sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mais de 900 pessoas aplaudiram os dois novos espetáculos do Teatro do Kaos

“É uma peça completa, de muita qualidade técnica das pessoas envolvidas, desde a atuação do elenco até a cenografia, a iluminação e os figurinos, onde a gente percebe o empenho de todos e, principalmente, muita sinergia no palco. Isto se deve ao trabalho do Lourimar Vieira, que mais uma vez demonstra sua perseverança e seu amor ao teatro”, afirma Gerson Rozo, chefe da Gabinete da prefeita Márcia Rosa, que no último dia 21 esteve presente à apresentação do espetáculo “A Mandrágora”, no Teatro do Kaos.
“A arte é muito importante, pois não vivemos apenas das questões materiais. E o teatro, em particular, é um desses valores imateriais necessários, que nos permitem refletir sobre as nossas decisões cotidianas, nos dando conforto e nos situando diante da vida. Por isso, o trabalho desenvolvido pelo Teatro do Kaos é muito importante, e também está contribuindo para a melhoria da qualidade de vida em Cubatão”, observa Roso. Avaliação semelhante à do jornalista e professor Melchior de Castro Junior, que levou 70 alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Prof. José da Costa, do Jardim 31 de Março, para assistir o mesmo espetáculo:
“O Teatro do Kaos possibilita o ingresso de centenas de estudantes no mundo das artes, produzindo peças que os levam a pensar sobre assuntos polêmicos, como, por exemplo, a corrupção e o poder exercido por algumas religiões, temas presentes nessa adaptação. Como único grupo de teatro ativo, na Cidade, esse espaço abre as portas a um público carente de iniciativas culturais. Além de colaborar para a formação de platéias, estimula jovens e adultos a considerarem o campo cultural como possibilidade de caminho profissional como ator, figurinista, iluminador, autor e outras funções exigidas para a criação de um espetáculo teatral”, afirma.
Patrocínio - “A Mandrágora”, adaptação do texto de Maquiavel, e “Acitilop do Brasil”, foram encenados entre os dias 16 e 21 de abril, no Teatro do Kaos São frutos do projeto “Inclusão Social através da Arte”, realizado pelo Kaos com o patrocínio da Refinaria Presidente Bernardes-Cubatão (RPBC), dentro do programa “Integração Petrobras Comunidades”.
O texto de Maquiavel foi escrito em 1503, sendo considerado um marco no teatro ocidental. Nele, o autor aborda a conquista amorosa, com as suas urgências e exaltações, servindo como pretexto para desenvolver um tratado prático e saboroso sobre estratégia política sobre a arte de envolver, manipular, convencer e, por fim, conquistar um objetivo. Muito do que é dito por Maquiavel é aplicado até hoje por pessoas de sucesso. A adaptação e direção foi de Lourimar Vieira, coordenador do Kaos.
Já “Acitilop dp Brasil” foi idealizada durante as aulas do grupo, nas quais os novos atores vivenciaram sensações, emoções, novas técnicas e formas de se conceber o teatro. Os exercícios e improvisos geraram o estudo cênico que recebeu esse nome. Na peça, o aluno-ator repensa sua ação cotidiana e suas responsabilidades, ampliando sua visão de mundo. A direção é de Fabiano di Mello.
O Projeto Inclusão Social através da Arte visa levar formação, cidadania, arte e lazer a jovens e adultos. Cerca de 900 pessoas assistiram as duas apresentações gratuitas, lotando o espaço todos os dias. Dentre elas, além de Roso e Melchior, destacam-se as presenças de Darcy Chumbo, presidente do Fundo Social de Solidariedade de Cubatão e mãe da prefeita Márcia Rosa; e Erenita Barbosa, secretaria municipal de Assistência Social.


Texto: Oswaldo de Mello - MTb 10.572
20100423 – AGOVE - kaos – OM

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Papa e Maquiavel

Em 1981, Joseph Ratzinger era arcebispo de Munique quando foi designado prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (o nome atual da antiga Inquisição). Ratzinger se tornou o principal teólogo de João Paulo II. O polonês Karol Wojtyła (1920-2005) foi o primeiro Papa não-italiano em cinco séculos. Wojtyła era conservador, lutou contra o comunismo na Polônia, e possuía um carisma excepcional. Foi o mais popular dos papas. Quando morreu, o desafio para substituí-lo mostrou-se imenso. Em 19 de abril de 2005, o conclave dos cardeais elegeu como o novo bispo de Roma a antítese de Wojtyła. Ratzinger, ou Bento XVI, é um intelectual recluso e desprovido de qualquer carisma. O único ponto em comum com Wojtyła é seu conservadorismo.

Na semana passada, Ratzinger completou cinco anos de papado. Muitos o consideram um péssimo papa. E a Igreja Católica Apostólica Romana está mergulhada na sua pior crise em 400 anos, desde a Reforma Protestante. Em boa parte, o responsável por esta situação é o próprio Ratzinger. Vamos enumerar os piores momentos do seu papado:

Em 2006, Ratzinger insultou os muçulmanos ao citar uma frase do imperador bizantino Manuel II (1391-1425): “Mostre-me então, o que Maomé trouxe de novo, e ali só encontrará coisas más e desumanas, como esta, de que ele determinou que se propagasse através da espada a fé que ele prega”.

Em fevereiro de 2009, Ratzinger suspendeu a excomunhão do bispo ultra-conservador inglês Richard Williamson (ele foi excomungado em 1988 por João Paulo II), apenas repreendê-lo um mês depois, quando Williamson negou a existência do Holocausto na II Guerra. Williamson disse que as câmaras de gás nunca existiram e que menos de 300 mil judeus morreram nos campos de concentração nazistas – foram 6 milhões.

Ainda em 2009, ao visitar a África, um continente devastado pela Aids, Ratzinger disse: “Não se pode superar (o problema da Aids) com a distribuição de preservativos: ao contrário, eles aumentam o problema”. Prefiro me abster de comentar tal frase.

Fervura máxima
O desconforto de milhões de fiéis atingiu o ponto de fervura com a sucessão de escândalos que vieram a público nos últimos meses, envolvendo o abuso sexual de menores por padres nos Estados Unidos e na Europa. A gota d’água veio em março. A arquidiocese de Munique revelou que, em 1980, quando era presidida por Ratzinger, o padre Peter Hullermann chegou à cidade para trabalhar com crianças. Mas pesavam sobre ele suspeitas de ter molestado meninos em Essen. A arquidiocese não denunciou Hullermann à polícia. Ele foi submetido a sessões de terapia e reassumiu suas funções quase imediatamente.

Em 1986, Hullermann foi condenado por pedofilia pela justiça alemã. Mas não foi preso. Continuou trabalhando com crianças por 24 anos – até o mês passado. Hullermann foi suspenso três dias depois de a Igreja reconhecer que, em 1980, a decisão de Hullermann reassumir suas funções teria sido dada pelo auxiliar direto de Ratzinger à época – e que o futuro papa teria recebido um memorando informando sobre o caso. O Vaticano afirmou que Ratzinger nunca chegou a ver tal documento, mas o estrago estava feito. Na sua Alemanha natal, uma pesquisa feita em março apontou que 40% da população considerava Ratzinger um péssimo papa.

O pior estava por vir. Em 9 de abril, portanto há duas semanas, a agência de notícias Associated Press (AP) deu um tremendo furo - que parece estar passando totalmente despercebido da imprensa brasileira. A AP revelou uma carta de 1985, escrita em latim e assinada por Ratzinger. Nela, o então cardeal resiste a um pedido de afastamento do padre americano Stephen Kiesle. A carta faz parte de uma série de correspondências trocadas entre a diocese de Oakland, na Califórnia, e o Vaticano (leia a correspondência aqui), entre 1981 e 1986. Na primeira carta, o bispo de Oakland, John Cummins, diz que “o padre Kiesle talvez nunca devesse ter sido ordenado. Ele experimentou uma série de dificuldades psicológicas, emocionais e sexuais durante seu sacerdócio. Em agosto de 1978, foi preso pela polícia e acusado de ter mantido liberdades sexuais com pelo menos seis meninos de 11 a 13 anos.” Kiesle foi condenado a três anos de liberdade vigiada. Neste período, prossegue Cummins, Kiesle se submeteu a terapia e decidiu abandonar a batina. A carta termina pedindo a autorização do Vaticano para destituir Kiesle das obrigações do sacerdócio, incluindo o celibato.

A Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, pediu mais informações do caso para tomar uma decisão. Em fevereiro de 1982, Cummins endereçou uma carta ao cardeal Ratzinger, incluindo as informações exigidas e pedindo uma solução. Não houve resposta. Em 1984, uma segunda carta ficou sem resposta. Em 1985, Cummins cobrou de Ratzinger uma posição. Em 6 de novembro de 1985, Ratzinger respondeu:

“Este tribunal, embora considere os argumentos apresentados em favor do afastamento, neste caso, serem da maior importância, não obstante julga necessário considerar o bem da Igreja Universal, juntamente com o do requerente, e também é incapaz esclarecer o dano que a concessão da dispensa possa provocar à comunidade dos fiéis. (...) É necessário que esta Congregação submeta incidentes deste tipo à mais cuidadosa consideração, o que exige um longo período de tempo. Neste meio tempo, Vossa Excelência não pode deixar de fornecer ao requerente tanto cuidado paterno quanto possível, além de explicar ao mesmo as razões deste tribunal, que está acostumado a seguir mantendo o bem comum. (...) Joseph Cardeal Ratzinger” (vide, na página 17 deste documento, a carta original em latim, e aqui a sua tradução para o inglês)

A descoberta da carta desafia o Vaticano, que insiste afirmar que Bento XVI jamais exerceu papel algum no bloqueio da remoção de padres pedófilos quando chefiava a Congregação para a Doutrina da Fé.

Em 10 de abril, o dia seguinte à divulgação da carta de Ratzinger, o biólogo inglês Richard Dawkins, um ateu militante, e o jornalista Christopher Hitchens (colunista de ÉPOCA), anunciaram a contratação de advogados para processar o Papa por “crimes contra a humanidade”. Dawkins e Hitchens acreditam que podem explorar o mesmo princípio legal usado para prender o ex-ditador chileno Augusto Pinochet. Quando visitou a Inglaterra, em 1998, Pinochet foi impedido de deixar o país enquanto respondia a um processo por crimes cometidos na ditadura militar chilena, entre 1973 e 1990. Dawkins e Hitchens querem tentar prender Ratzinger em setembro, quando visitará a Inglaterra. Acreditam que o Papa não poderá alegar imunidade diplomática para escapar à prisão, pois não é o chefe de um Estado reconhecido pelas Nações Unidas.

O processo movido pelos dois ingleses é o menor dos desafios que Ratzinger enfrenta. Neste momento, na Europa e nos Estados Unidos, várias vozes começam a pedir sua renúncia, algo que não ocorre desde 1415, quando Gregório XII abriu mão do bispado romano.

O Príncipe da Igreja
O Papa é o líder espiritual da Igreja Católica, mas também é um líder político. É o chefe de Estado do Vaticano, uma Cidade-estado encravada no centro de Roma. Por isso, suas ações podem ser discutidas sob a ótica da política. É aí que entra Nicolau Maquiavel (1469-1527), o historiador, diplomata e filósofo florentino. O Príncipe é sua obra-prima. É um manual para governantes que reúne ensinamentos sobre como conquistar Estados, e conservá-los. Na Itália do século XVI, diz Maquiavel, todo o poder emanava do Príncipe e em seu nome era exercido (o substantivo “povo” só viria substituir o príncipe no fim do século XVIII). Para Maquiavel, aos olhos do povo o Príncipe deve sempre ser bom. Para todos os efeitos, ele só faz o bem. Todas as decisões impopulares tomadas pelo príncipe são executadas por seus capitães – e a eles são creditadas. Assim, se e quando algo dá errado, quem perde a cabeça são os capitães. O príncipe sempre sai ileso.

Após o vazamento da carta pela AP, Ratzinger parece ter começado a flexionar sua musculatura política. Num sermão na semana passada, conclamou os cristãos a se penitenciar pelos ataques feitos à Igreja. Sem se referir aos casos de abusos sexuais, Ratzinger disse: “Nós cristãos muitas vezes evitamos a palavra penitência, que nos parece muito dura. Agora sob os ataques do mundo que nos falam dos nossos pecados, vemos como é necessário fazer penitência, reconhecer aquilo que está errado em nossa vida.” Dias depois, já na ilha de Malta, Ratzinger se encontrou com jovens que foram vítima de abusos por padres. Prometeu-lhes que a Igreja faria tudo ao seu alcance para fazer justiça às vítimas e proteger os jovens no futuro.

E a justiça começou a ser feita. Em menos de 48 horas, Ratzinger aceitou a renúncia de três bispos, um irlandês que acobertou padres pedófilos, um alemão acusado de bater em crianças por décadas, e um belga que admitiu ter abusado de um menino por anos. Ao mesmo tempo, no Vaticano, cardeais saíram em defesa de Ratzinger, citando o seu papel decisivo no afastamento, em 1995, de Hans Groër, o cardeal de Viena, acusado de molestar meninos.

Seria Bento XVI um político maquiavélico? Esta pergunta só Ratzinger pode responder. Eu, pessoalmente, acho que não. Maquiavel é um homem do Renascimento, uma época marcada pelo início da separação entre a Igreja e o Estado. Já para Ratzinger, foi no Renascimento que o homem começou a se afastar de Deus. Não, Ratzinger não é maquiavélico. Maquiavel é moderno demais. O Papa alemão é um homem medieval. Apesar de liderar a Igreja no século XXI, sua visão de mundo é aquela da Idade Média, quando a Igreja e a fé ocupavam o lugar central da vida européia. A missão de Ratzinger é manter a coesão da Igreja, enquanto busca retornar àquele padrão perdido de pureza da fé. “Nos tempos modernos se teorizou a liberação do homem, também da obediência a Deus: o homem seria livre e autônomo e nada mais. Mas esta autonomia é uma mentira”.

Será interessante ver como este Papa intelectual, político hábil e nada carismático se sairá nas próximas semanas e meses. Três bispos já renunciaram. Terá sido o suficiente? Ou será que a solução da crise na Igreja passa pela renúncia de alguns cardeais?

sábado, 24 de abril de 2010

Maquiavel e o dia a dia

Regra geral os animais adotam práticas defensivas para se livrarem das agressões. Nicolau Maquiavel, o pensador político, sugere que se deve observar e aprender com eles e exemplifica com a relação entre leão, o lobo e a raposa.
Não é porque o leão tão forte e voraz subestima as armadilhas que lhes colocam que a raposa não deva se proteger dos lobos. Fazendo um paralelo, os homens de bem, que ajudam a construção dos resultados, que estimulam sobremaneira na sociedade uma consciência de que o todo é construído de pequenas partes, que a vantagem individual não edifica sociedade nenhuma, devem agir como a raposa para se proteger das armadilhas e como leão para afugentar os lobos.

Aos escritos de Maquiavel são reservadas interpretações diversas. Ele próprio se definia como alguém que escreveu sobre o mundo como ele era e não como desejaria que fosse. De maneira fria, objetiva e direta, como o povo é governado.

Sendo assim, Maquiavel deve ser lido de duas maneiras: como manual de instruções para chegar ao poder ou como uma análise comportamental – exata e sincera do exercício do poder pelos detentores do poder.

Os termos maquiavélico e maquiavelismo, contudo, entraram para a história como sinônimo de algo negativo. Alguém é maquiavélico quando cursa a vida com atitudes cheias de segundas intenções, procuram sempre passar os outros para trás, espalham boatos, histórias inverídicas, mentem, sempre na busca do proveito próprio. O maquiavelismo seria então a prática destas premissas, da traição, da dissimulação, da manipulação das verdades.

Por isto mesmo, até hoje, O Príncipe, principal livro de Maquiavel, e tido por muitos como um ensinamento competente e valioso de como extrair vantagens e tapear ou outros.

Sua frase mais famosa – mas distorcida também – a propósito de racionalidade das decisões, foi na verdade assumida séculos depois por Max, sob o título “racionalidade instrumental” ao considerar um atributo fundamental da economia empresarial moderna, os fins justificam os meios.

Ante estes comentários e leituras, uma decisão ou escolha é considerada racional quando a opção adotada para atingimento de determinados fins, levarem a realização do pretendido, independentemente de que esta atitude seja melhor ou pior, em termos éticos ou legais. Vale os resultados!

Para tanto, surge de permeio, majestosa e imponente, aquilo que chamamos consciência, baseada num cálculo de conseqüências, que não configure jamais abuso de poder, que será entendida e cuja explicação única, decisiva, corajosa e racional seja a obtenção por este meio para produzir os fins desejados.
No dia a dia, as empresas precisam de dirigentes lúcidos, conscientes e destemidos, que contrariem interesses e busquem sempre o resultado auspicioso para o conjunto social – seus acionistas, seus colaboradores, seus clientes e a sociedade onde esteja inserida.

Que tenham coragem moral suficiente para assumir atitudes conseqüentes e salvadoras, desde que proteja o negócio e todos os envolvidos no ambiente do negócio.

E façam jus, a um julgamento satisfatório, de que suas atitudes e ações, algumas vezes colidentes com o estabelecido, o politicamente correto, encontre guarida naquilo que Max chamou de “fundamento da economia empresarial moderna”, resultados, plenamente ajustado com Maquiavel “os fins justificam os meios”.

Até a lei, uma vez distanciada dos costumes e dos anseios da sociedade, torna-se uma má lei, cujo destino ante a inadequacidade, é a obsolescência e não aplicação.
O homem que rege uma grande orquestra fica de costas para o público, tal qual aquele que dirige uma grande organização. Seu objetivo maior é desempenhar seu mister da melhor maneira possível e encontrar a excelência. O aplauso é um subproduto.

Fonte:Portal Abelardo

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Duas estréias no Teatro do Kaos, em Cubatão

O projeto “Inclusão Social através da Arte” já dá os primeiros frutos no Teatro do Kaos. Prova disso são as estréias que acontecem a partir deste fim de semana. Os jovens que participam das Oficinas de Teatro apresentam o resultado do doce trabalho feito até então. As peças “Acitilop do Brasil” estréia dia 16/4 e será apresentada, também, nos dias 17 e 18 deste mês. Já “A mandrágora”, adaptação do texto de Maquiavel será encenada de 19 a 21/4. Todos os espetáculos têm entrada franca.
A peça “Acitilop dp Brasil” foi idealizada durante as aulas, nas quais os alunos vivenciaram sensações, emoções e novas técnicas e formas de se conceber o teatro. Os exercícios e improvisos geraram o estudo cênico que recebeu este nome. Na peça, o “aluno-ator” repensa sua ação cotidiana e suas responsabilidades, ampliando sua visão de mundo. A direção é de Fabiano di Mello.
Já “A Mandrágora” é uma releitura do texto escrito por Nicolau Maquiavel, escrita em 1503, sendo considerada um marco no teatro ocidental. Nela, Maquiavel constrói um texto onde a conquista amorosa, com as suas urgências e exaltações, serve como pretexto para desenvolver um tratado prático e saboroso sobre estratégia política, sobre a arte de envolver, manipular, convencer e, por fim, conquistar um objetivo. Muito do que é dito por Maquiavel é aplicado até hoje por pessoas de sucesso em todo o planeta. A direção e adaptação é de Lourimar Vieira, que também é o coordenador das Oficinas de Teatro.
O Projeto Inclusão Social através da Arte é gerenciado pelo Teatro do Kaos e patrocinado pela Petrobrás. O objetivo é levar formação, cidadania, arte e lazer para crianças, jovens e adultos através desse segmento artístico. Para a montagem dos espetáculos, todos os alunos trabalharam. Alguns atuando, outros na iluminação, adaptação de texto, montagem... mas todos têm sua colaboração indispensável.

Serviço
Peça “Acitilop do Brasil”
Dias 16, 17 e 18/4 às 20h
Peça “A Mandrágora”, adaptação do texto de Maquiavel
Dias 19, 20 e 21/4 às 20h


Local: Teatro do Kaos
Pça. Coronel Joaquim Montenegro, 54 – Largo do Sapo
Entrada gratuita
Acesse: www.teatrodokaos.org.br



Texto: Morgana Monteiro
Foto: Teatro do Kaos – divulgação

terça-feira, 6 de abril de 2010

A volta do duelo entre vermelhos e azuis

Um duelo da política já conhecido dos brasilienses: de um lado, o grupo dos azuis que se empenham pela candidatura do ex-governador e ex-senador Joaquim Roriz (PSC); do outro, não uma figura única, mas quem quer que seja o representante do Partido dos Trabalhadores simbolizado pelo vermelho da sigla. Para o cientista político Paulo Kramer, a crise que culminou no afastamento definitivo do governador José Roberto Arruda (sem partido) embaralhou as perspectivas do jogo político no Distrito Federal. Ele considera que partidos e candidatos, ou pré-candidatos, que aparentavam não ter chances na disputa eleitoral, ganharam novo fôlego. No entanto, os fatos novos ressuscitaram também velhos costumes como o da polarização entre Roriz e o PT. “Então eu acho que a disputa vai se decidir entre o Roriz e o candidato do PT, ressuscitando uma polarização muito conhecida nossa que existe praticamente desde quando Brasília se emancipou politicamente”, comenta.

O cientista político Leonardo Barreto acredita que o compasso ainda é de espera para se saber como será a campanha para as eleições do próximo mês de outubro. “Os parlamentares ainda não conseguem visualizar a quem se aliar e eu não tenho certeza, por exemplo, da candidatura de Joaquim Roriz”, avalia.

Barreto considera que o novo grupo composto por partidos como PDT, PMDB e PSB, entre outros, viu uma janela de oportunidade porque pelas análises feitas, o PT não se configura numa alternativa que salta aos olhos da população. “Todo esse escândalo não fez com que a campanha do PT decolasse. O (ex-ministro) Agnelo Queiroz e o PT não capitalizaram com todo esse escândalo e por outro lado eles analisam que a eleição de Roriz também não pode ser considerada favas contadas porque tem um conjunto de coisas contra ele (Roriz). Tem pessoas muito próximas a ele citadas no escândalo”, observa.

Barreto reforça ainda que as intenções de voto no Agnelo não explodiram e as pessoas que estão chateadas até agora com toda a situação de crise não sinalizaram que vão optar pela chapa de oposição, além do que não há certeza sequer se Roriz vai competir. “Ele lidera a preferência do eleitor brasiliense, mas eu acho que não chega até a campanha porque tem muita coisa conspirando contra. Têm adversários muito ressentidos que não vão medir palavras para se vingar”, destaca.

O cientista lembra ainda que o processo que denuncia a troca do número de atendimento da Caesb pelo número da chapa de Roriz ao Senado em 2006 está pronto para ser julgado e em caso de condenação, o ex-governador se tornará inelegível. Para complicar ainda mais a situação de Roriz, avalia Barreto, ainda tem o fato de o ex-governador estar num partido pequeno. “A gente não pode ignorar isso. Vai ter um tempo de televisão muito pequeno e aquela estrutura gigante que ele tinha para fazer campanha desapareceu”, comenta. Na análise de Barreto, por mais que Roriz seja campeão de votos, quando ele entra na disputa a sociedade se polariza. “A última eleição que ele venceu foi contra o Magela, mas o adversário chegou encostadinho nele. Na eleição de senador foi a mesma coisa. Agnelo chegou perto e se tivesse mais uns dias poderia ter virado o jogo”, ressalta.

Campanha passa por Lula

Na análise do cientista político e sociólogo Antônio Flávio Testa, é difícil que Roriz saia da disputa, ou pelo menos ele deverá ir até onde conseguir, pois tem muitos compromissos. Testa considera que a participação de Roriz nas eleições dependerá muito do posicionamento do presidente Lula. “Se Roriz fizer uma aliança pela campanha do Serra, é bem provável que ele vai ser igual ao Arruda. Talvez eu esteja exagerando, mas acho que ele sai de circulação porque muitas coisas poderão vir à tona”, destaca.

O cientista diz que Lula tem interesse em eleger Agnelo, por isso houve tanta pressão sobre o deputado federal Geraldo Magela (PT). O objetivo do presidente é fazer com o Agnelo um bom palanque para Dilma em Brasília. Já o Roriz tem muitos problemas, aponta Testa. Ele lembra que a deputada distrital Eurides Brito (PMDB) se comprometeu a fazer revelações na Comissão de Ética da Câmara e se ela cumprir o prometido poderá complicar a vida de Roriz.


Paulo Kramer acha que ainda é cedo para dizer se Roriz será ou não candidato ao GDF, pois o cientista considera que o ex-governador faz parte de uma velha escola de políticos mais cautelosos, mais “raposas” que colocam a opinião pública, ou parcela dela em dúvida, mas que se valem da falta de provas contra os questionamentos e críticas que lhes são feitos. “Políticos da geração do Roriz dificilmente seriam pegos numa fita, por exemplo. O que eu acho que diferenciou o caso Arruda dos outros, é que no caso Arruda aquilo ali foi visto, foi presenciado, as imagens são fortes demais porque falam por si mesmo”, observa Kramer. Ele aponta que é uma reação comum dos políticos dizerem que o que se tem contra eles é intriga da oposição ou má vontade da mídia. Arruda acabou não podendo se defender nesses termos porque as imagens eram fortes demais, conclui o cientista.


Antônio Flávio Testa destaca que o favoritismo atual do PT não advém do fato de que a população goste do Agnelo ou do PT, mas sim da falta de opção. Nomes que teriam chances na disputa como o do senador e ex-governador Cristovam Buarque (PDT) não demonstram interesse real de concorrer.
O que Testa considera que poderia ainda mudar um pouco o quadro seria os partidos que estão fragmentados, como PSDB e DEM, lançarem um nome forte que possa acirrar a disputa pelo GDF e levar a decisão para o segundo turno.


Testa considera que um nome como o do ex-secretário de Transportes e deputado federal Alberto Fraga (DEM), por exemplo, poderia aglutinar o apoio da turma do Arruda, do PSDB e outros. “Ele conseguiria chegar, quem sabe, a um segundo turno. Acirraria um pouco a disputa, dividiria, porque se o Roriz não puder se candidatar ele vai trazer muito apoio, será um eleitor forte, assim como Arruda vai ser também um eleitor muito forte”, comenta o cientista político. Testa reforça que se forem feitas pesquisas nas cidades-satélites poderá se perceber que Arruda e Roriz são os que mais têm votos. “O Arruda fez um bom governo, muito melhor que o Roriz, o problema é que foi desconstruído. O Arruda seria o vice-presidente da República na chapa do Serra tranquilamente, mas perdeu tudo. Então o impacto disso na política local é muito sério”, avalia.


Quanto ao PT, Testa considera que o partido está um pouco preservado e, embora Agnelo também tenha “telhado de vidro”, o que será percebido na época da campanha, as implicações de “seus deslizes” são menores e não irão atrapalhar sua candidatura, ainda mais porque esta conta com o apoio do presidente da República. “Eu acho muito difícil sair da mão do PT hoje, só se acontecer uma grande tragédia”, conclui Testa.

A falta de opções beneficia PT
A fragmentação dos adversários beneficiou o Partido dos Trabalhadores, acredita o cientista político e sociólogo Antônio Flávio Testa. Ele acredita que o PMDB deverá indicar o vice do Agnelo, que provavelmente será o presidente da sigla local Tadeu Filippelli. “Vão aparecer candidatos para marcar presença, mas eu não creio que vá mudar o jogo não. Parece que caiu de bandeja. Pode ser que mude daqui para as eleições, mas hoje está muito fácil para o PT eleger o Agnelo”, avalia Testa.
O cientista político Paulo Kramer lembra um pensamento do historiador e filósofo político italiano, Nicolau Maquiavel, no qual ele diz que a política se faz com virtude, ou seja, a competência do político, mas também com um pouco de sorte. Talvez seja essa segunda parte do pensamento que hoje favorece o PT.


Kramer não acredita, no entanto, que o PMDB de Brasília possa, neste momento, se aliar ao PT no âmbito local. Ele destaca que não faz parte da história do PMDB fechar questão na base, nos estados, e acabou a verticalização. “As alianças poderão ser feitas mais ao sabor da conjuntura política de cada estado ou unidade da Federação. Brasília não será o único lugar, nem e seu primeiro, onde haverá pelo menos duas candidaturas pró-Dilma. Então isso não vai ser problema não. O PMDB os líderes estão acostumados a esse pluralismo das bases”, avalia Kramer.


Para o estudioso, a probabilidade maior será do PMDB reatar com Roriz. “Se a candidatura do ex-governador se mantiver viável até o meio do ano, eu acho que não vai ser o Roriz que vai voltar para o PMDB, vai ser o PMDB que vai voltar para o Roriz”, diz Kramer. Ele comenta que Roriz ficou órfão da cobertura partidária, mas antes sempre teve apoio do PMDB, o que só foi rompido quando o governador Arruda atraiu o partido e seu principal líder, Tadeu Filippelli. Kramer avalia que isso deixou Roriz “na chuva” porque como consequência, o ex-governador teria que contar apenas com um reduzido tempo no programa eleitoral gratuito no segundo semestre, visto que seu partido atual, o PSC, é muito pequeno. “Ele (Roriz) não é bom de televisão, ele é bom em palanque, onde se solta mais, mas de qualquer maneira o tempo de televisão na propaganda eleitoral é muito importante e como o PMDB está órfão porque foi atraído para o Arrudismo e o Arrudismo implodiu, acabou, é possível que a sigla retorne a apoiar Roriz”, analisa.


Antônio Flávio Testa destaca que o PMDB e o PT têm uma aliança nacional que de alguma forma vai influenciar as alianças regionais e poderá exigir a composição nos estados. Ele cita como exemplo da determinação do partido, o PT cogitar abrir mão da cabeça de chapa em Minas Gerais para colocar o ministro das Comunicações, Hélio Costa, como candidato. “O que interessa para o PT é a eleição da presidente da República. Aqui em Brasília vai ser muito difícil o PMDB lançar uma chapa sozinho. Ele (PMDB) pode tentar trazer o Roriz, mas não vai porque o Roriz brigou com o Filippelli”, comenta Testa. No entanto, o estudioso destaca que o Arruda não tem mais condições de fazer uma boa aliança, em que o Filippelli seria o grande aliado, por isso agora seria muito mais viável para o PMDB de Brasília se juntar ao PT.


Testa reafirma que o grande projeto e mais importante para o PT hoje é eleger presidente a ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Já tem uma ordem, uma diretriz que foi aprovada na convenção nacional do PT dizendo que o diretório nacional do PT pode intervir em qualquer diretório regional que desobedecer a estratégia de eleger a Dilma, ou seja, os estados têm que entrar em acordo e trabalhar para a Dilma. É a decisão”, conta o pesquisador. Portanto, o PMDB de Brasília terá que fazer uma composição que tenha como base o apoio ao palanque nacional.

Fonte:Jornaldacomunidade

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Reveladas: As cartas de Obama ao povo americano

Nas suas prescrições aos "príncipes" do século XVI, o florentino Nicolau Maquiavel não hesitava em recomendar: a um estadista, é mais útil ser temido do que amado. As lições de um dos grandes mestres da filosofia política ficaram até hoje. Mas, quatrocentos anos depois, a Casa Branca acredita firmemente no princípio oposto. A brigada de conselheiros de Barack Obama quer que o presidente, mais do que admirado, seja amado.

A histórica reforma da saúde fez com que Obama ganhasse um lugar na história. A verdade é que o presidente, apesar de ter uma imagem cool, ainda é uma figura bastante longínqua do mais comum dos americanos. Aos olhos dos eleitores, o presidente tem menos do homem que até começou a vida como organizador comunitário em Chicago, e mais do elitista aluno de Harvard: calculista, frio e racional.

É essa percepção que os seus spin doctors querem mudar. Nos últimos dias, os americanos ficaram a conhecer uma outra faceta do seu presidente. Obama, sabe-se agora, desde o segundo dia que não dispensa passar vários serões a responder à correspondência que lhe é enviada para a Casa Branca pelos americanos. E-mails, faxes, cartas, ao todo são mais de 20 mil mensagens todos os dias. Como o próprio presidente admitiu num discurso recente, cerca de metade chamam-lhe idiota.

Todos os dias, depois das oito da noite, o presidente sobe as escadas até ao primeiro andar da Casa Branca. É aí que de começa as leituras nocturnas. À sua espera tem uma pasta púrpura onde estão rascunhos dos discursos presidenciais, recomendações e estratégias políticas. E, entre o mais significativo material de leitura, uma colectânea de dez mensagens enviadas pelos seus concidadãos. Algumas, conta o "Washington Post", Obama lê imediatamente em voz alta à mulher Michelle. Outras, reencaminha-as para o seu staff. Todas as semanas, entre cinco a 15 americanos recebem na caixa de correio cartões com o selo da Casa Branca. Lá dentro, uma mensagem com não mais de três frases "inspiradoras" escritas pela mão - e pela caneta Cross Townsend Selectip Rolling Ball, tinta preta - do seu presidente.

Jennifer Cline, 27 anos, mãe de dois filhos e grávida de um terceiro, não tem por hábito escrever. Mas uma vida de infortúnio nos últimos tempos levou-a a dirigir-se directamente ao presidente. "Senhor Obama, vou começar por lhe contar a minha vida nos últimos dois anos", escreveu Jennifer. Em três folhas, Cline falou sobre o cardápio de desgraças que se abateram sobre a sua vida durante a mais grave crise económica americana dos últimos oitenta anos: perdeu o emprego, perdeu a casa e, ainda por cima, descobriu que tinha um cancro de pele. Mas nem tudo eram más notícias porque, de acordo com os médicos, o cancro era tratável, o seu namorado acabava de conseguir emprego e iam casar. "Em pouco tempo, espero que possamos estar em grande forma."

Jennifer nunca mais se lembrou da carta. Até ao dia em que um cartão com o selo da Casa Branca chegou à sua caixa de correio. A primeira ideia que lhe passou pela cabeça foi: "Meti-me em sarilhos". Nada disso.

"Jennifer", começava a resposta, "Obrigado pela sua mensagem cordial e inspiradora. Sei que os tempos são difíceis, mas saber que há pessoas como você e o seu marido, dão-me a confiança de que as coisas vão continuar a melhorar. Barack Obama."

A maioria das cartas, como a de Jennifer, abordam os problemas comuns do povo americano como a falta de recursos para pagar cuidados de saúde ou a perda de emprego. Obama não perde a oportunidade de responder a todos os que, mesmo em maiores dificuldades, mantêm o optimismo. Depois, há as das crianças - que pedem ajuda ao presidente para os trabalhos de casa e que na resposta recebem um postal com a foto de Bo, o cachorro presidencial - ; os que ameaçam o primeiro presidente negro da história, e os críticos, a quem Obama adora responder com uma frase simples: "Para a próxima vou tentar fazer melhor."

Mais do que manter o presidente sintonizado com os eleitores, a correspondência seleccionada e ordenada em pilhas temáticas é um barómetro perfeito do estado da nação. E que transporta Obama "para lá da bolha presidencial." Antes de chegarem às mãos do presidente, as cartas são passadas a pente fino por scanners à procura de uma qualquer ameaça e seguem depois para uma equipa de 1500 pessoas que as ordenam.

Obama não é o primeiro presidente americano a manter contacto directo com os eleitores. Ronald Reagan também era adepto da correspondência com toque pessoal e até chegava a enviar cheques pelo correio. Só que era tudo mantido em segredo.

No fim de contas, como explica o professor de Ciência Política da Universidade de Georgetown, Richard Benedetto, pode ser tudo uma questão de (boa) publicidade: "Não tenho ideia de nenhuma administração que seja tão boa a publicitar-se como esta."

Fonte:ionline