Há algo absolutamente novo na interpretação de Maquiavel e que representa uma verdadeira ruptura, já que, para a tradição, a estabilidade e a paz eram consideradas padrões para avaliar as boas formas de governo.
Ao considerar as forças opostas da aristocracia e do povo, Maquiavel não espera que os conflitos possam desaparecer, mas sim que a relação entre as forças antagônicas seja sempre de equilíbrio tenso.
A posição de Maquiavel foi duramente criticada. Diz o cientista político inglês Quentin Skinner: "Esse elogio à discórdia horrorizou os contemporâneos de Maquiavel. Guicciardini falava por todos eles ao replicar, em suas Considerações sobre os Comentários, que 'elogiar a desunião é como louvar a doença de um enfermo pelas virtudes do remédio a ele aplicado'.
O argumento de Maquiavel ia contra toda a tradição do pensamento republicano de Florença, uma tradição em que a crença de que toda discórdia deve ser banida como sediciosa, ao lado da crença de que toda luta de facção constitui a mais mortal das ameaças à liberdade cívica, havia sido enfatizada desde o fim do século XIII, quando Remigio, Latini, Compagni e sobretudo Dante haviam feito veementes denúncias contra seus concidadãos, aos quais acusavam de colocar em perigo suas liberdades, recusando-se a viver em paz. Assim, insistir no assombroso julgamento segundo o qual - como expressa Maquiavel as desordens de Roma merecem os mais altos elogios era repudiar uma das mais caras idéias do humanismo florentino". A característica inovadora da proposta maquiaveliana está no reconhecimento de que a política se faz a partir da conciliação de interesses divergentes, e o conflito é inerente à atividade social humana, o que supõe a moderna concepção de ordem, não mais hierárquica, mas que resulta do confronto. Para Maquiavel, as divergências entre aristocratas e povo em Roma, longe de provocar a decomposição da república, a fortaleceram. É importante haver mecanismos no Estado por meio dos quais o povo possa expressar seus desejos e realizar seus anseios. Do mesmo modo, devem existir formas de controlar os excessos.
Segundo Norberto Bobbio, pensador italiano contemporâneo, "Maquiavel faz uma afirmativa destinada a ser considerada como uma antecipação da noção moderna de sociedade civil, segundo a qual a condição de saúde dos Estados não reside na harmonia forçada, mas sim na luta, no conflito, no antagonismo (mais tarde, dir-se-á: no processo histórico) - que correspondem à primeira proteção da liberdade".
Ao considerar as forças opostas da aristocracia e do povo, Maquiavel não espera que os conflitos possam desaparecer, mas sim que a relação entre as forças antagônicas seja sempre de equilíbrio tenso.
A posição de Maquiavel foi duramente criticada. Diz o cientista político inglês Quentin Skinner: "Esse elogio à discórdia horrorizou os contemporâneos de Maquiavel. Guicciardini falava por todos eles ao replicar, em suas Considerações sobre os Comentários, que 'elogiar a desunião é como louvar a doença de um enfermo pelas virtudes do remédio a ele aplicado'.
O argumento de Maquiavel ia contra toda a tradição do pensamento republicano de Florença, uma tradição em que a crença de que toda discórdia deve ser banida como sediciosa, ao lado da crença de que toda luta de facção constitui a mais mortal das ameaças à liberdade cívica, havia sido enfatizada desde o fim do século XIII, quando Remigio, Latini, Compagni e sobretudo Dante haviam feito veementes denúncias contra seus concidadãos, aos quais acusavam de colocar em perigo suas liberdades, recusando-se a viver em paz. Assim, insistir no assombroso julgamento segundo o qual - como expressa Maquiavel as desordens de Roma merecem os mais altos elogios era repudiar uma das mais caras idéias do humanismo florentino". A característica inovadora da proposta maquiaveliana está no reconhecimento de que a política se faz a partir da conciliação de interesses divergentes, e o conflito é inerente à atividade social humana, o que supõe a moderna concepção de ordem, não mais hierárquica, mas que resulta do confronto. Para Maquiavel, as divergências entre aristocratas e povo em Roma, longe de provocar a decomposição da república, a fortaleceram. É importante haver mecanismos no Estado por meio dos quais o povo possa expressar seus desejos e realizar seus anseios. Do mesmo modo, devem existir formas de controlar os excessos.
Segundo Norberto Bobbio, pensador italiano contemporâneo, "Maquiavel faz uma afirmativa destinada a ser considerada como uma antecipação da noção moderna de sociedade civil, segundo a qual a condição de saúde dos Estados não reside na harmonia forçada, mas sim na luta, no conflito, no antagonismo (mais tarde, dir-se-á: no processo histórico) - que correspondem à primeira proteção da liberdade".
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