solicitações e reclamações dos operários e o interesse e disposição dos diretores. Vivi por anos nessa “cordabamba”,útil ao lado dominante e ineficaz ao lado dominado, mas seu único canal de reivindicação. Como resultado dessa postura, colhi nesses dez anos muitas decepções, mas tenho a certeza da coerência. Maquiavel afirma: “...deve proceder equilibradamente, com prudência e humanidade de modo que a confiança não o torne incauto e a desconfiança não o faça intolerável”. Ainda diz: “é necessário que seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe assegurar a posse deste”. Nesse caso concordo com a citação e acho que minha ação deve ser repensada, já que possuo o grave defeito de ser sincero até os limites da tolice.

Devido ao meu rigor, apesar de tolerância, a maioria dos subordinados teme-me de alguma forma. Nisso minhas atitudes coincidem com a afirmativa “...é muito mais seguro ser temido que amado, quando se tenha que falhar numa das duas”. Realmente o temor à chefia significa segurança e garantia de ação, entretanto, é uma situação que incomoda-me sobremaneira, dada a nossa necessidade de sentirmo-nos amados. Quando exerci extraordinariamente a gerencia geral da fábrica, durante o período de mudança para as novas instalações, todas as decisões técnicas e de administração da produção e de serviços de apoio ficaram sob minha responsabilidade. Atuei exigindo controle rigoroso de suprimentos, do ritmo de produção, da qualidade, da pesquisa de desenvolvimento e de serviços de apoio (transporte, alimentação, segurança do trabalho, segurança patrimonial e relações industriais). Os empregados eram ouvidos e atendidos na medida da possibilidade e valorizados com treinamentos e melhoria de remuneração. As dificuldades aumentaram muito com o Plano Brasil Novo.

Sou da opinião de que os operários renitentes e indisciplinados que não conseguem enquadrar-se mesmo após repetidas oportunidades, devem ser demitidos. Minha ação adota o principio de que o mal deve ser feito uma vez através da demissão. Posso citar o trecho “...(crueldades)... bem usadas se podem chamar aquelas que são práticas, de uma só vez, pela necessidade de prover alguém à própria segurança, e depois postas à margem”.

Observei a utilização pelos diretores do seguinte pensamento “... os benefícios devem ser realizados pouco a pouco para que sejam melhor saboreados” como interessante estratégia de captação de simpatia e lealdade dos empregados a empresa. Outra prática eficaz utilizada pela direção é aquela que baseia-se na afirmativa de que “um príncipe forte superará sempre todas as dificuldades, ora dando aos súditos esperançade que o mal não se prolongará, ora incutindo-lhes o temor da crueldade do inimigo”.

Defendi com ardor a aquisição de equipamentos e a organização de laboratórios, condição básica para a implantação da filosofia da qualidade. A garantia da qualidade é um esforço contínuo e significou a comprovação do meu pensamento de que a organização formal é o pressuposto do sucesso das empresas.
A implantação da filosofia da garantia da qualidade pressupõe a conscientização de todos os empregados, incentivando-lhes a participação e a colaboração e dando-lhes recompensa a sugestões. Diz Maquiavel “... deve instituir prêmios para os que quiserem realizar tais coisas e para todos que, pensarem e ampliar a sua cidade ou seu Estado”.

Finalmente gostaria de destacar a importância do planejamento estratégico vital ao sucesso da empresa. Maquiavel analisa a questão, escrevendo: “a fortuna seja arbitrária de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade”. É nessa metade que a ação gerencial deve atuar. Em síntese, a leitura da obra maquiaveliana mostrou-se um precioso instrumento para a análise crítica da minha ação gerencial. Creio que o pensamento de Maquiavel pode ajudar-me em muitas situações, especialmente aqueles, nas quais preciso cultivar a prudência e o equilíbrio íntimo.

Pude constatar que o poder é fascinante e os conselhos de Maquiavel nos dão elementos para destrinchar a sua problemática. A consciência da estrutura dos jogos de poder é fundamental para o bom exercício da função do administrador na organização. Isso, no entanto, não quer dizer que o poder deve ser exercido sem ética. Maquiavel apresenta os elementos da intrincada rede de poder, com o objetivo de unificar a Itália do século XVI, em profunda crise política. Aos que usam o pensamento de Maquiavel, desconsiderando essa dimensão da preocupação com o fim coletivo, costumou-se chamar de “maquiavélicos”.

O maquiavelismo deturpa as idéias originais de Maquiavel. A contribuição maquiaveliana – fiel aos ensinamentos de Maquiavel – deve ser explorada pelo administrador, com vistas a refletir efetivamente a problemática do poder dentro da organização.

Bibliografia

MACHIAVELLI, N. O príncipe. Tradução de Lívio Xavier. Rio de Janeiro: Edições de Ouro.

Fonte:Angrad

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Livro - Maquiavel o Poder: História e Marketing


Esse livro é um marco na abordagem de Maquiavel e do próprio marketing político no Brasil.

Lançado no Recife, em 1991, em edição do autor, despertou atenção e foi objeto de uma crítica amplamente favorável na imprensa nacional. Em seguida foi lançado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e na Feira Internacional do Livro, em Frankfourt, Alemanha.

Após o lançamento da segunda edição, pela Editora Martin Claret, em dezembro de 1999, MAQUIAVEL O PODER esteve em todas as listas de livros mais vendidos do País.

Depois de sucessivas edições, o livro passou, a partir de 2004, a integrar a coleção A OBRA PRIMA DE CADA AUTOR, da Martin Claret, em formado de bolso.

MAQUIAVEL O PODER é o único livro de autor vivo a integrar a coleção, que reúne os maiores clássicos, nacionais e estrangeiros, nos campos da ficção e não ficção.

O prefácio é do atual senador e ex-ministro Cristovam Buarque (na época Cristovam era reitor da Universidade de Brasília) e a apresentação é da jornalista e historiadora Leda Rivas.

Fonte:Nicolau Maquiavel

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Resenha Do Príncipe De Maquiavel

O autor é italiano natural de Florença o mais alto funcionário da Segunda Chancelaria de Florença teve oportunidade de fazer várias viagens diplomáticas, onde pode conhecer grandes personagens da época. Como escritor publicou entre outras obras como “A Mandrágora”, “A arte da Guerra”, “Comentário sobre a Primeira Década de Tito Lívio”.

A presente obra é um livro de orientação prática de algumas ações políticas que o príncipe deve fazer para conquistar e se manter no poder. O escrito se desdobra em 26 capítulos.

No primeiro capítulo, “Os vários tipos de Estado, e como são instituídos” (p.29), apresenta dois tipos de principados o hereditário e o adquirido, e aponta quais são as duas formas de como o governante chega ao poder uma pela virtude e outra pela fortuna.

No segundo, “As monarquias hereditárias” (p.30-31), afirma que o principado hereditário é o mais difícil de ser conquistado, e mais fácil de manter o poder, pois o povo esta acostumado a ser dominado pelos seus governantes.

O terceiro, “As monarquias mistas” (p. 32-42), o autor apresenta qual o método que o soberano deve fazer para conquistar o Estado. A primeira ação que o príncipe deve tomar é eliminar a linhagem do principado anterior, e a segunda não mudar o costume do povo conquistado e a terceira ação o soberano deve fixar sua resistência no local conquistado, além do conquistador deve se afastar dos poderosos, pois estes podem conspirar futuramente contra o governante.

No quarto, “Porque razão o Reino de Dário, que Alexandre havia ocupado, não se rebelou contra seus sucessores após a morte de Alexandre” (p.43-48) Maquiavel responde esse questionamento mostrando duas formas de como o principado é governado: o príncipe com o seu ministro tem maior poder para governa, e a outra forma de governo é o príncipe governando junto com nobres com títulos não dado pelo soberano, mas pela nobreza de sangue, já é mais difícil de se governar.

No quinto, “O modo de governar as cidades ou Estado que antes conquistas tinham a sua próprias leis” (p. 49-50), o autor aponta três caminhos que o governante deve tomar nessa situação: a primeira é destruí-los; a segunda transferir a residência do soberano para o local conquistado, e a terceira é deixar o povo viver na sua antiga lei cobrando somente impostos.

No sexto, “Os novos principados conquistados pelo valor e as próprias artes” (p.51-53), apresenta alguns exemplos de alguns conquistadores que chegaram ao poder pelo valor, e não pela fortuna. Citando o exemplo de Moíses, Ciro, Rômulo e Teseu.

No sétimo, “Os novos principados conquistados pela fortuna” (p. 54-63), diz que aqueles que conseguem o poder pela fortuna (sorte) devem fazer de tudo para adquirir o valor, pois caso esse governante vai se destituído do poder e coloca o exemplo de César Borgia para demonstrar sua teoria.

O Oitavo,“Os que com atos criminosos chegaram ao governo de um Estado” (p. 64-69), Maquiavel cita alguns exemplos de como algumas pessoas chegaram ao poder pelos crimes, e afirma que se o soberano que se manter no poder deve sempre moderar a sua forma bruta usando-a de maneira racional.

Nono, “O principado Civil” (p.70-74), apresenta um exemplo de um cidadão que chega ao poder, ou por ajuda do povo ou pela aristocracia e afirma que é mais fácil deste príncipe se manter no poder apoiado pelo povo do que pelos ricos, por esse motivo o monarca deve sempre encontrar uma maneira para que os seus súditos sempre permaneçam fieis.

No décimo, “Como avaliar a força do Estado” (p.75-77), para que o soberano possa se manter no poder é necessário pensar em montar um bom exército para a proteção da cidade e ter apoio do povo.

Décimo primeiro, “Principado Eclesial” (p.78-80), o autor diz que esse tipo de principado tem mais facilidade de se manter no poder, pois a Igreja tem um poder temporal, por isso que sua estrutura é sólida não correndo o risco de ser disposto.

Décimo segundo, “Os diferentes tipos de milícias e de tropas mercenárias” (p. 81-86), Maquiavel descreve o sistema de defesa usado pelos monarcas para se manter no poder que são boas leis e bons exércitos, no entanto, o escritor dá um conselho para que os governantes tenham um bom exército composto pelos seus cidadãos, pois estes vão ser sempre fieis as suas ordens, diferente dos exércitos mistos e mercenários.

Décimo terceiro, “Forças auxiliares, mistas e nacionais” (p.87-91), afirma que nenhum príncipe pode ter segurança sem o seu próprio exército, pois caso esteja sem ele dependera inteiramente da sorte, porque não terá meios confiáveis de defesa.

Décimo quarto, “Os deveres do príncipe para com sua milícia” (p.92-95), o soberano prudente deve sempre está treinando a sua o seu exército para a guerra, pois acontecendo qualquer imprevisto o Rei vai sempre resistir os golpes dos seus adversários.

Décimo quinto, “As razões pelas quais os homens, especialmente os príncipes são louvados pela vituperados” (p. 96-97), Maquiavel aconselha aqueles pessoas que desejam o poder, para que saibam conduzir os súditos e os aliados. É necessário que o governante não provoque escândalos, pois isso ajudará manter no poder.

Décimo sexto, “A liberdade e a parcimônia” (p.98-99), diz que é necessário para o governante manter-se no poder é necessário ostentar um pouco a sua riqueza, pois o povo gosta de ver, mas Maquiavel adverte que não deve explorar muito o povo, pois se não estes podem se revoltar contra o seu soberano.

Décimo sétimo, “A crueldade e a clemência. Se preferível ser amado ou temido”,(p.100-105),coloca que o ideal que o soberano tivesse as duas características ser amado e temido, como não é possível possuir essas duas qualidades é preferível que seja temido do que ser amado, no entanto não se pode exagerar muito na maldade.

Décimo oitavo, “A conduta dos príncipes e a boa fé” (p.106-109), afirma que um príncipe pretende conquistar e manter o poder, não importa os meios empregados serão honrosos ou não, pois o soberano sempre visa um resultado.

Décimo nono, “Como se pode evitar o desprezo e o ódio” (p.110-122), o soberano nunca deve ser odiado pelo povo, pois caso seja será fácil deposto, mas no momento em que o príncipe respeita o patrimônio e as mulheres os súditos lutaram pelo seu governante.

Vigésimo, “A utilização da construção de fortaleza, e de outras medidas que os príncipes adotam com freqüência” (p. 123-129), afirma que o monarca não deve desarmar os seus cidadãos, pois isso é prejudicial ao príncipe, mais armado o povo eles vão ser mais fieis.

No vigésimo primeiro, “Como deve agir um príncipe para ser estimado” (p.130-135), o monarca para ser estimulado deve fazer grandes empreendimentos, e deve sempre se posicionar em uma guerra.

Vigésimo segundo, “Os ministros do Príncipe” (p.136-138), o soberano deve ter muita sabedoria antes de escolher as pessoas que o rodeiam para que estes sempre mantenham a fidelidade.

Vigésimo terceiro, “De que modo escapar dos aduladores” (p.137-144), Maquiavel orienta aquelas pessoas que estão no poder ter muito cuidado com os aduladores, uma forma de escapar desse perigo e escolher algumas pessoas para aconselhar, mas somente se o soberano quiser.

Vigésimo quarto, “As razões por que os príncipes da Itália perderam seus domínios” (p.142-144), é o resumo do livro de como o Príncipe deve conquistar, no entanto, s príncipes italianos contarão muito com a fortuna e não tinham virtude para governar o seu Estado.

Vigésimo quinto, “O poder da sorte sobre o homem e como resistir-lhe” (p.145-149), os governantes devem ter muito cuidado com a fortuna, pois esta pode fazer a cabeça do monarca, mas é preciso ter prudência e audácia só assim vai poder controlá-la.

Vigésimo sexto, “Exortação à liberdade da Itália dominada pelos bárbaros” (p.150-160), Maquiavel clama a Medice, para quem escreveu esse livro quando estava no cárcere, mostre sua validade comandando os italianos para a libertação da Itália.

A obra é um subsídio para os políticos empresários, governantes, líder de grupo e principalmente estudantes universitários do curso de Filosofia, história, Antropologia, Ciências Sociais e de um modo particular os estudantes de Ciência Política.

No plano estrutural usa o método histórico comparativo de alguns monarcas para fundamentar a sua teoria.

A linguagem da obra é simples e acessível, valorosa e atual, apesar do autor tratar o se humano como um ser sem caráter.

Em fim, o tratado é na verdade um manual de ação política, onde o autor orienta quais as atitudes que o soberano deve tomar e manter o poder.


MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe (Título original Il Principe revisto por Maria d Fátima C.A. Madeira) Trad. Pietro Nasseti 2°ed. São Paulo-SP Martin Claret, 2005. 189p.


Fonte:Artigonal

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O PRÍNCIPE – MAQUIAVEL

O “Príncipe”, obra de Nicolau Maquiavel, trata da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo. O autor chama “Príncipe” os governantes (reis) da época e antes a publicação da obra. Além da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo a obra traz em si conselhos, feitos por Maquiavel, e comprovados com narrativas de reis passados e seus feitos de sucesso ou fracasso.

Dentro da obra o leitor encontrará uma estrutura moldada em 26 capítulos distribuídos sob tópicos que podem ser divididos da seguinte forma: Os iniciais tratam da forma pela qual o Príncipe (governante) adquire o seu principado (governo) e como deve porta-se para conservá-lo, Maquiavel cita como alguns reis perderam seus reinados: caso de Dario, da Pérsia. Do capítulo VI ao XIV, o escritor aborda a importância do Exército e das armas para conquistas ou guarda do principado (governo). Nos capítulos finais, Maquiavel, trabalha a psicologia comportamental do Príncipe (Governador, Presidente, Rei) diante de seus subordinados, aqui, o escritor intensifica seus conselhos, os dando na sua maioria em primeira pessoa e direto aos líderes.

Quando escreve o livro, Maquiavel o faz tentando agradar Os Médices, os governantes da sua época, embora não o consiga de mediato e sofre o desemprego, Maquiavel é contratado mais tarde.
É interessante relatar aqui alguns fatos e conselhos que tomam destaque na obra e que por si resumem os capítulos do livro, é o caso da frase do capítulo III, onde Maquiavel exemplifica o surgimento de um principado: “Os principados são ou hereditários, quando a estirpe do seu senhor desde longo tempo os rege, ou novos. Estes, ou são totalmente novos, como foi o de Milão para Francisco Sforza, ou são como membros acrescidos ao estado hereditário do príncipe que os adquire, como é o reino de Nápoles para o rei da Espanha.”. A partir daqui o autor busca explicar aos reis a hereditariedade de um Estado, seus pontos falhos, fracassos ou sucesso, claro que como dito anterior, Maquiavel, justifica usando narrativas passadas. Nesta parte, Maquiavel mostra que o principado novo sofre mais dificuldades para se manter, enfrentando rejeições, revoltas e guerras civis dentro da nova conquista: “É que os homens gostam de mudar de senhor, julgando melhorar, e esta crença os induz a pegar em armas contra quem os governa”.

Ainda nos capítulos iniciais do livro, alguns trechos podem chocar o leitor, sendo este do povo ou assessor, mas é uma prática aconselhável, segundo Maquiavel, para o sucesso de um Principado (governo): “Note-se que os homens devem ser bem tratados ou então aniquilados”. Segundo Maquiavel, um Rei há que tomar uma única posição em determinados momentos e as impor com todo o rigor.

Muitos principados surgem e são os mais variados meios para se consegui-los, como dito anterior, por hereditariedade, por conquista, eclesiásticos, por crimes e por agrado Civil. Neste último, o autor coloca que sempre haverá maior tranqüilidade para o Príncipe, pois aqui ele chegara com o apoio do povo: “Quem, portanto, se tornar príncipe, com o favor do povo deve conservá-lo seu amigo; e isto não lhe será difícil, já que o povo só deseja estar livre da opressão”. Além do citado, encontrado no capítulo IX, é comum a menção de Maquiavel no tocante aos príncipes e os tratamentos que devem ser destinados aos seus súditos civis.

Além do povo, dos principados novos e hereditários, o escritor destina boa parte do livro os Principados e suas Defesas, ou seja, aos soldados e as armas, para falar sobre esta parte, o escritor reserva os capítulos XII, XIII, XIV expondo as narrativas de reis que agiram com soldados próprios, milícias ou com soldados emprestados; chama a atenção que lutar ao lado de milícias é caminhar rumo ao fracasso: “Desejo demonstrar melhor os males que o emprego dessas tropas acarreta. Os capitães mercenários ou são homens de valor ou não. Se o são, ninguém pode confiar neles, pois sempre aspirarão à grandeza própria, seja oprimindo, para isto, o príncipe que lhes paga o soldo, seja oprimindo os outros, fora das intenções dele”. Como sempre Maquiavel, exemplifica seus argumentos usando casos acontecidos na história e cita Os cartagineses que viram submetidos a soldados mercenários. O caso de Filipe de Macedônia que acabou por tirar a liberdade dos tebanos, de quem havia recebido o cargo de capitão das suas tropas após a morte de Epaminondas.

Claro que o escritor ainda relata os prejuízos das tropas emprestadas, das mistas e por fim argumenta que o melhor é o Príncipe (governador) lutar sempre com suas próprias tropas.
Os últimos capítulos são referentes às atitudes que o “Príncipe” deve tomar para com os seus súditos: se este deve encher-se de bondade para com o seu povo ou deve ser temido; cruel ou clemente; cumprindo as promessas e de que forma. Resuma-se que o restante do livro a partir do capítulo XV é sobre o comportamento do príncipe para o êxito na empreitada. “Na verdade, quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os princípios da bondade, caminha para a própria perdição”. É importante ressaltar que nestes capítulos Maquiavel aconselha até sobre os gastos que o príncipe deve ter com seu povo. Ao término do livro, o Conselho é direto aos Príncipes da Itália, de sua época, claro. Neste término, Maquiavel encerra o livro exaltando as lideranças a lutarem pela liberdade da Itália, o escritor exalta a liberdade com argumentos e narrativas que vão desde o religioso ao humano.

Portanto, “O Príncipe” é uma obra que merece atenção a quem queira governar mesmo nos séculos atuais. A linguagem é clara e se desenrola com narrativas históricas interessantes. Os conselhos de Maquiavel merecem destaque dentro da obra, pois são apresentados com argumentos convincentes e duradouros ao tempo. A psicologia e a filosofia aplicadas no livro o torna imortal, compara-se aqui esta imortalidade semelhante ao “AMOR” de Shakespeare que eternizou “Romeu e Julieta”, ao “CIÚME” de Machado de Assis que eternizou “Bentinho em Dom Casmurro”. Para eternizar “O Príncipe”, Maquiavel abandona estes sentimentos – Amor, Ciúmes e lança mão de um sentimento humano tão imortal quantos os outros: A vontade de liderar, de governar, de ter poder. Tudo isto torna “O Príncipe” uma obra seleta, onde só uns poucos têm a capacidade de lê-la e compreendê-la na prática.


POR ISAAC SABINO

Fonte:Recantodasletras

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Maquiavel para Mulheres: a Princesa


Com base nas estratégias das grandes mulheres guerreiras da história, Rubin traça uma mistura inédita e excêntrica: generalíssimas como Joana D'Arc e Golda Meir, Anna Akhmatova, Billie Holiday e Scheherazade, entre outras. A autora oferece uma estratégia corajosa, que combina as táticas de amor e de guerra. A exemplo de O Príncipe, este curto e poderoso tratado chama a atenção das leitoras para que não aceitem menos do que a vitória completa. O livro trabalha com a intuição em vez da lógica, e provoca paixão e indignação.


Fonte: Submarino

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Maquiavel em 90 Minutos - Paul Strathern em mp3

Trezentos e cinquenta anos após a sua morte, o nome de Maquiavel continua a dividir as opiniões. Quase sinônimo do mal e fomentador de despotismos até aos nossos dias para uns, é por outros idolatrado como gênio da estratégia, nomeadamente por empresários ambiciosos, mas totalmente inexperientes, que debalde procuram nele receitas para um sucesso que lhes foge à frente.

Mais que mera filosofia da época, suas recomendações sobre a arte de governar refletem uma das verdades mais perturbadoras da condição humana. A série Filósofos em 90 minutos faz um relato conciso e revelador da vida e das idéias dos grandes filósofos, incluindo citações-chave, cronologias, sugestões de leitura e índice remissivo.

Livro em mp3 clique aqui

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Príncipe, Maquiavel em Audiobooik



O Príncipe, A arte de Governar: O Príncipe (1513) é um livro polêmico, perigoso e revolucionário. É um manual para a ação. Nicolau Maquiavel é considerado o “pai” da ciência política, e seus textos são estudados e analisados em escolas e universidades do mundo inteiro. Maquiavel pensou o Poder no Estado buscando compreender como as organizações políticas são fundadas, se desenvolvem e depois decaem. Maquiavel partiu de uma filosofia da história e de uma psicologia humana, pensando que todos os homens são ambiciosos e egoístas e, por conseguinte, seria necessário fazê-los recuar. Sendo necessária a criação de uma arte de governar. O príncipe que tem competência de bem governar é aquele que possui a virtú, conceito entendido como a capacidade de perceber o jogo de forças que caracterizam a política, para depois agir energicamente na conquista e manutenção do poder. Em menos de quatro horas você vai ouvir com se tornar um líder! Versão de demonstração com 22 minutos de áudio.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Um pouco da Biografia de Nicolau Maquiavel

“Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí tem sua origem. “Maquiavélico e maquiavelismo” são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. Seu uso estrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções , porém , o maquiavelismo está associado a idéia de perfídia , a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano.”
Assim , hoje em dia , na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Maquiavel, ao escrever sua principal obra, O PRÍNCIPE, criou um “manual da política”,
que pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Talvez por isso sua frase mais famosa: -”Os fins justificam os meios”- seja tão mal interpretada. Mas para entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o período histórico em que viveu. É exatamente isso que vamos fazer.

O panorama político :

Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana , o que explica boa parte das suas idéias.
Na Itália do Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar.
Até 1494, graças aos esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experimentou uma certa tranqüilidade.
Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram muito. A desordem e a instabilidade ficaram incontroláveis. Para piorar a situação, que já estava grave devido aos conflitos internos entre os principados, somaram-se as constantes e desestruturadoras invasões dos países próximos como a França e a Espanha. E foi nesse cenário conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder por um período superior a dois meses, que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.

Vida e obra

Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469, numa Itália “esplendorosa mas infeliz”, segundo o historiador Garin. Sua família não mera aristocrática nem rica. Seu pai , advogado como um típico renascentista, era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu filho. Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim.
Mas apesar do brilhantismo precoce, só em 1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional.
Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de Tito-Lívio , mas interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe , segundo alguns , destinado a que se reabilitasse com os aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da política.
Maquiavel viveu uma vida tranqüila em S. Cassiano. Pela manhã, ocupava-se com a administração da pequena propriedade onde está confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado, fato que levou algumas pessoas a considerá-lo louco.
A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os livros dos grandes escritores que o antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler, ou até mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado governo do qual terminou fazendo parte.
Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como alguém que tinha ligações com os tiranos depostos. Então viu-se vencido. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.
Mas nem depois de morto, Maquiavel terá descanso. Foi posto no Index pelo concílio de Trento, o que levou-o, desde então a ser objeto de excreção dos moralistas.

A nova ciência política

Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida. A carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com o retorno dos Médicis e, quando estes deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se dele, “um homem que a fortuna tinha feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado”. Também não chegou a ver a Itália forte e unificada.
Deixou porém um valioso legado: o conjunto de idéias elaborado em cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. Talvez nem ele mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do panorama mais amplo da história, pois “ especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam”. Apesar disso, revolucionou a história das teorias políticas, costituindo-se um marco que modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não ultrapassarem os limites da especulação filosófica.
O universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Em São Casciano, tem plena consciência de sua originalidade e trilha um novo caminho. Deliberadamente distancia-se dos “ tratados sistemáticos da escolástica medieval” e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica.


O pensamento de Maquiavel

Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: “os fins justificam os meios”. Mas com certeza ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só trabalho , todo o pensamento de Nicolau Maquiavel , portanto, vamos analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente interpretada.
Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa também a necessidade ( não só dele mas de todo o povo Italiano ) de um monarca com pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços.
Em O Príncipe, Maquiavel faz uma referência elogiosa a César Bórgia, que após ter encontrado na recém conquistada Romanha , um lugar assolado por pilhagens , furtos e maldades de todo tipo, confia o poder a Dom Ramiro de Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa e inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por toda parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu ministro. E um dia em plena praça , no meio de Cesena, mandou que o partissem ao meio. O povo por sua vez ficou , ao mesmo tempo, satisfeito e chocado.
Para Maquiavel , um príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu povo.

“ sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna( oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é necessário (...) contrariá-la. Vê-se , que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia”.

Para Maquiavel, como renascentista que era, quase tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as idéias de Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a prudência seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte de governar. Maquiavel procura a prática. A execução fria das observações meticulosamente analisadas, feitas sobre o Estado, a sociedade. Maquiavel segue o espírito renascentista, inovador. Ele quer superar o medieval. Quer separar os interesses do Estado dos dogmas e interesses da igreja.
Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam. Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem sido constantemente ml interpretado.
“Os fins justificam os meios” .Maquiavel , ao dizer essa frase, provavelmente não fazia idéia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer isso, Maquiavel não quis dizer que qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.


Conclusão

Assim, a contribuição de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa e fantástica. Maquiavel ensinou, através da sua obra , a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de Maquiavel entrou para sempre não só na história, como na nossa vida cotidiana atual, já que é aplicável a todos os tempos.
É possível perceber que “Maquiavel, fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo”. E é por isso que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será reconhecido como um dos maiores pensadores da história do mundo.

Fonte:Culturabrasil

domingo, 13 de setembro de 2009

Frases Imortais de Maquiavel


"É preciso fazer todo o mal de uma só vez a fim de que, provado em menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, a fim de que seja mais bem saboreado." (Maquiavel)

sábado, 12 de setembro de 2009

Teixeira da Cruz quer ética

O tema principal da sua intervenção era a Justiça, mas a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, aproveitou ontem o debate na Universidade de Verão do PSD para falar de ética e da oportunidade perdida pelo partido na formação das listas às legislativas.

Mais, numa resposta que tinha como destinatário Paulo Rangel, a ex-dirigente social-democrata considerou: 'É certo que há autores que separam ética da política. Como Maquiavel. Mas não é menos certo que César Borgia, o Príncipe em quem Maquiavel se inspirou para escrever a sua obra, acabou muito mal: foi morto em fuga sem glória alguma.'

Esta semana, o eurodeputado e ex-líder parlamentar demarcou-se de Marques Mendes que pediu ética na política. Rangel contrapôs que 'a política é autónoma da ética, a ética é autónoma da política', contextualizando-a na leitura do 'Príncipe' de Maquiavel. Mas, para Teixeira da Cruz, a ética tem a ver 'sobretudo com a política' e nem é necessário falar em crime ou suspeita. Em nome da credibilidade das instituições, os 'agentes políticos têm de estar acima de suspeitas e não as podem arrastar para as instituições', argumentou.

Em suma, para a ex-dirigente ‘laranja’, o PSD perdeu oportunidades 'enquanto partido, com os critérios para as escolhas de agentes' que os representarão. Em causa estão os nomes de António Preto e Helena Lopes da Costa para as listas das legislativas na capital.

Na véspera, o autarca do Porto, Rui Rio, sublinhou que concordava com 'praticamente tudo' o que é importante no programa do PSD, considerando impossível todos os militantes do partido concordarem com todas as linhas e pontos.

Quanto às listas, o vice-presidente do PSD preferiu não responder para não 'alimentar temas que prejudicam o PSD'.

Fonte:Correio da Manha

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Maquiavélico, maquiavelismo

Estamos acostumados a ouvir as expressões maquiavélico e maquiavelismo.. São usadas quando alguém deseja referir-se tanto à política como aos políticos, e a certas atitudes das pessoas, mesmo quando não ligadas diretamente a uma ação política (fala-se, por exemplo, num comerciante maquiavélico, numa professora maquiavélica, no maquiavelismo de certos jornais, etc.,).

Quando ouvimos ou empregamos essas expressões? Sempre que pretendemos julgar a ação ou a conduta de alguém desleal, hipócrita, fingidor, poderosamente malévolo, que brinca com sentimentos e desejos dos outros, mente-lhes, faz a eles promessas que sabe que não cumprirá, usa a boa-fé alheia em seu próprio proveito.

Falamos num "poder maquiavélico" para nos referirmos a um poder que age secretamente nos bastidores, mantendo suas intenções e finalidades desconhecidas para os cidadãos; que afirma que os fins justificam os meios e usa meios imorais, violentos e perversos para conseguir o que quer; que dá as regras do jogo, mas fica às escondidas, esperando que os jogadores causem a si mesmos sua própria ruína e destruição.

Maquiavélico e maquiavelismo fazem pensar em alguém extremamente poderoso e perverso, sedutor e enganador, que sabe levar as pessoas a fazer exatamente o que ele deseja, mesmo que sejam aniquiladas por isso. Como se nota, maquiavélico e maquiavelismo correspondem àquilo que, em nossa cultura, é considerado diabólico.

Que teria escrito Maquiavel para que gente que nunca leu sua obra e que nem mesmo sabe que existiu, um dia, em Florença, uma pessoa com esse nome, fale em maquiavélico e maquiavelismo?